quinta-feira, 31 de dezembro de 2009

Dúvidas e Resposta sobre PARTO!!!

A revista Crescer, publicou na edição de Dezembro de 2009 uma reportagem com perguntas e respostas sobre o parto. Confesso que achei uma evoluçãozinha nas resposta e na visão sobre o parto!!! Para as gestantes do momento, acho que é mais um artigo que vale a pena uma leitura!!

"15 respostas - para o que toda grávida sempre quis saber - sobre o parto

Você tem medo da dor ou quer saber qual a anestesia ideal? Veja as dúvidas mais comuns das gestantes e procure relaxar



Shutterstock

Depois das novidades da gravidez - como os desconfortos, os ultrassons, as emoções -, é comum, principalmente se você estiver no terceiro trimestre, que a sua preocupação seja com o parto. Saiba que esse sentimento é normal, mas procure relaxar. Há muitos mitos em torno do assunto - como a dor, a anestesia ideal -, e tenha certeza: o parto é mais tranquilo do que se imagina. Foi pensando em deixar você mais calma que respondemos às principais dúvidas das grávidas a respeito do nascimento do bebê. Lembre-se ainda de que conversar com o seu médico é fundamental. Não tenha vergonha de perguntar.


1 - Quais são os sinais de que o parto está próximo?
Para 60% das mulheres, o sinal de largada são as cólicas, que começam na parte final da coluna - ou na bexiga - e são acompanhadas pelo endurecimento do útero. Você também pode perceber que chegou a hora se houver vazamento de líquido amniótico pela vagina depois que a bolsa estourar, se tiver um pequeno sangramento ou, ainda, se eliminar o tampão mucoso que protege a entrada do útero. Em menos de 2% dos casos, a mulher não apresenta nenhum indício de que o bebê está chegando.


2 - Quais são as fases do trabalho de parto?
A primeira etapa começa quando as contrações ficam ritmadas, de dez em dez minutos, e seu útero chega à dilatação completa, de dez centímetros. A segunda fase é a de expulsão do bebê, quando você fará força. A última é chamada de dequitação e acontece quando a placenta sai pelo canal do parto, normalmente dez minutos após a saída do bebê.


3 - Quanto tempo pode durar um trabalho de parto?
Os médicos consideram que a gestante entrou em trabalho de parto quando tem mais de três centímetros de dilatação no útero. Desse momento em diante, um parto demora de oito a 18 horas.


4 - Como são as contrações?
Você vai sentir que a barriga fica bem dura e também uma dor semelhante à das cólicas menstruais, nas costas, na altura do sacro, vindo em direção ao abdômen. Essa dor começa fraca, intensifica-se no pico da contração e depois some, como uma onda. Conforme o trabalho de parto avança, as contrações ficam mais frequentes, fortes e demoradas. No intervalo entre elas, você não vai sentir nada. É importante saber que, a cada contração que passa, é sinal de que logo você estará com seu filho no colo!


5 - É possível deixar esse momento antes do parto mais confortável?
Técnicas de relaxamento e respiração e massagens circulares nas costas ajudam muito durante o trabalho de parto. Caminhar contribui para diminuir a dor das contrações e controlar a ansiedade. Procure uma posição que seja mais confortável para você, sentada ou em pé. Outra opção para alívio das dores é ficar em imersão numa banheira de água quente. Procure respirar de maneira profunda e lenta, inspirando pelo nariz e expirando pela boca, isso melhora o oxigênio que vai para o bebê.


6 - Quando devo ir para a maternidade?
Quando você começar a sentir contrações regulares, com intervalos diminuindo e a intensidade aumentando. Uma dica é se deitar um pouco depois de um banho quente. Se as contrações diminuírem ou pararem, ainda não deve ter chegado a hora.


7 - Vou precisar raspar os pelos pubianos?
Antigamente, os médicos faziam a tricotomia (raspagem total) por achar que facilitava a higiene. Mas a prática caiu em desuso, pois as fissuras provocadas pela depilação aumentam as chances de infecção. O ideal é manter os pelos aparados ou curtos.


8 - O que é melhor: parto normal ou cesárea?
Tanto para a mãe quanto para o bebê, o parto normal é mais saudável e menos arriscado. A recuperação da mulher costuma ser mais fácil. Já a cesárea, como qualquer cirurgia, implica riscos. Se houver erro no cálculo da idade gestacional, o bebê pode nascer prematuro. É indicada quando não é possível realizar o parto normal ou quando a segurança de mãe e filho está em risco.


9 - Quais são as opções de anestesias para o parto?
Há três técnicas, e a indicação de cada uma delas depende de fatores, como o quadro clínico, a tolerância da paciente à dor e o estágio em que está o trabalho de parto. A anestesia peridural, mais fraca em relação aos outros métodos, permite a renovação da dose e não tira a sensibilidade da mulher aos movimentos. Na raquidiana, anestesia de efeito mais rápido e mais potente, a aplicação é única. A terceira opção é o duplo bloqueio, que combina as anteriores e é indicada para quem tem muita sensibilidade à dor e ainda está no início do trabalho de parto. No parto normal, pode ser utilizada qualquer uma das técnicas. Na cesariana, a participação da mulher não é importante, por isso, normalmente, os médicos usam a raquidiana.


10 - Vou sentir dor no parto?
A anestesia acaba com a dor. No parto normal, em geral, os médicos esperam que a gestante esteja com 5 centímetros de dilatação para aplicar o analgésico. Isso porque as contrações representam um estímulo importante para o bebê. Os médicos, no entanto, admitem que quem deve indicar o momento da anestesia é a grávida porque o limite da dor é diferente de uma mulher para outra. É preciso ficar atenta para não se deixar influenciar por cenas de sofrimento no parto divulgadas em filmes, novelas. A realidade não é essa.


11 - Quando é feita a indução do parto?
Quando o colo do útero não dilata o suficiente para a passagem do bebê ou demora demais e por algum motivo o parto precisa ser acelerado, o médico induz o útero a contrair, usando um hormônio chamado ocitocina, que é sintetizado em laboratório. Você o receberá injetado, por meio de um cateter no braço.


12 - Quais são as melhores posições para ter parto normal?
O ideal é que você esteja confortável. Na hora da expulsão do bebê, você pode ficar apoiada sobre o lado esquerdo, com uma perna estendida e outra flexionada, recostada na cama, de cócoras ou agachada na água. A posição tradicional, deitada com as pernas em perneiras, facilita o acesso do médico ao bebê, mas exige mais esforço na hora da expulsr ão, já que a gravidade não ajuda. Também tem outra desvantagem: você não vê o bebê nascendo. Converse com o seu médico antes sobre isso.


13 - Vou ter que fazer episiotomia?
Esse corte no períneo (a musculatura entre a vagina e o ânus) é feito para facilitar a saída do bebê no parto normal e evitar o rompimento dos tecidos nessa região. Ele acontece quando a gestante já recebeu a anestesia para o parto. Se não houve analgesia, você pode pedir um anestésico local. Alguns médicos nem a realiza mais, e nem sempre a mulher precisa fazer a episiotomia. Converse com o seu obstetra sobre esses detalhes antes do parto.


14 - Onde é feito o corte da cesárea?
A incisão é feita bem pertinho da região dos pelos pubianos e tem, em média, 10 centímetros. Os pontos serão retirados duas semanas depois do parto. A cicatriz tende a sumir com o tempo.


15 - Posso amamentar o meu filho logo após o nascimento?
Tudo vai depender das suas condições de saúde e as do seu bebê. Se ambos estiverem bem, sim. A mamada na primeira hora favorece a capacidade de a mãe prosseguir com a amamentação com sucesso. Além disso, ela faz com que o bebê fique menos estressado e tenha a frequência cardíaca mais equilibrada. Além de todos os benefícios da amamentação, sugar o peito estimula a liberação de ocitocina na mãe, que incentiva contrações uterinas, expulsando a placenta."

quinta-feira, 8 de outubro de 2009

Do Bom e do Melhor

Leila Ferreira é uma jornalista mineira com mestrado em Letras e doutorado em Comunicação que, apesar de doutorada em Londres, optou por viver uma vidinha mais simples em Belo Horizonte. E ela escreveu um bélissimo texto "DO BOM E DO MELHOR", isto me fez parar para pensar na nossa questão do Parto. Sempre convivêmos com o parto natural, domiciliar e de repente optamos pela cesárea. Seria esta a MELHOR opção sempre? Seria esta a melhor opção para nossos filhos nascerem? Acredito piamente que não. Então sugiro mais esta reflexão...

"Estamos obcecados com "o melhor". Não sei quando foi que começou essa mania, mas hoje só queremos saber do "melhor". Tem que ser o melhor computador, o melhor carro, o melhor emprego, a melhor dieta, a melhor operadora de celular, o melhor tênis, o melhor vinho. O bom, não basta.
O ideal é ter o top de linha, aquele que deixa os outros pra trás e que nos distingue, nos faz sentir importantes, porque, afinal, estamos com "o melhor". Isso até que outro "melhor" apareça - e é uma questão de dias ou de horas até isso acontecer. Novas marcas surgem a todo instante. Novas possibilidades também. E o que era melhor, de repente, nos parece superado, modesto, aquém do que podemos ter. O que acontece, quando só queremos o melhor, é que passamos a viver inquietos, numa espécie de insatisfação permanente, num eterno desassossego.
Não desfrutamos do que temos ou conquistamos, porque estamos de olho no que falta conquistar ou ter. Cada comercial na TV nos convence de que merecemos ter mais do que temos. Cada artigo que lemos nos faz imaginar que os outros (ah, os outros...) estão vivendo melhor, comprando melhor, amando melhor, ganhando melhores salários. Aí a gente não relaxa, porque tem que correr atrás, de preferência com o melhor tênis.
Não que a gente deva se acomodar ou se contentar sempre com menos. Mas o menos, às vezes, é mais do que suficiente. Se não dirijo a 140, preciso realmente de um carro com tanta potência? Se gosto do que faço no meu trabalho, tenho que subir na empresa e assumir o cargo de chefia que vai me matar de estresse porque é o melhor cargo da empresa? E aquela TV de não sei quantas polegadas que acabou com o espaço do meu quarto? O restaurante onde sinto saudades da comida de casa e vou porque tem o "melhor chef"? Aquele xampu que usei durante anos tem que ser aposentado porque agora existe um melhor e dez vezes mais caro? O cabeleireiro do meu bairro tem mesmo que ser trocado pelo "melhor cabeleireiro" ? Tenho pensado no quanto essa busca permanente do melhor tem nos deixado ansiosos e nos impedido de desfrutar o "bom" que já temos.
A casa que é pequena, mas nos acolhe. O emprego que não paga tão bem, mas nos enche de alegria. A TV que está velha, mas nunca deu defeito. O homem que tem defeitos (como nós), mas nos faz mais felizes do que os homens "perfeitos". As férias que não vão ser na Europa, porque o dinheiro não deu, mas vai me dar a chance de estar perto de quem amo. O rosto que já não é jovem, mas carrega as marcas das histórias que me constituem. O corpo que já não é mais jovem, mas está vivo e sente prazer. Será que a gente precisa mesmo de mais do que isso? Ou será que isso já é o melhor e na busca do "melhor" a gente nem percebeu?"

quarta-feira, 7 de outubro de 2009

Encontro de Gestantes!

