quarta-feira, 25 de março de 2009

Orgasmo no Parto

É interessante perceber como diversas visões de parto, dor e o ambiente do nascimento permitem /possibilitam reações diferentes não só fisicas mas emocionais também. Abaixo compartilho um artigo onde mulheres afirmaram sentir orgasmo no parto normal. Esta é mais uma possibilidade!!!
Mulheres afirmam sentir orgasmo no parto normal
Getty Images
" A liberação de alguns hormônios e a não utilização de anestesia podem favorecer o orgasmo durante o parto normal.
A respiração começa a ficar ofegante, as pernas tremem e pequenas ondulações invadem o corpo feminino. Essas não são as sensações que antecedem o ápice do prazer da mulher na relação sexual, mas sim um orgasmo sentido ao se dar à luz. É isso mesmo. Por mais estranho que possa parecer, algumas mulheres afirmam encontrar o êxtase durante o trabalho de parto normal.
Controvérsias à parte, fato é que o assunto se alastra cada vez mais pela Internet e as mamães que juram ter passado pela experiência dividem a vivência em comunidades e blogs. Considerado por algumas como um novo movimento, chamado de Orgasmic Birth (algo como Orgasmo no parto, em tradução livre), o tema serviu de enredo para o documentário feito por Debra Pascali-Bonaro, cujo título é também Orgasmic Birth.
A diretora do filme dedica-se a ministrar palestras a enfermeiras e especialistas da área da obstetrícia com o intuito de divulgar métodos mais naturais para o parto, buscando maior saúde e bem-estar tanto para mãe quanto ao bebê. No Brasil, ela ajudou a implementar o programa de doulas, ou seja, acompanhantes que auxiliam a mulher a encontrar posições mais confortáveis na hora do parto e utilizam técnicas de massagem ou relaxamento para diminuir a dor; elas ainda fazem a interface entre a família e a equipe médica.
Nos seus 26 anos de experiência no assunto, Debra notou um significativo aumento de orgasmos no momento de se dar à luz. Essa evidência a impulsionou a gravar seu primeiro filme. Ao longo de cinco anos, a diretora colheu depoimentos e imagens de 11 casais que permitiram expor o nascimento de seus filhos no decorrer de 87 minutos.
Debra parte da teoria de que o parto é realizado cada vez mais de maneira mecanizada devido à tecnologia da medicina, o que nega a oportunidade à mulher de sentir as reais sensações desse momento, tais como o prazer e a satisfação de sentir-se plena e satisfeita com seu próprio corpo.
A advogada Isobel Patterson, 31 anos, é uma das que endossam a experiência como verídica. Em depoimento ao site do jornal Times, ela diz que não acreditava ser possível alguém chegar ao orgasmo ao parir até ter passado por isso. "Assim que minhas contrações se intensificaram e eu estava chegando perto de parir, lembro que as sensações começaram. Minha pélvis começou a se contrair involuntariamente e minhas pernas a tremerem semelhante a um longo orgasmo", afirmou à publicação. "Meu marido disse que eu gritava 'Oh, meu Deus. É tão lindo, é como fazer amor'", contou ao jornal.
Especialistas acreditam ser possível a mulher sentir prazer nesse momento. O obstetra Michel Odent, responsável pelo conceito de nascimento de crianças em piscinas, falou ao Times que orgasmos durante o parto normal devem ser reconhecidos como uma experiência natural. "Durante o trabalho de parto, há uma enorme alteração hormonal no corpo com aumento de prolactina, endorfinas e oxitocina. Essas substâncias de êxtase ajudam a empurrar o bebê", explicou o médico.
Já a antropóloga Sheila Kitzinger afirma que a mulher só consegue sentir prazer se estiver relaxada e à vontade. "Quando uma mulher está em trabalho de parto e as pessoas ficam dizendo como fazer e como respirar, ela não pode agir espontaneamente. Mas quando lhe é permitido, o nascimento da criança pode ser absolutamente maravilhoso" , disse ao jornal. "Quando a cabeça do bebê alcança o períneo, ela estimula uma região erótica", falou à publicação."

A Dor Boa e a Dor Má

Esta semana algumas pessoas me perguntaram sobre a dor do parto. Como as mulheres aguentam??? Então, resolvi buscar artigos que discutissem a dor do parto. Encontrei várias matérias, umas mais técnicas do que outras. No entanto, no site da amigas do parto li este artigo da Adriana Tanese Nogueira e achei muito interessante e diferente o olhar que ela expõe sobre a dor. Por este motivo compartilho com vocês estes dizeres.

Por Adriana Tanese Nogueira

“Coragem! Mais um pouquinho. Estão sentindo aquela dor gostosa? Aí... Abaixa mais um pouquinho. Trabalhem a respiração! Força, podem abaixar mais... e sorriam!” Muitos já devem ter feito experiência de uma aula de alongamento. Sentados no chão, estiquem as pernas e tentem encostar a cabeça nos joelhos. Vão sentir uma ardência por trás das pernas, uma sensação pra lá do desagradável. Dói, incomoda, irrita.

Alguém por acaso se levanta e sai da aula? Alguém toma um Tylenol par aliviar o desconforto?
Na aula de ginástica, anterior à de alongamento, tentem ficar de quatro e levantar uma perna dobrada, quem sabe com uma caneleira de uns 4 quilos. Repitam o movimento 20/30 vezes – se conseguirem tanto, parabéns!!A sensação física que irão sentir nas pernas e, sobretudo, nos glúteos é como se uma mão de dedos longos e secos, entortados como presas de ave de rapina, entrasse na sua carne e a apertasse sem piedade: é horrível. Chega a bloquear o movimento, a deixar sem ar. E lá vem a professora: “Força! Está chegando o Natal, tenho certeza de que já comeram Panettone.... Vamos queimar essas calorias! O fundão aí, está roubando? Vamos lá. Um, dois, três e abaixa, um, dois, três e abaixa, um,dois, três e abaixa...... Isso! E agora.... só mais 8!” A turma exausta, se esforça ao máximo. É preciso esmagar aquelas gordurinhas a mais, suportar a dor, agüentar e sorrir. Para isso se brinca e até se debocha da própria dificuldade.

Alguém por acaso sai da aula? Desiste? Alguém clama por uma anestesia para não sentir mais aquela dor irritante?
Não!! Porque aquela é uma dor BOA. Culturalmente é uma dor aceita. É considerado bom sofrer para emagrecer e ficar em forma. Simbolicamente é o preço pago para ter um corpo mais bonito e promover uma boa saúde.

Enquanto estou lá, cerrando os dentes com aquela mordida dolorida nas carnes por causa dos exercícios, enquanto sinto a perna puxar terrivelmente tentando me dobrar em dois, penso na dor do parto. Esta é uma dor MÁ. Culturalmente não é aceita, não se entende por que é preciso sentir dor quando há remédios para evitar a dor. Isso acontece porque simbolicamente perdemos seu sentido.

A dor é relativa porque depende não só do limiar subjetivo, quanto e, sobretudo, do significado que lhe damos. A dor do esforço físico para ter um corpo bonito é justificada, tem valor simbólico. A dor do esforço físico do trabalho de parto e parto não é aceita, porque não tem valor simbólico. O parto é muito mais do que um evento fisiológico. É uma experiência psicossomática de altíssimo valor espiritual, simbólico e emocional. Quem não enxerga isso não tem motivos para encarar a dor. Assim como quem não curte uma boa forma e saúde, não tem motivo nenhum para ficar suando, pulando e tentando superar os próprios limites físicos numa sala de academia.

Quem se deu o trabalho de ir às aulas de ginástica e de alongamento conhece aquela sensação física gostosa de leveza e bem estar que vem depois. É o resultado do esforço físico, da perseverança e da disciplina.Da mesma forma, as mulheres que assumem um parto ativo e natural, relatam sempre uma sensação física e psíquica de plenitude, alegria e bem estar após o parto. Parece então que dar à luz com dor e coragem não é tão ruim assim."