Hoje, quarta-feira (07/10) teremos mais um encontro de gestantes na Lilamoara (antigo Núcleo de Yoga) - Rua Domingos Fernandes, 65 Trujillo. Começaremos as 19hs30min.
Espero você lá!!!

sexta-feira, 2 de outubro de 2009

Exposição de Fotos - Parto com Prazer

O fotógrafo Marcelo Min vem fotografando, nos últimos anos, vários partos "conscientes", partos que podem ser mais ou menos dolorosos, caseiros ou hospitalares, com médicos ou com parteiras, mas que, sobretudo, são conduzidos por mães que sabem o que e porque querem.
Hoje será a abertura de uma exposição na Unicamp, com fotos de vários partos que o Marcelo acompanhou. As fotos são lindas e emocionantes (um dos partos da exposição eu acompanhei e quase apareço em uma foto).
Veja o relato abaixo e o link para as fotos da exposição (que estará aberta ao público de 02 a 30 de outubro). O texto é da jornalista Luciana Benatti.

Se no parto há um desafio, é fazer com ele nos pertença. Que o primeiro instante da vida dos nossos filhos tenha a marca de nossa singularidade. Que eles não sejam arrancados de nós pela lógica do quanto mais rápido e indolor, melhor. Não somos um um colo que dilata, uma bolsa que rompe, um útero em contração. Somos essa vida que gerou outra vida. Cuja única possibilidade de imortalidade é dar à luz um novo ser.

Como a vida, o parto é caos, é dissonância. O que nos faz extraordinárias é justamente o fato de termos um ritmo próprio, que varia imensamente de mulher para mulher. Mas ao construir um parto aprisionado em protocolos médicos, que nega o nosso protagonismo, perdemos aquilo que nos humaniza. Se permitimos que nos roubem nossa consciência de que somos capazes de parir, nos deixamos reduzir a um corpo defeituoso, que se contorce em dores e é incapaz de se abrir para dar passagem aos nossos filhos. Abdicamos da marca humana. E assim, morremos enquanto mulheres.

Andréia, Denise, Erika, Eva, Ilka, Isadora, Josy e Vanessa, que souberam viver de forma prazerosa e singular a experiência de parir, não são diferentes de mim, nem de você. Cada uma a seu modo, em casa, no hospital ou na casa de parto, trilharam aquele que deveria ser um caminho disponível a todas as mulheres. Em sua busca, informaram-se e procurarm apoio em profissionais que acreditavam que elas seriam capazes. Por isso, mantiveram-se inteiras, com a consciência da vida vivida, num corpo que se preparava para a chegada de um filho. Pariram intensamente.

Marcelo Min, o autor destas fotos, descobriu no nascimento de seu filho Arthur, no final de 2007, que nem só de momentos árduos se faz um parto. A dor é um elemento sempre presente, constatou, mas não o único. Nem o mais importante. Confiança e medo, alegria e mau humor, energia e cansaço se alternam, se fundem e transbordam numa experiência emocionante e para sempre lembrada como prazerosa. É livre a mulher que contempla a travessia do parto não atenta a suas dores, mas apaziguada pela certeza de viver um momento único.

Cada um destes retratos é uma janela para o renascimento de alguém como mãe. Para a grandeza de maridos que as apoiaram e estiveram ao seu lado nessa busca. Para a generosidade do profissional que aprendeu a aceitar seus limites, respeitar a natureza do corpo feminino e intervir apenas quando necessário.

Estas imagens ganharão um sentido para cada um. A mim, elas mostraram como é possível unir duas palavras que a sociedade moderna teima em querer separar: parto e prazer.

Para ver todas as fotos que fazem parte da exposição Parto com Prazer, clique aqui.


sexta-feira, 25 de setembro de 2009

Programa Papo de Mãe!

Ontem teve a estréia de um programa na Rede TV chamado de PAPO DE MÃE!!! O tema discutido por diversas pessoas foi PARTO!

Para que perdeu este programa será reprisado no seguintes dias: domingo (13h30), na segunda (12h30) e na terça (17h30).

Tem também o Blog: http://www.papodemae.com.br/ Divirtam-se e vejam um trechinho sobre o programa que retirei do blog comentado acima:

"Com as mães convidadas e especialistas conversamos sobre parto normal, parto natural, cesariana. Parto em casa, em hospital público, em hospital particular. Uma das convidadas é a Liana que tem 6 filhos (ela teve parto normal e cesárea). Outra é a Marta, que está grávida e cheia de dúvidas. Tem ainda a Cristiane que tem cinco filhos (o parto do mais novo, de um ano, foi feito por um policial militar porque não deu tempo de chegar ao hospital – vamos mostrar imagens emocionantes) e tem a Renata que decidiu ter o segundo filho em casa dentro de uma banheira inflável. Há depoimentos de ginecologistas, obstetras, doulas (quem não sabe o que é vai descobrir no programa), nutricionistas e de policiais que já fizeram partos. Os filhos de quem trabalha no papo de mãe e também os dos convidados participam do programa. Um programa interessante pra quem pensa em ter filhos, pra quem está esperando a chegada de um bebê e também pra quem já passou por isso. Para as mães, os pais, os avós, tios e curiosos....Embora o papo seja de mãe todos da família participam!!!! Os homens também !!!" (Mariana e Roberta)

Parto com Prazer

Pessoal,


Terá um evento com o tema da redescoberta do parto com prazer em Campinas na próxima sexta-feira. A equipe que estará trabalhando o tema é de altíssimo potencial. Vale a pena conferir!


Segue detalhes:

quarta-feira, 16 de setembro de 2009

Inveja do que, cara pálida?

Célia Musilli tem jeito descontraído e leve de escrever. Vejam só esta crônica e o valor dado para o corpo feminino.

Segue uma crônica escrita por Célia Musilli
*O complexo de castração sob uma ótica leiga, desencanada e feminina*

Dia destes me encontrei com um divã e não foi numa sessão de análise. Encontrei-o por acaso na sala de uma amiga, cujo pai foi psicanalista e deixou de herança um divã azul e estiloso. Primeiro me reclinei sobre ele como uma personagem dos festins de Roma, a quem só faltava o cacho de uvas. E pensei que o divã deve ter cativado os romanos possivelmente por influência da Grécia, em territórios e épocas dedicados por excelência ao ócio, ao prazer e ao devaneio.

Bem mais tarde a peça de mobiliário ganharia outra função, quando Freud o elegeu o "encosto" ideal para múltiplas viagens ao inconsciente. Não era nada bobo o Dr. Freud. Porque era preciso deixar as pessoas à vontade em qualquer tentativa de descobrirem a si mesmas. E não seria num consultório frio, numa cadeira desconfortável e com olhos quase inquisidores pousados sobre nossas queixas que, enfim, nos descobriríamos. Então, o divã entrou no consultório e o de Freud era lindo, como se vê em fotos que mostram aquele móvel recoberto por mantas e almofadas, com aconchego de ninho, onde o inconsciente se abre sob a senha do conforto máximo, acolchoado e macio.

Naquele divã, saindo de Roma com a mente voltada para o início do século 20, fui tomada por certezas e dúvidas sobre as teorias de Freud. Não, não conheço bem suas teorias. Embora toda cultura contemporânea tenha absorvido conceitos que pontuam conversas corriqueiras com expressões como histeria, complexo de castração ou comportamento edipidiano. O velho Freud paira sobre nossas cabeças, ainda que não sejamos versados em Psicanálise e, assim, o divã me trouxe alguns insights como se antigas vozes voltassem aos meus ouvidos enquanto eu me deitava simplesmente para identificar naquele móvel as pegadas de outros inconscientes, nas trilhas do desejo e da repressão.

Comecei a pensar de onde Freud teria tirado a ideia de que as mulheres têm inveja do pênis, o que redundaria no inevitável complexo de castração. Ponderei que na época de Freud ser homem era muito melhor do que ser mulher. Porque ser mulher, naquele tempo, significava comportar-se como um ser reprimido, estressado, apartado de sua sexualidade, num período em que as fêmeas nem sequer abriam direito as pernas, a não ser na hora do parto. E o parto, embora cercado da idealização d o "padecimento do paraíso", decerto era um momento traumático para as mulheres que pouco conheciam seu próprio corpo, dando à luz, muitas vezes, quando ainda eram quase meninas.

Antigos paradigmas foram desmontados lentamente ao longo do século 20. A partir dos anos 60 fala-se da "libertação da mulher", expressão hoje tão desgastada quanto o seu sentido. Mas o fato é que a "superioridade masculina", a despeito de todas as revoluções, foi consagrada a partir do atributo do pênis – acatado pelo próprio Freud - como uma ideia que atravessou gerações, chegando ao nosso tempo ainda como uma sagração que confere força, poder e competitividade aos homens. Enquanto os meninos exibem seus pênis urinado em jatos de longo alcance, as meninas se agacham timidamente, disfarçando sua condição biológica. Meninos fazem xixi estimulados por um ato de liberdade e brincadeira. Meninas se espremem discretamente e ainda têm que aprender a secar-se com papel higiênico de trás para a frente, num ritual que exige sempre um esforço maior do que o prazer.

O que me ocorre, é que em tempos obscuros, Freud também não se abriu para uma inversão de seu raciocínio, considerando que os homens também poderiam sentir inveja do misterioso aparelho sexual feminino, internalizado como uma rosa que não se abria. A censura cultural não lhe permitiu esta ousadia ou mera inversão de valores, a partir de um outro olhar. Mas todo o potencial feminino estava lá, a ser descoberto em dobras e pétalas de fazer inveja, conduzindo a um labirinto que acaba no útero, uma das mais fantásticas criações da natureza, onde o mistério do desejo, da cópula e da fecundação toma forma. E tudo isto seria muito mais prazeroso se as mulheres não tivessem atravessado séculos de castração não pela falta de um pênis, mas pela falta de conhecimento do seu próprio corpo.

Que bem nos teria feito o Dr. Freud se em vez de nos acossar com a idéia de "invejar o pênis", tivesse nos alertado mais firmemente para a presença de um botãozinho mágico entre as nossas pernas que, uma vez acionado, pode nos levar ao verdadeiro paraíso sem pade cimentos. É inegável a contribuição de Freud para a descoberta e valorização da sexualidade feminina, mas falar em "inveja" nos deixou ainda em situação de tal inferioridade que atrasou descobertas libertárias que nos encheriam de orgulho e auto-estima.

De certo o doutor levou em conta o tamanho do pênis, possivelmente ereto, em detrimento do nosso diminuto clitóris sem nos alertar que aquele atributo mínimo era tão poderoso quanto a instrumento fálico do maior macho do mundo. Mas tamanho não é documento, Dr. Freud, nem certifica a inveja.