Adriana Tanese Nogueira é filósofa, psicanalista, mestra em Ciências da Religião (PUC/SP), formada pelo Curso "Preparação para Gestação, Parto, Puerpério e Aleitamento", Curso de Extensão, Teleduc, FCM-135, Unicamp, 2004, coordenado pelo professor Hugo Sabatino. É presidente e coordenadora da ONG Amigas do Parto, vive em Boca Raton, FL, USA.

Cantora Lírica em seu parto gemelar

Na quarta-feira (18/03/08) o Programa Mais Você mostrou uma vídeo sobre uma cantora lírica que cantou ópera no seu parto de gêmeos. Além de emocionante a matéria mostra como por meio de exercícios respiratórios é possível deixar seu parto mais tranquilo e até mais rápido.

Acesse o link pela matéria: http://video.globo.com/Videos/Player/Entretenimento/0,,GIM984935-7822-SO+VOCE,00.html

segunda-feira, 23 de março de 2009

Cesárea: Escolher e Perder (Dr. Marsden Wagner)

ESCOLHER UM PARTO CESÁREO É UMA BOA IDÉIA?
"Chique demais para fazer força" alardeou uma manchete recente em um jornal de Londres quando uma integrante do grupo Spice Girls escolheu dar a luz por uma cesárea, mesmo não existindo nenhuma razão médica para isso. É uma boa idéia? Alguns obstetras americanos estão agora estimulando mulheres sem problemas médicos a escolher a cesárea, declarando que é o direito da mulher escolher qualquer tipo de parto que ela quiser.
POR QUE PROMOVER A CESÁREA?
Depois de uma década tentando baixar o número de cesáreas alguns obstetras estão agora repentinamente se revertendo e promovendo mais cesáreas. É ridículo supor que eles acabaram de descobrir os direitos das mulheres. Prova disso é a declaração emitida em 1998 pelo American College of Obstetricians e Gynecologists (Associação Americana de Ginecologistas e Obstetras) estimulando fortemente médicos e hospitais a "simplesmente dizer não" quando uma família pede permissão para fazer um vídeo do parto – são os obstetras colocando o medo de ações judiciais na frente dos valores familiares e direitos das mulheres. Mas eles estão usando a retórica dos direitos das mulheres para conseguir para eles o que eles querem – um parto cirúrgico. Por quê? Há três razões fortes pelas quais alguns obstetras estão promovendo mais cesáreas. Primeiro, é a única forma de poder manter seus estilos atuais de prática e qualquer semblante de uma vida pessoal decente. Um parto normal leva uma média de 12 horas e acontece a qualquer hora – 0 h e 7hs. A cesárea leva 20 minutos e pode ser marcada convenientemente. Não deixe os médicos tentarem negar que eles fazem isso por conveniência – uma análise científica de certidões de nascimento mostra que o nascimento é mais comum de segunda à sexta, das 9 às 17 horas e até a cesárea de emergência é mais comum de segunda a sexta, das 9 às 17 horas. Um episódio do seriado "E.R." mostrou uma mulher grávida em trabalho de parto com convulsões. O médico do Pronto Socorro perguntou à enfermeira onde estava o obstetra da mulher e a resposta foi: "Do outro lado da cidade em seu consultório atendendo pacientes". Se uma mulher acerta com um obstetra e acha que ela vai tê-lo por perto durante o trabalho de parto, ela está redondamente enganada. Exceto por visitas breves e ocasionais, o obstetra não vai estar com ela durante as muitas horas de trabalho de parto mas vai deixar o seu monitoramento para uma enfermeira ocupadíssima, e um telefone. Nenhum outro médico tenta assumir tarefas como ginecologistas e obstetras – monitorar a distância e correr para pegar mais de 4 milhões de partos por ano nos EUA, fazer as consultas pré-natais em todas essas mulheres, conduzir os 10% de partos que desenvolvem complicações, fazer planejamento familiar, ginecologia preventiva em todas as mulheres incluindo exames para câncer de mama e de colo de útero, fazer cirurgias ginecológicas de pequeno e grande porte. A única forma que eles podem possivelmente começar a administrar este fluxo crescente é colocar a parte que consome mais tempo – parto normal – sob controle e isto é precisamente o que uma cesárea faz. A segunda forte razão pela qual os obstetras querem mais cesáreas é para evitar ações judiciais. Um estudo dos casos nos quais o bebê morreu no parto e a família processou o médico mostra que em aproximadamente dois terços dos casos a razão número um pela qual o bebê morreu foi porque o médico não estava lá, e quando a enfermeira telefonou para o médico, houve falha de comunicação. Portanto mais de 70% dos obstetras já foram processados uma ou mais vezes e eles estão desesperados para ficar fora do tribunal, onde diferentemente do hospital, eles estão fora do controle. Quando uma cesárea não é feita e o bebê não é perfeito, o médico se coloca em risco de poder ser dito que ele não fez todo o possível. Mas quando uma cesárea é feita, é uma forma de seguro contra ações judiciais – todo o possível parece ter sido feito – apesar de que agora é a mulher e o bebê, como veremos em breve, que estão em risco. A terceira razão para promover a cesárea está relacionada com a terrível crise atual da obstetrícia nos Estados Unidos. O público, políticos, HMOs (Health Maintenance Organization – Organização de Manutenção da Saúde) estão percebendo rapidamente que é uma total insanidade ter especialistas altamente treinados capazes de fazer operações ginecológicas de 6 horas em mulheres com câncer avançado, para aconselhar mulheres grávidas saudáveis sobre suas vidas sexuais e também recepcionar bebês perfeitamente normais no parto. Isto é análogo a ter um cirurgião pediátrico para tomar conta de uma criança normal de dois anos. Obstetrizes (do inglês midwife) custam muito menos, e diferentemente das enfermeiras, tiveram anos de treinamento em assistência durante o trabalho de parto e parto. Além disto, uma pesquisa recente financiada pelo governo dos EUA prova que as obstetrizes são tão seguras quanto os obstetras para os mais de 80% de partos sem complicações médicas. Este estudo de mais de 4 milhões de partos descobriu que nos partos de baixo risco atendidos por obstetrizes há muito menos bebês mortos do que partos de baixo risco atendidos por médicos. Portanto há hoje um rápido crescimento no número de obstetrizes nos EUA com mais partos atendidos a cada ano – o maior HMO no Novo México emprega mais obstetrizes do que médicos e elas atendem a maioria dos partos. Motivar mais cesáreas é a tentativa desesperada de alguns obstetras de ter mulheres a escolherem o tipo de parto que somente eles podem fazer – a cesárea. Então quando alguns obstetras obtêm sucesso em convencer algumas mulheres a escolher a cesárea, em uma só ação os médicos ganham enorme conveniência, reduzem ações judiciais e acabam com a concorrência – as obstetrizes.
A CESÁREA É SEGURA?
As mulheres só escolherão a cesárea se elas estiverem convencidas de que é seguro para elas e para seus bebês. Um dos primeiros esforços dos obstetras para incentivar a escolha por uma cesárea foi tomar as evidências científicas dos riscos da mãe e torturar os dados até eles confessarem o que eles queriam. Um exemplo. Uma propaganda obstétrica em revistas populares e profissionais diz que pesquisas mostram que 60% das mulheres que têm parto normal têm incontinência urinária e fecal. Mas uma leitura cuidadosa dos artigos científicos dos quais eles estão falando revela algo muito diferente. A propaganda joga todas as mulheres com partos normais em um mesmo grupo ao invés de fazer o que os pesquisadores fizeram – dividi-las em grupos de acordo com o risco. Quando a análise do risco foi feita, eles descobriram que mulheres em alto risco de incontinência urinária e fecal tiveram um grande número de partos, tiveram bebês pesando mais de dez libras ao nascimento e o mais importante, foram vítimas de intervenções desnecessárias e agressivas durante o trabalho de parto e parto. Por exemplo, nos últimos dez anos o uso de drogas poderosas e perigosas para iniciar ou acelerar o trabalho de parto foi de 10% para 20% de todos os partos. Estas drogas fazem o trabalho de parto anormal, com contrações violentas que podem danificar o útero. Umas dessas drogas, Cytotec, não é nem aprovada pelo FDA para tal uso, o fabricante da droga emite um aviso dizendo para os médicos nunca usarem a droga em