O homem é ostensivo por natureza e, da minha parte, admiro aquele enfeite que eles têm entre as pernas, algo assim como o colar de um guerreiro, um penduricalho vistoso que fica ainda belo quanto majestosamente ereto a nos prestar rever ências sempre bem vindas. Por outro lado, é prazeroso demais sermos donas de uma jóia tão internalizada, um broche em formato de pétalas que ainda conta com um botãozinho mágico, um chip oculto a detonar megabytes de prazer do qual ficamos apartadas durante séculos por desconhecimento ou vergonha da própria anatomia, num mundo tomado pelo conhecimento desenvolvido por homens que, embora francamente bem-intencionados, ainda nos tacharam de... invejosas.

E antes que confundam minha fala, vou logo alertando: Não sou feminista. Mas sinto um tal prazer e orgulho da feminilidade que não posso acatar o complexo de castração sem questionar firmemente depois de um século: "Afinal, inveja do que, cara pálida?"

quinta-feira, 10 de setembro de 2009

Vídeo Bacana!

Recebi um e-mail que indicava um vídeo super bacana. Eu assisti e realmente é lindo. Este vídeo foi filmado em Campina Grande, projeto de uma parteira Melania na maternidade ISEA. Um parto hospitalar de cócoras tranquilo e saudável. O link de acesso é:

http://www.mybestbirth.com/video/video/show?id=3120006%3AVideo%3A32747

sábado, 5 de setembro de 2009

Parteiras Pankararu

Na sexta-feira do dia 28 de Agosto, foi públicado em um blog: no Instinto de Parir um texto super interessante pela Carine Caitano sobre um filme feito no Nordeste com parteiras tradicionais. Vale a Leitura!
Realizada no Espaço Cultural Sylvio Monteiro, a sessão especial para as mães voluntárias do Bairro-Escola lota o teatro e fala de um assunto tocante às mulheres: o parto. Quem deu início ao processo foi Heloisa Lessa, que iniciou o trabalho há três anos, no Nordeste do país. Médica obstreta, ela conversou e instruiu parteiras tradicionais sobre termos e precauções durante agravidez. Em uma comunidade próxima ao centro, mulheres aposentadas realizam, ainda hoje, o parto natural na casa da gestante.Engana-se quem considera a ideia antiquada. O documentário média-metragem prova que esses casos são ainda muito frequentes e mais, devem ser incentivados. Os números comprovam. Hoje, no Brasil, são aproximadamente 60 mil parteiras, número infinitamente superior aos 18 mil médicos obstretas registrados. Junto com a notícia, uma estatística preocupante. Cinco por cento das mulheres que optam pela cesária, morrem durante a cirurgia. Durante o processo, constataram que só havia necessidade de nomear asfases passadas pela mulher. Os problemas são facilmente identificados e solucionados pelas parteiras tradicionais. Com cerca de 30 mulheres por oficina, percebemos, em vídeo, uma naturalidade inata da mulher ao falar dos nascimentos. Situações e dialetos que levaram a platéia aos risos e surpresa, durante vários momentos de sua exibição. A ideia é defendida não só com unhas e dentes, mas também com experiências reais das propagadoras do parto natural e as parteiras que veem sua função como vocação. "Mulheres Pankararu" traz relatos dessas mulheres sobre a naturalidade do parir, verbo pouco usado pelos médicos. "Parir é muito parecido como, por exemplo, ter sua primeira relação sexual", prega Heloisa, que defende o parto natural pelo que ele é: natural. "Parir é tão natural quanto fazer o bebê. Parir é instintivo". A diretora do média-metragem é Maria Borba. Convidada por Heloisa para documentar as aulas, não esperava tamanha surpresa com a relação parteiras-gestantes-comunidade. "Eu tive uma surpresa real. É natural mesmo. É espontâneo. E o bonito é ver como elas (parteiras) falam, o carinho de passar a mão na barriga, por exemplo. O que quis transmitir foi o quão pode ser normal e maravilhoso parir", fala Maria, sobre o processo de filmagem e edição. Como milhões de mulheres de sua geração, a diretora percebia a cesária como o melhor meio de ter um filho, combinando a higiene e o cuidado necessário. Heloisa derruba essa ideia, apontando, inclusive, que o risco de infecções é mais frequente no hospital que em casa. A fala logo remete a um momento do documentário. Uma das personagens do filme diz nunca ter usado luvas ou cuidados especiais, frequentes nos hospitais. Segundo a médica, o objetivo não é minimizar a higiene. O pré-natal é necessário e aconselhado, assim como todos as cautelas mas, como frizado, o ato de parir pode e deve ser o mais natural possível. Marylu M. também participou do debate. Também parteira, acrescentou muito falando de suas experiências no estado do Pará. "Fiquei impressionada com a linguagem. Elas (parteiras e gestantes) lidam com problemas com as manobras necessárias, nas mais diversas situações. Essa é uma luta mundial, resgatar o parto normal", diz Marylu, que ja fez uma cesária. "Hoje em dia, temos filhos nos hospitais, sendo internadas pela primeira vez e não se sentindo à vontade. Nas famílias das parteiras, aquilo é uma realidade, as crianças veem todo esse ritual". Esse ritual fica nítido no documentário. Apesar de não ser o foco, é impossível não notar a religiosidade que permeia as relações. As parteiras de Pankararu encaram o que fazem como missão e criam vínculos com a criança, ajudando no seu crescimento. Por fazer parte da Mostra Encontros, caracterizada pelo debate após a exibição do filme, a conversa conseguiu interferir nas ideias já consolidadas no público. Mônica Costa, auxiliar administrativa, participou do evento. Ela, que ainda não tem filhos, garante que sua visão de parto normal foi totalmente reformulada: "É uma loucura deixar os mitos que eu tinha caírem. Vagina larga, recuperação longa, são, quase sempre, imposições de médicos e sociedade. Já privaram as mulheres de prazer sexual, sucesso profissional... não podemospropagar essa privação na hora de trazermos nosso filho ao mundo". Foi Bruno Costa, já integrante da cena cineátográfica em Nova Iguaçu, que convenceu a irmã, Monica, a participar do evento. Como homem e futuro pai, se sentiu atraido por um tema tão incomum ao ser abordado. "Fiquei muito surpreso com o documentário, pois via o parto normal como uma tradição pouco praticada. Igualmente supreso quando Helena declarou que o parto não precisa do pai da criança presente. Mas isso demostra o quão íntimo é o parto. Não precisa de platéia", afirma Bruno. No fim, um documentário filmado no Nordeste do país se revela como um grande passo na caminhada constante de afimação do gênero feminino. Pregar sim, o parto normal. Não como uma obrigatoriedade, mas como umabusca as raízes e humanização desse momento tão especial.
http://jovemreporter.blogspot.com/2009/08/o-instinto-de-parir.html

quinta-feira, 3 de setembro de 2009

Hospitais no interior de SP

Hoje pela manhã o Jornal Bom dia Brasil da Globo aprensentou uma reportagem sobre um hospital em Tupa - Interior de São Paulo que adota duas técnicas para tranquilizar os bebês. Adorei saber que aos poucos vamos conquistando mais espaço e podendo ensinar ações alternativas e saudáveis. Vejam abaixo a matéria que também pode ser encontrado no site da globo.com

'Ofurô' acalma bebês no interior de São Paulo
A criança tem a sensação de voltar para o útero da mãe. É uma maneira de fazer o bebê se adaptar mais facilmente ao novo ambiente.


Duas terapias que vieram do Oriente estão ajudando a melhorar a vida de bebês no interior de São Paulo. A shantala, que é um tipo de massagem indiana, já era praticada em alguns hospitais públicos no Brasil. Agora, uma maternidade no interior de São Paulo também adotou ofurô para bebês. A mãe adora ver a filha tranquila e relaxada. O segredo é a shantala, uma poderosa massagem indiana. Desde que Francine nasceu, há três meses, a professora Cristina Vicente dos Reis usa a técnica todos os dias: “Ela é mais tranquila, sossegada. Dorme a noite toda”. O irmão, companheiro inseparável, fez questão de aprender todas as técnicas. “Ajudo quando vai dar banho”, conta a estudante Felipe Reis Fernandes. “Você põe o bebê sobre os joelhos, sobre a cama, como se sentir confortável e massageia o bebê todinho, da cabeça até os pés”, ensina a enfermeira obstetrícia Ivone Morandi. Existe também uma técnica que é ensinada em um hospital em Tupã uma vez por semana, para os pais tornarem o começo de vida dos filhos mais agradável. É o ofurô. Primeiro a criança é enrolada em uma toalha, que representa a placenta. Depois é colocada em água morna, como se fosse o líquido amniótico, aquele que fica dentro do útero materno. O resultado é surpreendente. Pela carinha dos bebês, parece ser bem gostoso. O ofurô acalma a criança porque ela tem a sensação de voltar para o útero da mãe. É uma maneira de fazer o bebê se adaptar mais facilmente a esse novo ambiente. É tão importante que Vinicius acabou de nascer e já está tranquilo. “Ajuda no desenvolvimento neuropsicomotor do bebê. Aqueles bebês que têm alteração de sono melhoram muito. Nos prematuros, que precisam ganhar peso, o ofurô acelera o desenvolvimento”, destaca a especialista em aleitamento materno Rose Chiaradia.

quarta-feira, 12 de agosto de 2009

Encontro de Gestantes

Hoje teremos mais um encontro de gestantes para troca de experiências e de dúvidas!
Venha participar você também!
Local: Núcleo de Yoga - Rua Domingos Fernandes, 66 Trujillo (Sorocaba)
Horário 19:30
Te espero por lá!!!
Beijo

segunda-feira, 3 de agosto de 2009

Resposta à uma mulher

O artigo que compartilho com vocês abaixo foi extraído do site: www.partocomprazer.com.br e escrito pela obsteriz e doula Ana Cristina Duarte. Este belíssimo texto foi escrito à uma mulher que contou que seu primeiro filho havía nascido de cesárea e quando grávida novamente ela resolve batalhar pelo parto normal. Seu marido indignado a questiona "Por que escolher um caminho tão difícil? Que diferencia faz?". Ana Cristina responde a esta mulher.
"Se o meu marido me perguntasse isso, eu diria…
Porque esse é o meu último filho e eu preciso experimentar o que o meu corpo pode. Quero sentir meu filho passando através da minha bacia, abrindo meus ossos, fazendo-os quase quebrarem pela força dele dentro de mim. Quero sentir meu filho descendo e encaixando a cabeça nas minhas entranhas, milímetro a milímetro, como se estivéssemos dançando um tango emocionante, em que cada passo fosse totalmente calculado para um resultado perfeito. Quero sentir minhas mucosas cedendo espaço e esquentando a cada contração, quero sentir meu filho saindo pelo mesmo lugar por onde entrou. Quero me sentir mais perto de Deus ao ser capaz de produzir uma vida e colocá-la de forma segura neste mundo.
Quero sentir meu útero se contraindo com força, porque sou mulher e me sinto muito orgulhosa de poder gerar, gestar, parir e alimentar uma criança. Se eu não vim ao mundo para isso, então não sei exatamente o que vim fazer aqui. Quero sentir cada contração como se fosse o sopro de Deus direto para dentro do meu corpo, fazendo todas as minhas células tremerem com a energia desse evento. Quero que meu filho sinta cada uma dessas contrações como se fosse um abraçoforte que dou nele, como se Deus pessoalmente o estivesse embalando.
Quero que ele perceba que algo importante e grandioso está para acontecer navidinha dele. Quero que confie em mim para o resto da vida como sendo aquela pessoa que lhe deu a vida e o colocou em segurança para fora do finito espaço uterino. Quero que confie nele mesmo para sempre e saiba que com esforço e perseverança pode conseguir o que quiser. Quero que saiba que eu e ele juntos, com o apoio do pai dele e a torcida do irmão, podemos tudo. Que não há limitação para a nossa força.
Quero provar a mim mesma que sou uma pessoa capaz, que meu corpo não é meuinimigo. Pelo contrário, é meu amigo, meu companheiro, meu templo e meu porto seguro. Quero recuperar tudo o que perdi e o que me roubaram quando tive bebê pela primeira vez. Quero me sentir poderosa, forte, vitoriosa, criativa, emotiva, grande, bonita – durante o parto e para sempre.
Quero que meu filho nasça e venha imediatamente para o meu colo, os meus braços, os meus lábios, as minhas mãos, os meus peitos. E para isso preciso ter um parto natural. Quero que meu filho nasça em paz, sem dor, sem ser arrancado das minhas entranhas porque eu não me esforcei o suficiente.