mulheres grávidas e depois de uma revisão cuidadosa de todas as pesquisas sobre essa droga, os melhores cientistas advertem para não usá-la para este fim. E ainda o Cytotec vem sendo usado em mulheres grávidas para este fim por milhares de médicos, um tipo de obtetrícia acima da lei que ignora completamente todas as autoridades e os últimos dez anos viram centenas de mulheres com rupturas uterinas e muitos bebês com danos cerebrais e mortos como resultado. Outras intervenções agressivas, como episiotomia (obstetras cortam os músculos ao redor da abertura vaginal), e o uso de fórceps ou vácuo extrator para puxar o bebê para fora, causam problemas retais e urinários depois. Os cirurgiões tornaram o parto um procedimento cirúrgico, causaram danos nos corpos das mulheres e estão agora sugerindo que a solução é incentivar uma cirurgia ainda mais radical e agressiva – a cesárea. A solução é menos cirurgias desnecessárias, não mais. Uma cesárea eletiva sem emergência tem uma chance 2,84 vezes maior de morte da mulher do que se ela tiver um parto normal. Esta quantidade de mulheres mortas é baseada nos dados de 150.000 cesáreas eletivas e não de emergência, dando evidências fortes mais do que suficientes de seu perigo. Pode ser estimado com confiança que pelo menos 12 mulheres americanas morrem todo ano por causa de uma cesárea eletiva desnecessária. Além do risco de morrer, mulheres que escolhem a cesárea correm muitos outros riscos que acompanham uma cirurgia abdominal de grande porte – incidentes anestésicos, danos aos vasos sangüíneos com grande hemorragia, infecções freqüentes, extensão acidental da incisão uterina, danos à bexiga e outros órgão abdominais, cicatrizes internas e aderências levando a problemas intestinais doloridos e relações sexuais igualmente doloridas. Mas os riscos das mulheres que escolhem a cesárea não terminam no parto, Ela tem menor chance de conseguir engravidar de novo e se ela engravidar, ela tem chances muito maiores de que sua gravidez ocorrerá fora do útero, uma situação que nunca produzirá um bebê vivo mas traz risco de vida para a mulher. Além do mais, se ela obtiver sucesso em gestar seu próximo bebê até o fim da gravidez, devido a cicatriz tão grande em seu útero, ela tem um risco muito maior da placenta descolar antes do bebê nascer ou do útero romper como um pneu explodindo – condições que trazem um risco enorme de um bebê com danos cerebrais ou morto. E sobre os riscos para o bebê? Recentemente no programa de TV "Good Morning America" (Bom Dia América), eu estava debatendo a escolha da cesárea com um obstetra que disse: "Para o bebê, os riscos são muito maiores em um parto normal do que numa cesárea". É chocante que uma informação tão claramente falsa do ponto de vista científico seja dada para o público americano. Uma cesárea de emergência pode salvar a vida de um bebê, mas quando não há indicação médica para ela, somente a escolha da mulher, não há evidência científica para sugerir qualquer benefício para o bebê, mas muitos dados provando muitos riscos. Como os dois parágrafos seguintes provam, a mulher que escolhe a cesárea põe seu bebê em um perigo desnecessário. Para começar, em 2% a 6% de todas as cesáreas, quando o médico abre com um corte a barriga de uma mulher, ele corta o bebê. E muito mais sério, bebês nascidos de cesáreas eletivas trazem riscos muito maiores de taquipnéia transitória e de prematuridade, ambos grandes causadores de mortes de recém-nascidos. Se os médicos somente esperassem, na mulher que tem uma cesárea eletiva, até que o trabalho de parto se iniciasse espontaneamente, o risco destas duas condições seria menor. Mas esperar até o trabalho de parto começar elimina a conveniência para o obstetra de marcar o procedimento. Que os médicos não esperam, mas marcam a cesárea, prova que a conveniência tem uma prioridade maior do que a segurança do bebê. A estes risco para o bebê têm que ser adicionados os muitos riscos sérios para os futuros bebês nascidos da mulher que escolheu uma cesárea – riscos delineados acima. O fato de algumas mulheres estarem escolhendo a cesárea, sugere fortemente que elas não são informadas dos riscos para elas e nem dos riscos para seus bebês.