Quero que, se as intervenções forem necessárias, só o sejam porque eu fiz tudo o que estava ao meu alcance para evitá-las. Quero que meu filho nasça livre de drogas, e que assim permaneça por toda a vida. Para que possa sempre sentir a beleza da vida de cara limpa, de pele limpa, de olhos limpos. Quero que ele se sinta calmo e seguro por estar sempre nos braços meus ou seus, ouvindo minha voz ou a sua, e não fique sozinho chorando num berço aquecido, sem um único som familiar para se acalmar.
Quero me sentir mais capaz quando tudo isso terminar. Uma bruxa, uma deusa, uma sacerdotisa do meu templo particular. Quero sentir minhas entranhas se abrirem e desabrocharem dando uma vida nova a essa criança. Quero sentir a dor, a ardência, o tremor, o prazer e a glória de parir. Quero me sentir mulher."
______________________________________

Ana Cristina Duarte é obstetriz pela USP Leste e coordenadora do Gama (Grupo de Apoio à Maternidade Ativa), em São Paulo.
May 06, 2009

sexta-feira, 31 de julho de 2009

Mudança de Hábito - Episiotomia

Mais um artigo sobre Episiotomia. Porque eu insisto neste tema? Por que muitas mulheres não tem a menor idéia de que isso é DESNECESSÁRIO!!! E elas precisam de mais informações sobre o assunto. O texto que compartilho com vocês desta vez foi escrito por Kátia Stringueto. Boa Leitura!
Mudança de Hábito


Muitas mulheres nem sabem o nome dessa cirurgia, mesmo quando a ela foram submetidas. Trata-se da episiotomia, corte feito no parto normal para apressar o nascimento do bebê. Acontece que esse procedimento, quase sempre, é desnecessário.

Praticada em cerca de 80% dos partos, quando o ideal seria em 20%, a incisão está na mira das autoridades de saúde desde que a Medicina Baseada em Evidências provou que, na maioria dos casos, não protege nem a mãe nem o bebê. Ao contrário, seria responsável por um número maior de infecções pós-operatórias, hemorragias e até rebaixamento da bexiga.

Esse último seria um dos fatores que levam à incontinência urinária na maturidade e ocorre porque o obstetra dificilmente consegue recompor a região pélvica como antes. É mais um motivo para acabar com o vício da episiotomia.

Todo mundo sabe o quanto é difícil sair da rotina. Mesmo que seja para melhor. Em se tratando de medicina, a mudança de paradigmas é ainda mais complicada quando enfrenta a resistência dos próprios médicos.

E a episiotomia, introduzida na obstetrícia em 1742, entra como um desses hábitos duros de mudar. A incisão no períneo, grupo de músculos que vai da vagina ao ânus, seria uma forma de ampliar a abertura vaginal facilitando a saída do bebê durante o parto normal. Há até uma intenção nobre nesse procedimento. O corte, controlado, poderia ser bem suturado recompondo a musculatura local e evitando uma laceração brusca, irregular e, portanto, de difícil correção.

Parecia bom, mas a prática não comprovou a teoria e estudos recentes apontam um aumento no risco de trauma, infecções, hematoma e dor, além de maior tendência à incontinência urinária entre as parturientes que passaram pela cirurgia. "Não existe o efeito protetor que todos imaginávamos. Não é porque se fez episiotomia que a mulher não ficará com a vagina dilatada ou com a bexiga baixa", diz Eduardo de Souza, chefe do centro obstétrico do Hospital São Paulo.

Diante desses resultados, a tendência mundial é restringir o uso da episiotomia. No Brasil, uma campanha nesse sentido começou no ano passado. Há dois benefícios relevantes: primeiro, não se faz o corte na mulher (que implica uso de anestesia e risco de infecção), e, segundo, mantém-se a musculatura perineal íntegra, já que nem sempre o obstetra consegue recompor o assoalho pélvico como antes, o que pode facilitar o afrouxamento da região e rebaixamento da bexiga, levando à incontinência urinária.

Curioso é que, mesmo com todas essas vantagens, a maioria dos obstetras ainda realiza o procedimento como quem cumpre um ritual. Basta o parto demorar um pouco e pronto. Falta paciência e, pior, falta esclarecimento.
"A postura moderna é que se use a episiotomia seletiva, quando o bebê é muito grande e está forçando a região do períneo, por exemplo. Ou quando a musculatura da mulher é muito rígida. Nesse caso, uma ruptura no local poderia ser tão extensa que chegaria até o ânus", esclarece Eduardo de Souza.

A inexperiência poderia até justificar que se fizesse a episiotomia antes de se ter certeza de que a musculatura perineal não vai suportar a passagem do bebê.

Não é bem o caso. A maior resistência à mudança de rotina obstétrica vêm dos médicos mais antigos. Às vezes, por uma questão de puro vício.

"Lembro de uma médica que pedia para que lhe segurassem as mãos a fim de evitar que praticasse a episio, como também é conhecida no meio médico", disse a antropóloga americana Robbie Davis-Floyd em visita à São Paulo à convite do Distrito de Saúde de Campo Limpo da Secretaria Municipal de Saúde de São Paulo.

A antropóloga informou que nos Estados Unidos, apesar de estar em queda, a operação ainda ocorre em 80% a 90% dos partos normais de primíparas (grávidas do primeiro filho). No Hospital São Paulo o índice é um pouco inferior: 70%. Mas ainda muito acima do desejável quando se sabe que cerca de 20% a 30% dos partos normais necessitam de episiotomia.

Norma sem sentido

O quadro é semelhante a outro hospital conveniado ao Complexo Unifesp/SPDM, o Hospital Estadual de Diadema. Lá, de cada sete partos normais realizados por dia, cerca de cinco incluem o procedimento.

Já é um avanço quando se lembra que antigamente fazia-se episiotomia em todas as mulheres. "Era uma norma sem sentido", diz o obstetra Levon Badiglian Filho, plantonista. "O médico ainda faz a incisão meio que no piloto automático para ajudar a criança a nascer mais rápido. Mas fazer nascer mais rápido não significa fazer nascer melhor."

É essa consciência que se espera do médico. Abreviar o parto quando necessário, se o bebê está em sofrimento. Mas manter a integridade do corpo da mulher sempre que possível. O abuso da episiotomia remete a outra questão importante:
como o parto é conduzido.
Dar à luz na posição inclinada - e não deitada - facilita o nascimento e diminui a episio. Quanto ao medo de lesões, vale saber: "As lesões que se pode causar à mulher ao cortar-se o músculo perineal, entre a vagina e o ânus, são piores do que as pequenas lacerações", diz a enfermeira obstetra Ana Cristina d'Andretta Tanaka, do Departamento de Saúde Materno Infantil da Faculdade de Saúde Pública da USP. Pela experiência de atendimento no Hospital de Itapecerica da Serra, em São Paulo, a enfermeira observou que 50% dos partos normais acabam não tendo laceração alguma.

"Na outra metade, a maior parte sofreu lacerações superficiais, de primeiro e segundo grau. Rupturas de terceiro grau, que são um pouco mais profundas, aconteceram em 5% das parturientes, enquanto que nenhuma apresentou laceração grave", conta.

domingo, 26 de julho de 2009

A Falácia da Episiotomia

Divido com vocês um maravilhoso texto sobre a Episiotomia. O que este texto tem de bom? Bem, ele apresenta uma análise geral das literaturas sobre o tema. Embora seja um texto bastante longo, vale muito a pena a leitura. Parabéns ao autor o Ginecologista e Obstetra de Curitiba Dr. Carlos Miner Navarro.

A FALÁCIA DA EPISIOTOMIA
É melhor um corte linear do que uma rotura irregular, a episiotomia protege o períneo da mulher e o cérebro do bebê. Esta é resumidamente a falácia da episiotomia.

Falácia: qualquer enunciado ou raciocínio falso que entretanto simula a veracidade, sofisma.
Sofisma: argumentação que aparenta verossimilhança ou veridicidade, mas que comete involuntariamente incorreções lógicas.
Ou seja, parece mas não é.

Episiotomia é um corte realizado no períneo, para ampliar o canal do parto. A primeira citação sobre episiotomia na literatura médica foi em 1810 (há diferentes versões para esta data), demorou quase 100 anos para ser aceita pelos médicos e é hoje a cirurgia mais realizada no mundo.

Na década de 1920 um influente médico americano John B. De Lee afirmava que a episiotomia deveria ser realizada rotineiramente. Na verdade ele ensinava que: quando o nascimento estava próximo, todas as mulheres deveriam ser (1) anestesiadas com uma substância que causava amnésia (para esquecer aquela horrível experiência do parto, a seguir (2) realizar uma grande episiotomia, (3) retirar o feto com auxílio do fórcipe e (4) suturar laboriosamente o períneo reconstituindo as condições ¿virginais¿ não esquecendo de dar o ¿ponto do marido¿.

Ao longo do tempo, sem nenhuma pesquisa científica para provar seus efeitos , passou-se a afirmar que a episiotomia protege o períneo, reduz o risco de incontinência urinária, cistocele (bexiga caída), retocele (frouxidão da vagina), que comparada com as lacerações espontâneas a episiotomia cicatriza melhor, sangra menos, dói menos, produz menos casos de dor às relações sexuais a curto e longo prazo e protege o encéfalo fetal especialmente dos prematuros (quanto mais prematuro, maior deve ser a episiotomia).

Em 1983 dois pesquisadores Thacker e Banta, publicaram uma revisão da literatura médica sobre episiotomia de 1860 até 1980, encontraram alguns bons trabalhos científicos. Concluíram que não havia evidências de sua eficácia, particularmente se usada como rotina. Na verdade havia evidências de que o desconforto e a dor eram muito maiores com a episiotomia e sérias complicações, inclusive o óbito materno, podiam estar relacionados ao procedimento. Terminaram seu trabalho recomendando que estudos científicos bem desenhados fossem realizados para avaliar a episiotomia.

Obstet Gynecol Surv. 1983 Jun;38(6):322-38. Related Articles, Links
Benefits and risks of episiotomy: an interpretative review of the English language literature, 1860-1980. Thacker SB, Banta HD.
The benefits and risks of episiotomy in labor and delivery as recorded in the English language literature in over 350 books and articles published since 1860 are reviewed and analyzed. Episiotomy is performed in over 60 per cent of all deliveries in the United States and in a much higher per cent of primigravidas. Yet, there is no clearly defined evidence for its efficacy, particularly for routine use. In addition, although poorly studied, there is evidence that postpartum pain and discomfort are accentuated after episiotomy, and serious complications, including maternal death, can be associated with the procedure. Therefore, carefully designed controlled trials of benefit and risk should be carried out on the use of episiotomy.

A partir daí (1983) inúmeros estudos foram realizados, acumulando evidências de que a episiotomia, dói mais, cicatriza pior, sangra mais, causa dor às relações sexuais a curto e longo prazo, tem um efeito negativo para a auto-imagem da mulher (sente-se mutilada), é um importante fator de risco para incontinência urinária (juntamente com o fórcipe), aumenta o risco de lacerações graves do períneo (incluindo ruptura do esfíncter anal), diminui a força muscular do períneo, pode complicar com hematomas e infecções e finalmente, não protege o encéfalo fetal.

Diversos estudos que avaliaram a força da musculatura perineal após o parto, demonstraram que mulheres que tiveram parto com episiotomia tem o pior resultado quando comparadas com parto sem rotura ou roturas espontâneas

Então nunca se deve fazer episiotomia? Não é bem assim, as evidências científicas mostram que não devemos fazer episiotomia de rotina, porém em alguns casos ela pode ser justificada. As indicações de episiotomia são: períneo rígido (pouca elasticidade) cicatriz muito fibrosa de uma episiotomia anterior, uso do fórcipe ou vácuo-extrator (é possível fazer parto a fórcipe ou vácuo-extrator sem episiotomia, mas depende de grande prática e habilidade), períneo muito curto (pequena distância entre a vagina e o ânus), sofrimento fetal grave em que o bebê tem que nascer imediatamente. O fato de ser primeiro filho não é indicação de episiotomia e o tamanho de bebê também não.

É incrível, mas todas estas informações estão disponíveis há mais de 20 anos, e em alguns lugares pratica-se a episiotomia em todos os partos.
Assim como o colo do útero, que dilata progressivamente, o períneo também deve dilatar devagar. Permitir que o período expulsivo ocorra naturalmente, sem puxos dirigidos é fundamental para reduzir as lacerações perineais. Portanto a mulher deve empurrar o bebê segundo sua vontade e não ser estimulada, empurrar a barriga por cima então , nem pensar.

A posição para a expulsão do bebê também deve ser considerada, a pior de todas é a chamada posição de litotomia (deitada de costas com as pernas apoiadas em perneiras) pois estica o períneo e favorece as lacerações.

Em resumo, à luz das evidências atuais, um parto em posição verticalizada ou lateral, permitindo a progressão lenta da cabeça do bebê, proteção do períneo, episiotomia somente em casos selecionados, deveria ser rotina e não exceção.

Ainda temos um longo caminho pela frente, mas cada vez mais estas informações vão sendo divulgadas e as taxas de episiotomia no mundo todo, incluindo o Brasil vem diminuindo, talvez lentamente, mas já é um começo.

sábado, 25 de julho de 2009

Mulheres trocam de médico para terem um parto normal


Também na última segunda feira (20.07) o mesmo Jornal Folha de São Paulo pubicou uma reportagem sobre mulheres de coragem e valentia que trocam de médico nas últimas semanas de gestação para terem preservados seus desejos e escolhas. Não é uma decisão fácil e nem a toa, mas para que o final seja por parto normal muitas vezes isto se faz necessário.


Quando engravidou pela primeira vez, Renata Rose, 35, que está grávida novamente, trocou de médico para garantir que sua opção pelo parto normal seria respeitada. "Era meu ginecologista há dez anos, mas, quando fomos conversar sobre o parto, ele começou falando que o melhor era planejar o nascimento antes de 36 semanas, pois uma outra paciente que preferiu esperar perdeu o bebê. Achei aquilo um terror desnecessário", conta.


No caso de Paula Vargas, 28, o médico foi mais direto. "Ele me disse que não fazia parto normal porque o plano de saúde pagava apenas R$ 500 pelo procedimento."Maria de Lourdes Teixeira, professora de ioga de Paula e Renata e que há 31 anos trabalha com gestantes, diz que as grávidas estão mais conscientes de seus direitos."Tenho conversado muito com as gestantes para não se colocarem numa posição de pacientes. Elas são clientes e têm direitos", diz.


Olivia Tolentino, 29, cujo filho nasceu no ano passado nos EUA, faz um relato diferente. Ela diz que a médica estranhou sua pergunta sobre o melhor tipo de parto."Ela me disse que a cesariana não era uma opção, mas uma indicação médica, e me alertou que o plano não pagaria o parto se eu fizesse cesariana apenas por vontade própria.


"Olivia diz que várias amigas ficaram grávidas ao mesmo tempo no Brasil. "Me surpreendeu que, no Brasil, todas diziam preferir parto normal, mas, por algum motivo, fizeram cesáreas."


Pesquisa da Fiocruz com 430 mulheres atendidas em hospitais particulares do Rio mostra que, no início da gestação, mais de 70% diziam preferir parto normal, mas apenas 10% conseguiram.


Aumento das Cesáreas


Na última segunda-feira o Jornal Folha de São Paulo publicou uma reportagem sobre o aumento das taxas de cesáreas na rede privada de saúde. É mais uma reflexão sobre o assunto. Vale a pena a leitura.


Aumento contraria iniciativas do governo para diminuir índice de cirurgiasNo ano passado, 84,5% dos partos cobertos por planos de saúde foram cesarianos; em 2004, a taxa era de 79%, e no SUS a taxa é de 31%

Apesar das iniciativas do governo federal para diminuir a taxa de cesarianas na rede privada, a ANS (Agência Nacional de Saúde Suplementar) registrou aumento de 2004 a 2008.


No ano passado, 84,5% dos partos cobertos por planos de saúde foram cesarianos. Em 2004, a taxa era de 79%. No SUS, essa proporção é de 31%. A Organização Mundial da Saúde recomenda máximo de 15%.


Além de ser um procedimento mais caro e que demanda maior tempo de recuperação, a cesárea acarreta mais riscos para a mãe e para o bebê.


Neste período de aumento na já alta proporção em planos de saúde, a ANS fez campanhas a favor do parto normal e passou a usar a taxa de cesarianas como um dos critérios de avaliação das operadoras.


A agência também incluiu no rol de procedimentos cobertos pelos planos a presença de uma enfermeira e de um acompanhante durante o parto, fatores associados a um aumento dos partos normais.Mas as ações ainda não surtiram efeito, e o país, em vez de se aproximar da meta de reduzir cesarianas, teve aumento.


Para Martha Oliveira, gerente da ANS, a taxa de cesarianas ainda não cai porque há vários fatores que influenciam a preferência de médicos, e até de gestantes, por essa prática."Os patamares ainda estão muito altos. É preciso mudar a cultura médica, a estrutura dos hospitais e até mesmo a formação dos profissionais para trabalharem com parto normal."Ela diz, no entanto, que há sinais positivos: "Há maior mobilização de mulheres e o CFM (Conselho Federal de Medicina) montou uma comissão para tratar da questão". José Maia Vinagre, coordenador da comissão de parto normal do CFM, reconhece que o percentual de cesarianas no Brasil foge do padrão.


Ele diz, no entanto, que não se pode colocar toda a culpa no médico. Em sua avaliação, é comum as gestantes preferirem a cirurgia, por acharem que o parto normal é mais doloroso. O ginecologista Thomaz Gollop, professor da USP, diz que as cesarianas aumentam não só no Brasil, mas também nos Estados Unidos e na Europa, porque a cirurgia é cada vez mais simples e muitas mulheres optam por ela. Os especialistas citam como motivo para o percentual ser tão mais alto na rede privada no Brasil o fato de que o parto costuma ser feito por um médico particular, que acompanha a mulher por toda a gestação.No SUS, e em outros países com taxas menores, é mais comum o parto ser feito por um plantonista.


Como o parto normal tende a demorar mais, o médico particular, muitas vezes, opta pela cesariana porque, assim, não precisa desmarcar um dia inteiro de atendimento em seu consultório.Por essa razão, Maia Vinagre diz que a comissão de parto normal sugeriu mudanças como o aumento da remuneração de médicos por parto normal e a criação de serviços de referência em hospitais privados. Esses serviços fariam o primeiro atendimento a gestantes em início de trabalho de parto. Maia Vinagre aponta ainda a formação médica como um dos entraves para reduzir cesarianas.


"Normalmente, as maternidades onde os alunos aprendem são de alto risco, com maioria de partos cesarianos."Gollop discorda neste ponto: "Nas faculdades brasileiras, também ensina-se o parto normal como a melhor via. O problema é a dissociação entre o que é ensinado e o que se pratica depois no setor privado."


sexta-feira, 24 de julho de 2009

O Parto Normal está nos planos da ANS. E no seu?

Com o lema "O Parto Normal está nos Planos da ANS. E no seu?" a ANS lança mais uma campanha pela redução das Cesáreas desnecessárias. Veja abaixo os detalhes e como participar e dar o seu apoio.
"O slogan "Parto normal estáno meu plano" incorpora três idéias: a cobertura assistencial, oplanejamento da gestação e o protagonismo que cabe à mulher nesse momento.
Na nova fase da campanha, além de continuar promovendo o debate sobre o temajunto a prestadores de serviços e operadoras de planos de saúde, a ANS pretende enfatizar o papel central que cabe à mulher nessa decisão. Para isso, é importante a colaboração de gestantes que queiram dividir informações com outras mulheres grávidas. Se esse é o seu caso ou que alguém que você conhece, leia o texto abaixo.
O processo de gestação é um momento muito importante na vida da mulher. Alémdo corpo, hábitos e valores passam por grandes transformações. Nesse processo, as experiências vividas por uma gestante podem servir de apoio einspiração a outras na mesma situação. Por conta disso, gostaríamos de contar com a contribuição de servidoras ecolaboradoras da ANS ou de mulheres por elas indicadas como participantes da comunidade Amigos do Parto e autoras de um blog feito por e direcionado paragestantes, onde as experiências de cada fase da gestação, com todas as suas alegrias, surpresas, angústias e descobertas, possam ser narradas ecompartilhadas.
Além de apoiar outras mulheres, a gestante terá um espaço para se informar,organizar suas idéias e sentimentos, compartilhar vivências com familiares eamigos e também deixar um registro para que seu filho possa, no futuro,saber como foi a sua gestação.
Acompanhando os relatos das gestantes, o blog trará textos técnicos quepretendem desmistificar os temores em relação ao parto natural e informarsobre o melhor tipo de parto para cada situação e circunstância.Para colaborar entre em contato pelo email
nformando: nome, e-mail e tempo de gestação para mais detalhes.

sexta-feira, 3 de julho de 2009

Banho de Balde no Mais Você - Globo

Nesta última terça-feira, foi transmitida uma reportagem no programa Mais Você da rede Globo, sobre banho de balde. Além de mostrar alternativas saudáveis, agradáveis e práticas esta matéria exibiu um bebê muit especial para mim. Meu sobrinho Théo. O mascote da reportagem que na época estava com 58 dias.