ESCOLHER UMA CESÁREA É ETICAMENTE JUSTIFICÁVEL?
Sim, as mulheres devem ter controle absoluto sobre seus próprios corpos. Segue logicamente que elas podem escolher qualquer procedimento médico que quiserem? A resposta não é tão simples. Se uma mulher vai a um obstetra exigindo uma circuncisão feminina em sua filha, deveria o médico fazê-la? A maioria das mulheres americana diria não e a maioria dos obstetras, incluindo aqueles promovendo os direitos das mulheres escolherem a cesárea, muito provavelmente também diriam não. Em um artigo recente em uma revista científica obstétrica, o Presidente de American Collegge of Obstetricians and Gynecologists incita os médicos a encorajarem as mulheres a escolher uma cesárea e citam o Brasil como um exemplo maravilhoso de honra à escolha das mulheres pela cesárea. Tendo passado um mês lá recentemente, eu vi com meus próprios olhos como o Brasil é um exemplo trágico do que acontece quando os médicos se afastam das indicações médicas para a cirurgia – hospitais com 100% de cesáreas, estados inteiros com 50% de cesáreas e nestas áreas, com essas taxas extremas de cesáreas, a taxa de mulheres morrendo próximo ao parto está, não surpreendentemente, subindo. E estudos mostram que as mulheres no Brasil querem cesárea porque na sua cultura machista temem perder seus homens se elas não têm o que os médicos chamam de uma "vagina de lua-de-mel". É isso que queremos para os Estados Unidos? Uma mulher surda não pode fazer uma escolha entre Mozart e Beethoven. "Escolha" sem informação completa não é escolha. A questão ética chave não é o direito de escolher ou exigir um procedimento cirúrgico de grande porte para o qual não há indicação médica, mas o direito de receber e discutir informações completas e não tendenciosas, anteriormente a qualquer procedimento médico ou cirúrgico. Isto requer revelação obrigatória de todos os riscos conhecidos de uma cesárea eletiva dada às mulheres na entrada do hospital (não quando ela está no auge do trabalho de parto ou sendo preparada para a cirurgia), assim como dando a elas seus direitos de Miranda*. Isto é muito diferente do que acontece hoje: na entrada do hospital é dada a mulher uma folha de papel para que ela assine, que não é para sua educação ou benefício, mas para proteger o médico e o hospital de ação judicial, essencialmente dando a eles carta branca para fazerem com ela o que quiserem. A informação dada à mulher para decidir que tipo de parto ela terá, tem que vir de uma fonte neutra e não tendenciosa como Federal Centers for Disease Control (Centros Federais de Controle de Doenças) ou outros cientistas. Qualquer informação provinda de organizações profissionais como o American College of Obstetricians and Gynecologists será inevitavelmente tendenciosa, pois o objetivo número um de qualquer organização profissional é proteger o interesse de seus membros. Como resultado, a informação disponível para os obstetras pode ser tendenciosa, gerada por firmas comerciais interessadas em lucros ou por organizações profissionais interessadas em promover dados mais favoráveis para os médicos sobre procedimentos. O resultado: muitos obstetras mal informados e não qualificados para fornecer informações completas e não tendenciosas para as mulheres. Eticamente falando, os médicos, assim como as mulheres, têm direitos a respeito do cuidado médico. É bem estabelecido nos EUA que nenhum médico é obrigado a fazer algo contra sua crença religiosa. Pelas mesmas razões, o médico não pode usar "ela quis" como desculpa para fazer o que ele quer fazer de qualquer forma. A primeira obrigação de um clínico é com o bem estar de seu paciente e se uma mulher pede por uma cesárea para qual o médico não consegue encontrar indicação e que, pelo melhor do seu conhecimento, traz riscos para a mulher e seu bebê que compensam qualquer benefício possível, o médico tem o direito, talvez até o dever, de recusar-se a fazer a cesárea. Ninguém está apontando uma arma para a cabeça dele. É por isso que a organização que conglomera todas as organizações obstétricas de nível nacional (incluindo o American College of Obstetricians and Gynecologists) emitiu uma declaração em 1999: "Devido a evidências fortes de que o benefício em cadeia não existe, realizar uma cesárea não é eticamente justificável".
CUSTO
Apesar de ser verdade que o estilo atual de prática de muitos obstetras americanos resulta em partos normais desnecessariamente caros com tantas intervenções desnecessárias, sugerir que um parto normal é quase tão caro quanto uma cesárea é absurdo. A cesárea, com os custos do centro cirúrgico, um ou mais cirurgiões, anestesista, enfermeiras cirúrgicas, instrumentos, sangue para transfusão, internação mais longa no pós-operatório, etc, não se compara ao custo de um parto normal hospitalar. E os custos da cesárea eletiva a longo prazo são enormes, com mais bebês com taquipnéia transitória na UTI, cirurgias de emergência por mais gestações fora do útero, cirurgias de emergência por mais placentas que descolam e causam hemorragia, mais cirurgias de emergência por úteros rompidos, etc. Já hoje pode ser confiavelmente estimado que mais de um bilhão de dólares por ano nos EUA são desperdiçados em cesáreas eletivas desnecessárias. Se uma cesárea é feita somente porque a mulher requer assim, quem paga por isso? Se uma mulher requer um aumento de seios, a maioria dos convênios médicos e HMOs (Health Manintenance Organization – Organização de manutenção da Saúde) não pagará. Enquanto é próximo do impossível para um cirurgião encontrar uma razão médica para aumento de seios, é muito fácil para o obstetra encobrir uma cesárea a pedido apresentando uma justificativa médica como "falta de dilatação", etc. Esta é uma prática bem conhecida – atesta uma citação de um livro popular atualmente: "As mulheres escolhem ter uma cesariana porque elas querem manter o tônus vaginal de uma adolescente, e os médicos encontram uma explicação médica que vai de encontro ao convênio médico". Tal fraude difundida nos convênios significa que quando um convênio, não inteligentemente, paga por uma cesárea escolhida pela mulher, inevitavelmente o preço do prêmio tem que subir e todos aqueles que têm convênio com aquela empresa estão pagando pelas cesáreas desnecessárias – o público está pagando pela cesárea de escolha.
CONCLUSÃO
As mulheres corretamente lutam para não serem controladas por homens. Mas se as mulheres aceitam o modelo de assistência obstétrica que vê o parto como algo que acontece às mulheres ao invés de algo que as mulheres fazem, elas abrem mão de qualquer chance de controlar seus próprios corpos e fazer escolhas verdadeiras. Mulheres que exigem informação, mas somente obtêm informações selecionadas e favoráveis aos médicos aderem, não inteligentemente, à posição obstétrica e chamam isso de direito das mulheres. E tragicamente, aquelas mulheres que então escolhem a cesárea, perdem a oportunidade de experimentar o poder de seus corpos e perdem a oportunidade de experimentar o nascimento de seus próprios bebês. Escolher e perder. * N. T.: Os direitos de Miranda, ou "Miranda rights", são os direitos básicos do cidadão, alicerce da liberdade civil, que são por exemplo, citados no caso de uma prisão "Você tem o direito de se manter em silêncio, tudo que você disser pode e será usado contra você no tribunal (...)".
MARSDEN WAGNER
Concluiu seu treinamento médico na Universidade da Califórnia. Depois da especialização e da prática como pediatra e neonatologista, ele completou mais dois anos de pós graduação na UCLA em ciência da medicina e saúde pública antes de embarcar em uma carreira como um epidemiologista perinatal nos Estados Unidos e Dinamarca. Durante 15 anos como Responsible Office for Maternal and Child Health for the European office of OMS (que representa 32 países), trabalhou incansavelmente para promover o cuidado perinatal seguro e eficaz em países industrializados. Continua a viver na Dinamarca, onde trabalha como um consultor para a OMS, UNICEF, para o governo e organizações não govermentaais.