Assistam pelo link. Vale muito a pena!

http://video.globo.com/Videos/Player/Entretenimento/0,,GIM1070809-7822-METODO+ALTERNATIVO,00.html

segunda-feira, 15 de junho de 2009

Encontro de Gestantes


Gostaria de convidá-los para mais um encontro de Gestantes lá no Núcleo de Yoga. É só chegar e se juntar a outros pais, mamães e bebês para um agradável bate-papo com muita troca e informações.

Começaremos as 19:30 nesta quarta-feira (17.06) na Rua Domingos Fernandes, 66 Trujillo - Sorocaba! A sugestão de tema para esta semana é: Tipos de Parto!

Qualquer dúvida entre em contato (15) 8112-0139


Te espero lá!

quinta-feira, 11 de junho de 2009

Doulas em Recife

Na última terça-feira, o Jornal Bom Dia Brasil da rede Globo, apresentou uma reportagem sobre as Doulas de Recife. Veja abaixo a matéria ou acesse pelo link: http://g1.globo.com/bomdiabrasil/0,,MUL1187932-16020,00-VOLUNTARIAS+AJUDAM+MAES+A+TER+PARTOS+MAIS+CALMOS+NO+RECIFE.html

VOLUNTÁRIAS AJUDAM MÃES A TER PARTOS MAIS CALMOS NO RECIFE

Albertina da Silva, de 65 anos, teve 10 filhos, foi professora primária e não se conformou com a aposentadoria. Tia Bebé, como é chamada, dá expediente em uma maternidade pública do Recife, num ofício ainda pouco conhecido, mas que rende várias definições.

Pegar na mão, dar atenção, encorajar, fazer massagem e orientar as gestantes que esperam a hora de dar à luz são algumas das atribuições destas mulheres que receberam treinamento especial para atuar como doulas. A palavra doula vem do grego e significa "mulher que serve". Elas se dispõem a servir de forma voluntária. As doulas exercem um papel extremamente importante nas maternidades. São profissionais do carinho e do afeto.
Roberta chegou sozinha, chorando, com medo. Alguns minutos depois, com beijinhos, afagos e a massagem da Tia Bebé, ela está tranquila, fazendo exercícios para respiração...
Ao todo, 63 doulas ajudam as equipes médicas em três maternidades do Recife. Com elas por perto fica mais fácil fazer os exames, escutar o coraçãozinho do bebê, acompanhar melhor as contrações. Um apoio muito bem recebido, principalmente para as grávidas que não têm acompanhantes.
“È uma mãezona”, elogia uma grávida.
“O efeito prático é que a gente tem uma aceleração no desenvolvimento do trabalho de parto e automaticamente uma redução no número de cesáreas”, aponta a coordenadora da Saúde da Mulher do Recife Benita Spinelli.
“A gente passa uma segurança muito grande para elas. Basta pegar na mão”, conta a doula Salete Silva. Cercada de carinho, Maysa vem ao mundo de parto normal, com 2,8 quilos e 47 centímetros - a medida certa da felicidade.

segunda-feira, 8 de junho de 2009

CASA DE PARTO DAVID CAPISTRANO FILHO - RJ

A Casa de Parto David Capistrano Filho localizada em Realengo - Rio de Janeiro- vem funcionando há alguns anos a despeito da perseguição do CREMERJ. Este é um local onde muitas mulheres recebem atendimento adequado com orientação e pré-natal cheiro de apoio e carinho. Estas mulheres vem parindo seus bebês de forma mais humanizada e consciente em ambiente seguro.


Contudo, graças a insistência da categoria médica esta Casa de Parto foi fechada ainda que com resultados excelentes. Por este motivo, estamos realizando uma campanha de apoio a re-abertura desta Casa de Parto. Acesse o link abaixo e participe do baixo-assinado.

quarta-feira, 3 de junho de 2009

Encontro Hoje!!!


Hoje teremos mais um encontro de Gestantes, futuras gestantes e futuros pais!

Será as 19:30 no Nucleo de Yoga (Rua Domingos Fernandes, 66 Trujillo).

Tragam suas dúvidas, suas alegrias, suas impressões e venham compartilhar com a gente suas experiências.


Se lembrarem de alguém que este encontro possa ser importante fique muito a vontade de convidar a participar!

Estes encontros irão acontecer a cada quinze dias!!



Estaremos aguardando de braços e coração abertos!

quinta-feira, 28 de maio de 2009

10 Passos para Evitar uma Cesárea Desnecessária




O Grupo de mulheres que participam da rede Parto do Princípio (mulheres em rede pela maternidade ativa) criaram um material de orientação baseado em 10 passos para evitar uma cesárea desnecessária. Estou compartilhando este maravilhoso material com vocês. Usem e abusem das informações que contém nele.




quarta-feira, 27 de maio de 2009

Cesariana: A Polêmica das Taxas II

Sobre o mesmo texto (Cesariana: A polêmica das Taxas) um outro médico obstétra atuante em Porto Alegre, Ricardo Jones, faz um breve comentário que quero compartilhar com vocês:
"...Analisem só esta parte interessante da argumentação do colega:"A primeira questão que deve ser combatida refere-se aos supostos malefícios da cesariana. Baseado nisto é que as políticas de saúde combatem o médico. Ele passa a ser o vilão do sistema por ser o único que pode realizar a cesariana. Se houver uma desqualificaçã o da cesariana, torna-se mais fácil desqualificar o médico. Para este objetivo, "armam-se" de dados e de estudos enviesados e, principalmente, de informações falsas."
RJ: O que eu acho curioso é que ele... tem razão.Mas a frase pode ser lida ao inverso: "Se houver uma exaltação da cesariana, do modo cirúrgico de ter filhos, torna-se mais fácil enxergar o médico como único capaz de assegurar a qualidade do atendimento à gestante. Para este objetivo os médicos armaram-se de dados, estudos inviesados e, principalmente, informações falsas." Ao argumentar contra a humanização do nascimento o colega desnuda o principal elemento que construiu no imaginário social a supremacia dos médicos, tornando-os os assistentes principais do parto: o recurso tecnológico, sem o qual seríamos "parteiras destreinadas" . Ineg;avel a importância da cesariana para salvar vidas, mas igualmente indiscutível o fato de que os médicos exageraram a sua importância (e uso) como forma de fazer valer seu recurso exclusivo: a cirurgia.
Outra afirmação que chega a ser engraçada:
"Prova disto é a total falta de importância a duas grandes questões que bastante influenciam as altas taxas de cesariana: processos judiciais, o que leva a uma medicina defensiva, e a violência das grandes cidades que leva a um temor de assistência a partos no turno da noite."
RJ: Na parte dos processos judiciais ele tem razão, e é nessa parte que se estabelece a conexão entre as responsabilidades da sociedade civil - pela forma como nascemos - e a parte do médico - como cuidador do parto. Somente teremos verdadeira humanização quando a sociedade como um todo realmente quiser. Enquanto os médicos humanistas forem vítimas de perseguição por valorarem o parto normal e por ajudarem mulheres a conseguirem seus sonhos de parto, seremos presas do modelo vigente, em que TODOS perdem. Perde a sociedade pelas aumentadas taxas de mortalidade materna e neonatal (sim, é verdade, apesar dos recursos retóricos do nobre tocólogo), e perdem os médicos por não conseguirem propiciar às gestantes o parto que elas sonham. Entretanto, a outra parte da argumentação parece piada... "Médicos fazem mais cesarianas por medo de serem assaltados".Ora... dava para escolher algo mais consistente. Parece que o nobre colega está tentando tapar o sol com a peneira.Mas e os médicos plantonistas, que JÁ estão no hospital? Porque fariam cesarianas em exagero?Olha... excesso de cesarianas deve ser debatido com mais seriedade, menos recursos desesperados e mais coerência.Em resumo:A humanização do nascimento está incomodando."
Ricardo Jones

Cesáreas: Polêmica das Taxas

No último mês de Abril, foi publicado no CREMERJ (páginas 8 e 9) um artigo comentando sobre a polêmica das altas taxas de cesareana com a autoria do Dr. Raphael da Câmara Medeiros Parente. Há muita divergência aos argumentos colocados por este profissional. Então optei por colocar aqui no blog o artigo na ítegra do Dr Raphael e a resposta do Dr Hugo Sabatino que foi publicado no site do Grupo de Parto Alternativo de Campinas (http://partoalternativo.blogspot.com/). Gostaria que vocês lêssem e opinassem sobre estas divergências.
O Artigo é muito longo, contudo vale a reflexão sobre os diferentes aspectos antes de definirmos nosso posicionamento. A letra em preto é do Dr. Raphael e a em azul do Dr. Hugo. Boa leitura!!!
"Atualmente, há uma forte campanha governamental a favor da humanização do parto e do parto vaginal. "
RESPOSTA: Esta informação é no mínimo incompleta e tendenciosa, já que as intervenções do governo Brasileiro para redução da cesárea começaram em 1979 com o pagamento igual de honorários médicos no parto vaginal e de cesárea do INAMPS. Continuando nos anos subseqüentes até nossos dias, pelo tanto esta campanha está cumprindo 30 anos , intensificada na era do atual Governador José Serra, quando ele era ministro da Saúde.
"Este conceito de humanização, há muito distorcido, é usado para retirar substancialmente o médico do atendimento obstétrico. Para isto, são divulgadas informações erradas e levianas de que os médicos são menos “humanizados“ que outros profissionais de saúde, que são os únicos responsáveis por altas taxas de cesariana com o objetivo único de preservar sua rotina e aumentar seus ganhos e que não respeitam a autonomia e o desejo das mulheres pelo parto vaginal. Vem sendo dito, inclusive, que o médico não sabe mais realizar um parto vaginal, dando a entender que esta capacidade somente é dominada pelas parteiras, enfermeiros, obstetrizes etc."
RESPOSTA: De fato o conceito de humanização é frequentemente interpretado em forma distorcida, inclusive pelo responsável deste documento, ao qual estou respondendo. Em várias publicações de nosso grupo na Universidade de Campinas, temos identificado, em casos de baixo risco, os seguintes pilares da Humanização: A) Respeito aos processos fisiológicos da Gestação, parto, puerpério e amamentação materna; B) Participação multiprofissional e interdisciplinares; e C) Respeito as costumes regionais e individuais do casal . Sem a presença destes três pilares não pode ser considerada a atenção ao nascimento de baixo risco, como humana. O problema é complexo porém bem claro para não abrir mão destes pilares. Realizar a finalização de uma gestação de baixo risco, mediante uma cesárea, sem causa médica que a justifique, ainda que esta seja a pedido da gestante (as indicações médicas estão identificadas claramente em todos os livros da especialidade), é uma conduta médica que não respeita os processos fisiológicos do trabalho de parto, parto e nascimento, por este motivo o procedimento cirúrgico realizado de forma desnecessária, deixa de ser um procedimento natural, humano ou fisiológico. Esta situação está bem explicada em todos os livros de texto da especialidade. Aquele profissional que não respeita este principio se coloca por em cima de este processo normal natural (humano), tentando com esta atitude superar este processo fisiológico, delicado, e bastante complexo que envolve qualidade de vida de duas pessoas e de uma família, Seria como pretender modificar fenômenos naturais como a saída do sol ou de um entardecer. O que podemos sim é participar ou assistir a esses fenômenos para sua contemplação com uma boa companhia, porém o que não podemos, ainda que sejamos profissionais competentes e inteligentes de ser capaz e melhorar esse processo. Em relação a querer melhorar o fenômeno do nascimento através de uma cesárea estou colocando a foto e comentário a este respeito, do eminente e respeitado Prof. Dr. Bussâmara Neme, matéria publicada no Jornal Folha de São Paulo do dia 15 de Fevereiro deste ano. Pelo tanto aqueles médicos que realizam este procedimentos seguramente são menos humanos que aqueles que respeitam o processo fisiológico do nascimento em casos normais, e esta não é uma definição leviana e sim fundamentada na fisiologia do processo. O prestigioso pesquisador Holandês Pieter Eric Treffers (1996), na Guia de Maternidade Segura da OMS, nos informa que: “A Obstetrícia deve acompanhar a fisiologia. Intervenções cirúrgicas devem prevenir ou corrigir patologias e não aperfeiçoar a fisiologia”. Por outro lado todos os livros de cirurgia colocam a operação cesáreas como sendo “cirurgia de alto risco”, devido a que o cirurgião deve invadir o peritônio, aumentando com isto os riscos durante e após a cirurgia, sendo que no caso das cesáreas este risco se estende também a próximas gestações como o demonstram os estudos de Clark (1985).Estes dados demonstram claramente que desde o ponto de vista dos riscos as mulheres que são submetidas a cesáreas desnecessárias estarão sendo colocadas (sem causa) em próximas gestações a riscos que aumentam significativamente a padecer de um acretismo placentário, o que pode de fato ser muito difícil de corrigir, colocando a vida da mulher em um grupo de maior chance de morte (lamentavelmente esta informação não e transmitida as mulheres que solicitam cesáreas desnecessárias). Esta atitude de sonegar informação esta em conflito com o juramento Hipocratico que diz “Primeiro não fazer dano” (Primum non noccere).
"Para solucionar este problema, foi criado pela USP um curso de obstetrícia. Vocês leram bem: um curso de obstetrícia! Após quatro anos, o formando está apto a fazer partos vaginais. Este curso não tem nada a ver com a enfermagem. A primeira turma forma-se neste ano de 2008. O curso está vinculado à Escola de Artes, Ciências e Humanidades da USP. Espera-se com isto resolver a falta de formação médica para o parto vaginal. Não se deixem enganar! Tudo isto somente é difundido, e muito eficazmente, com o intuito de diminuir custos para os gestores e para favorecer determinadas categorias profissionais que vêm cada vez mais tentando tomar espaço dos médicos. Louve-se o trabalho que vem sendo realizado pelo Professor Ricardo Oliveira, Conselheiro do CREMERJ, que mobilizou obstetras da FEBRASGO e que agora tem enfrentado a questão junto ao CFM, ANS e MS. O grande problema é que os médicos, durante muito tempo, deitaram em “berço esplêndido”, achando que nada aconteceria com eles e permitiram que vários argumentos infundados passassem a ter status de verdade absoluta, tornando atualmente a defesa deles como politicamente incorreta. Ou tomamos uma atitude agora ou não demorará o dia em que o médico será proibido de realizar um parto vaginal, restando para ele tão somente a cesariana de emergência e todas as suas implicações legais." RESPOSTA: Estes conceitos eminentemente protecionistas da profissão, não tem nada a ver do que realmente é melhor para a Mãe e seu Filho independentemente de quem atende o parto. Por outro lado podemos concluir que aquele médico que tem medo de ser substituído por uma parteira, mereceria ser substituído, já que para humanizar o atendimento ao parto assinalamos que deve ser multidiciplinario, e trabalhar em equipe para o bem do binômio mãe - filho. A forma de o médico trabalhar em conjunto ou em parceria com as parteiras e realizada na maioria dos países que tem formas de atendimentos a população com grande benefícios tanto para a Mãe, seu filho e a própria sociedade (tenho em meu poder uma extensa bibliografia que certifica esta afirmação e a coloco a disposição, incluindo o último livro eletrônico publicado em 2007 sobre atenção ao nascimento de baixo risco).
"A primeira questão que deve ser combatida refere-se aos supostos malefícios da cesariana. Baseado nisto é que as políticas de saúde combatem o médico. Ele passa a ser o vilão do sistema por ser o único que pode realizar a cesariana. Se houver uma desqualificação da cesariana, torna-se mais fácil desqualificar o médico. Para este objetivo, “armam-se” de dados e de estudos enviesados e, principalmente, de informações falsas. Cometem a maior leviandade que é a de associar a mortalidade materna com altas taxas de cesariana, dando a entender mais uma vez que o médico é o responsável pelas mortes de nossas mulheres."
RESPOSTA: A prática de cesárea com diagnostico médico correto, é uma das formas mais efetivas e humanas de poupar vidas maternas e perinatais, existem um numero grande de trabalhos que o demonstram. Este aspecto do atendimento em casos de risco tanto para a mãe como para o seu filho não entra em esta discussão (existe abundante bibliografia ao respeito). O que este documento mais uma vez trata de confundir, misturando as cesáreas realizadas com indicação médica (com risco) com as cesáreas sem indicação médica (sem risco ou desnecessárias). Existem dados que mostram que uma mulher com cesárea desnecessária tem sete vezes mais risco de morrer quando comparada a partos vaginais. E tem aproximadamente 35 vezes mais chance de ter uma complicação durante, após a cesárea e em partos subseqüentes. (os trabalhos que certificam, estes dados estão em meu poder). Acaba de sair uma publicação aonde se demonstram aumento da incidência de complicações de endometriosse após a realização de cesáreas bem sucedidas. Por outro lado este senhor não coloca trabalhos que certifiquem o contrario, ou seja que mostrem as verdadeira vantagem (que não sejam econômicas) para a mãe e seu filho quando a finalização da gestação e realizada a través de uma cesárea desnecessária.
"Mortalidade materna não tem nada a ver com taxas de cesariana e sim com condições de saúde que faltam no nosso país por recursos insuficientes e pela corrupção endêmica. Entidades governamentais, em sua campanha pela redução de cesarianas ditas desnecessárias, relatam dados que são absolutamente enviesados e manipulados, dando a entender que a cesariana é muito mais perigosa que o parto vaginal. Isto não é verdade."
RESPOSTA: Neste ponto novamente o citado Sr. trata de confundir com comentários tendenciosos ao misturar políticas de saúde com aumento das complicações das cesáreas desnecessárias que se realizam numa classe social privilegiada, aumentando com isto custos de atenção que poderiam ser utilizados para melhorar essa políticas de saúde em classes sociais menos privilegiadas. Temos dados científicos (estão em meu poder), realizados por pesquisadores de renome e por Instituições internacionais (OMS) que demonstram a associação maior de mortes materna em casos de cesáreas desnecessárias, ignorar estes dados e no mínimo irresponsabilidade profissional.
"Como exemplo, temos que foi divulgado que fetos nascidos entre 36 e 38 semanas têm 120 vezes mais chances de desenvolver problemas respiratórios que aqueles que nascem com 40 semanas. Além de não ser dada a fonte deste número absurdo, deixa-se entender que a cesariana é a responsável por isto e não o motivo que levou à cesariana. Repete-se à exaustão que o parto vaginal é mais seguro para a mãe e o bebê, só que não há evidências indubitáveis disto. A questão passou a ser tão complexa que, só em discordar desta afirmação, o médico torna-se politicamente incorreto. Relata-se que hemorragia e infecções no pós-parto são mais comuns na cesariana e alguns estudos mostram exatamente o contrário. Provavelmente, alguns, ao lerem esta informação, vão até se espantar, mas isto é resultado desta desinformação que vários setores vêm realizando de forma sistemática."
RESPOSTA: Este senhor dá informações sem citar as fontes, motivo pelo qual não é possível manter um dialogo científico e sim uma mera transmissão de informações supostamente favorecedoras de uma conduta no mínimo anti-natural. Por outro lado podemos apresentar inúmeros trabalhos que mostram os malefícios de cirurgias mal sucedidas em casos de gestações de baixo risco, porem não temos trabalhos que nos mostrem o contrario, ou seja os benefícios (que não sejam econômicos) de cesáreas desnecessárias. Não é verdade que as cesáreas tem menos infecções e menos hemorragias. Em casos das infecções lembrar que o cirurgião de uma operação cesárea, tem que invadir peritoneo (membrana que protege ao organismo exatamente desta possibilidade), situação que esta preservada em um parto natural.
"O governo reiteradamente afirma que outra causa destas altas taxas de cesariana ocorre por comodidade dos médicos e por estes convencerem as gestantes a realizarem a cesariana. Sem dúvida, podemos afirmar que vários destes fatos ocorrem por causa dos formuladores de políticas de saúde não terem qualquer trato com a realidade obstétrica, mas sim somente com estudos e com metas a serem traçadas. Prova disto é a total falta de importância a duas grandes questões que bastante influenciam as altas taxas de cesariana: processos judiciais, o que leva a uma medicina defensiva, e a violência das grandes cidades que leva a um temor de assistência a partos no turno da noite. Ao mesmo tempo, esquecem ou não sabem que várias das cesarianas são solicitadas (quando não exigidas sob violência) por gestantes e/ou familiares. Somado a todos estes fatores, temos ainda a superlotação dos hospitais com impossibilidade de correto acompanhamento dos partos pela falta de profissionais."
RESPOSTA: Aquele profissional que coloca em risco a seguridade de seu paciente com medo de uma ação judicial o por medo de sair de noite, não deveria exercer a profissão de parteiro e sim de uma profissão que ofereça a segurança que ele pretende. Deixando para profissionais preparado(a)s, que realizem o atendimento do nascimento com segurança, sem necessidade de cirurgias perigosas.
"A meta da OMS de 15% de cesarianas é citada constantemente por todos os gestores e propagadores do parto vaginal, mas não dizem que ela foi traçada há mais de 20 anos baseada em taxas de países com baixa mortalidade materna. Se fosse traçada baseada nos mesmos parâmetros, atualmente, seria maior. Esta meta foi traçada em 1985, na ensolarada Fortaleza, belíssima capital do Ceará, por cerca de 50 pessoas que incluíam enfermeiras, parteiras, obstetras, pediatras, epidemiologistas, sociólogos, psicólogos, economistas, administradores de saúde, mães, donas de casa, etc. Baseados, exclusivamente, no fato de que os países da época que tinham as menores razões de mortalidade materna terem taxas de cesariana próximas a 10%, arbitraram que nenhum país deveria ter taxa maior que 15%. E desde então, esta taxa é propagada aos quatro cantos, esquecendo-se que, atualmente, todos os países tiveram aumento em suas taxas de cesariana, não havendo mais praticamente nenhum dentre aqueles que têm as menores taxas de mortalidade que atinjam estes valores. Sabe-se que populações de alto risco necessitam de taxas maiores, mas isto não é levado em conta. Estudo recente, que dá uma luz nesta questão, avaliou taxas de cesariana de 119 países dividindo-os por baixa, média e alta renda. Demonstrou que entre aqueles de baixa renda, quanto menos cesariana, pior a mortalidade neonatal, e entre aqueles de alta renda, quanto mais cesariana, menor a mortalidade neonatal (Althabe et al., 2006). Os resultados foram estatisticamente significativos." RESPOSTA: Esta associação realizada em forma simplista, mais uma vez trata de confundir, já que a mortalidade tanto materna como perinatal esta associada a um numero grande de variáveis e não somente a incidência de cesáreas, principalmente em classes sociais menos privilegiadas. Mesma situação em classes privilegiadas aonde historicamente as complicações são menores não pela realização de cesáreas e sim pela condição social. Estudos apresentados no Simpósio Internacional sobre Cesáreas realizado em Campinas em 2002 deixam claro esta situação com demonstração em vários trabalhos da associação de aumento de cesáreas e aumento de risco materno e perinatal.
"O mesmo ocorreu em relação à mortalidade materna nos países de baixa renda. Nos de média e alta renda, não foi encontrada nenhuma associação. Este estudo, se bem analisado, sugere que estas taxas atuais que os governos propagam podem não ser as mais adequadas. No mínimo, necessita-se de uma nova discussão sobre este tema."
RESPOSTA: Este senhor ignora que nos anos 1982 e 2002 foram realizadas na Cidade de Campinas (SP) dois Simpósios Internacionais para tratar destes temas aonde foram referendadas as cifras de incidência de cesáreas as taxas de mortes maternas e as complicações das mesmas em casos de cesáreas de baixo risco, estas conclusões estão em meu poder e as coloco a disposição.
"Questão que, para nós brasileiros, não pode ser desprezada é a heterogeneidade de nosso país que engloba áreas compatíveis com as mais desenvolvidas do mundo e outras similares aos países mais pobres do planeta. Casas de parto são tratadas como solução dos problemas para redução de cesarianas e da mortalidade materna. Tentam passar a idéia de que elas são muito seguras, o atendimento é humanizado, já que não é realizado por médicos, e as vontades da gestante são atendidas, como a presença de um acompanhante. O que não dizem é que quase não há partos nelas, há presença de vários profissionais para cada gestante e que, mesmo assim, pelas não são seguras. Não há estudo que ateste a segurança das casas de parto. Mais grave que isto é o movimento crescente a favor do parto domiciliar. Como grande vantagem deste sistema de parto, temos o gasto nulo para o governo. Obviamente, que isto em tese, porque as complicações desta política terão que ser arcadas no futuro. A grande questão é que o evento mortalidade materna é raro e compensa para o gestor assumir o risco."
RESPOSTA: Novamente estamos frente a informação tendenciosa e com conhecimento incompleto sobre o tema. As casas de partos apresentam cifras de atenção ao parto e segurança satisfatórias, a não presencia do médico se deve a proibição de Instituições corporativistas. Este senhor ignora os trabalhos do eminente Obstetra já falecido Prof. Galba Araújo, com cifras de mortalidade materna e perinatal menores as obtidas no Estado de Ceara, com atendimento de partos simplificado e por parteiras tradicionais. Caso se interesse por este magnífico trabalho que percorre o mundo a través da Fundação Kellog, encontra se no livro Medicina Perinatal da editora da Unicamp de Campinas (SP). Por outro lado um 15% dos partos realizados em Brasil são atendidos por parteiras tradicionais em locais de difícil aceso e em regiões aonde não existe atenção médica institucional.
"O objetivo deste texto é mostrar dados que estão sendo divulgados erroneamente pelos defensores da gradativa retirada do médico da assistência obstétrica, usando para isto a necessidade da queda das taxas de cesariana, e mostrar evidências contrárias ao que é divulgado para o início de um debate não maniqueísta em que o médico não seja o vilão. Por outro lado, temos que defender o direito daquela gestante que deseja o parto vaginal, tê-lo com a máxima segurança, caso possível. Para isto, o foco não deve ser a redução de custos (embora em saúde o custo seja um importante fator que não se pode deixar de levar em conta), mas sim o de realizar o acompanhamento do trabalho de parto e o parto vaginal com segurança. Indefensável neste ponto é o fato de vários colegas médicos “inventarem” diagnósticos para realizarem a cesariana. Sabemos que isto ocorre por impossibilidade de se escrever o real motivo que seria o pedido materno. Portanto, esforços devem ser feitos para legalizar a entidade da cesariana por pedido materno."
RESPOSTA: Estas manifestações são tendenciosas, arbitrarias e inverídicas já que existem enumeráveis casos de mulheres grávidas sem risco que procuram cada vez mais locais e médicos ou mesmo parteiras que tem como norma o parto natural, devido a que seus médicos falam abertamente que não realizam esse tipo de atendimento e sim propõem abertamente uma cesárea desnecessária. Para confirmar estes argumento e possível acessar os links na internet que tratam destes temas tanto no Brasil como no mundo todo.
"Como comprovação do que escrevemos, gostaríamos de apresentar alguns trechos extraídos do livro da Agência Nacional de Saúde (ANS) lançado em 2008: “O modelo de atenção obstétrica no setor de saúde suplementar no Brasil: cenários e perspectivas”. Este livro aborda vários aspectos da assistência obstétrica com o claro objetivo de alavancar o parto vaginal, usando-se de estudos vários de conceituadas revistas científicas. O grande problema é que a análise dos resultados é, muitas vezes, feita de forma equivocada, levando o leitor a falsas interpretações: • ...assim os médicos se opuseram à intervenção das parteiras, alegando ser a gravidez uma doença que requer o tratamento de um verdadeiro médico. • Estabelece-se então um modelo médico de assistência à gestação e ao parto que trata o corpo da mulher como uma máquina defeituosa, baseado numa série de crenças, idéias e maneiras de pensar próprias de toda uma categoria de profissionais, constituindo o que poderíamos chamar de modelo médico de saúde. • Os serviços de obstetrícia submetem as mulheres a uma série de rotinas que constituem um rito de passagem para a maternidade: separação das pessoas “normais” que continuam suas vidas fora do hospital, ficar a cargo de instâncias que estão fora de seu controle, realização de investigação e exames que envolvem a exploração de suas partes mais íntimas por homens desconhecidos e sujeição a métodos inquietantes e muitas vezes dolorosos os quais ela não deve recusar porque são feitos “para o bem do bebê”. Somente após estes ritos de isolamento e humilhação, a sociedade a reabilita como mãe. • O incremento da cesariana é claramente responsável pelos péssimos resultados obstétricos. • “Se quisermos mudar a humanidade, temos que mudar a forma de nascermos”. Estes trechos são emblemáticos e mostra muito bem como a questão do parto está sendo tratada. Com argumentos sofistas, falsas evidências e manipulação de resultados científicos. Nós, médicos, devemos nos preocupar em assistir ao parto e a oferecer o que há de mais seguro na manutenção da saúde integral da mulher: o direito de ser atendida no momento mais belo de sua vida por pessoas qualificadas para este momento tão sublime, com todo o carinho e atenção, mas também preparadas para resolver qualquer intercorrência que pode tirar dela, inclusive, a vida."
RESPOSTA: Esta última frase do autor coloca em evidência todo o referido anteriormente, já que o médico deve estar preparado para corrigir “intercorrências” e não para realizar condutas que a podem aumentar como é o caso de realizar sem causa médica, cirurgias de alta complexidade e passíveis de provocar inúmeras complicações. Podemos concluir que o parto por via vaginal em gestações de baixo risco e o mais seguro (não existem evidencia científicas do contrario) e que as cesáreas desnecessárias devem ser evitadas por vários motivos algum deles estão colocados resumidamente a continuação:
• MAIOR MORTALIDADE MATERNA
• MAIOR MORBIDADE DURANTE E APÓS O PARTO
• MAIOR RISCO EM GESTAÇÕES POSTERIORES
• MAIOR MOLESTIAS PÓS OPERATÓRIA
• RECUPERAÇÃO MAIS LENTA QUE O PARTO VAGINAL
• AMAMENTAÇÃO RETARDADA
• ANTECEDENTES OBSTETRICOS DESFAVORAVEIS
• MAIOR COSTOS
CONCLUSÃO: 1.- A Obstetrícia assiste a dois pacientes, e um deles não pode manifestar seus desejos 2.- Não temos evidência de que a cesárea seja mais segura que o parto vaginal. 3.- Os riscos das cesáreas estão muito diminuídos e não devemos duvidar em recorrer a ela si fosse necessário 4.- Porem não parece lícito recorrer a ela sem indicação contrariando as leis da fisiologia 5.- Como se justifica se surge um problema no caso de cesárea sem indicação médica? 6.- Somente uma correta informação servirá para esclarecer as duvidas. Para certificar estas conclusões estamos colocando frases celebres colocadas por pesquisadores de ambos sexos que tense destacado sobre este tema:
MARSDEM WAGNER
“A CESAREA DESNECESSÁREA É O SIMBOLO DA DESHUMANIZAÇÃO DO PARTO”
MIRANDA DODWELL
“SE FAZEMOS ACREDITAR AS MULHERES QUE A CESÁREAS E MAIS SEGURA, CERTAMENTA A PEDIRÃO”
SUSAN BEWLEY
“AS MULHERES TEM LOGRADO, NA ULTIMA CENTURIA, IMPRESIONANTES ÉXITOS HACIA SUA INDEPENDENCIA, POREM TEM PERDIDO CONFIANÇA NO SEU CORPO. E SEUS TEMORES CONDUCEM A CESÁREAS ELETIVAS, QUE CERTAMENTE NÃO E A SOLUÇÃO ADEQUADA” ESTHER VILELA “DEVEMOS TRANSFORMAR A RELAÇÃO DO PODER EM RELAÇÃO SOLIDARIA”
Para finalizar concluímos estas respostas com as seguintes afirmações: “DEVEMOS TRANSFORMAR AS AMBIÇÕES DO METODO DE PARTO CONVENCIONAL, O PESADELO DAS CESÁREAS DESNECESÁRIAS. EM UMA REALIDADE DO PARTO HUMANIZADO” Para maiores informações sobre as vantagens do parto natural ver Trabalho ganhador do premio da ABRAMGE em 2007 e do livro: Atención al Nacimiento Humanizado – Basado en Evidencias Científicas Campinas (SP), 2007 (em Espanhol)
Dr. Hugo Sabatino
e-mail:hsabatino@uol.com.br