Traduzido por Ana Carolina Fortes para Amigas do Parto.
Publicado sob licença do autor

domingo, 15 de março de 2009

Vídeo - Parto Domiciliar

Quero compartilhar um vídeo de mais um parto natural e domiciliar! Desta vez, da Patrícia Bartolotto que pariu Vicente, hoje, com 8 meses vida extra-uterina. Vale muito a pena pela naturalidade e beleza demonstrada.

Acesso pelo link: http://www.youtube.com/watch?v=7BWS00HiMfA

Relato de Parto

Abaixo compartilho com vocês um depoimento de parto recém vivenciado. É lindo!!!! E além dessa beleza poética, é uma demonstração de força e superação de limites e de cultura arraigada.
Postado na comunidade VBAC no Orkut:
"Catarina e o sonho de um HBAC (Parto em casa após cesárea - Em 10/03/09) Amarelei. Arreguei. Pedi analgesia. Pedi cesárea. Chamei pela minha mãe. Falei que não queria mais brincar disso. Tava doeeeeendo!! Mas ao mesmo tempo eu repetia como um mantra: Eu vou conseguir... Eu vou conseguir. Eu VOU conseguir! Eu VOU CONSEGUIR! EU CONSIGO!! Fechava os olhos e lembrava de todos que me apoiaram. E de todos que, mesmo secretamente, torciam contra mim. Abria os olhos e via diante de mim três anjos que me falavam como eu estava indo bem, que faltava pouco, que agora estava cada vez mais perto, que eu era forte, que eu era guerreira. Guerreira? Eu me sentia uma farsa, uma traidora... Porque estavam todos ali me apoiando e eu pensando em como eu ia pedir para o Dr. Fred, assim que ele chegasse, pra me levar pro hospital e terminar com tudo. Mas isso eu não falei. E me apoiava nessas pessoas que, naquele momento eram toda a força que eu tinha. Allan, Clarissa e Rafaela. Se não fossem vocês eu não tinha conseguido. E eu dedico esse relato a vocês. Tudo começou às 03:30 da madrugada do dia 10. Contrações espaçadas, com um intervalo médio de 30 min, pouco doloridas. Levantei. Comi um sanduíche. Tomei suco. Pensando bem... Tudo começou às 17:30 do dia 09, quando a Rafaela, no consultório, espetou umas agulhas para começar a indução. Eu tinha completado 40 semanas na véspera, e agora o tempo estava contra mim. Com uma cesárea prévia recente, de 20 meses, estava fora de questão ser induzida com soro. Ou eu entrava em trabalho de parto, ou eu entrava. Saí do consultório normal. Não senti nada de diferente. Mas de madrugada a coisa começou a acontecer. Às 05:30 consegui me deitar novamente e cochilei entre as contrações por mais umas 2 horinhas. Allan foi levar o Rafa pra creche e voltou. Falei pra ele não ir trabalhar e ficar comigo. Ele ficou. Às 09:00 liguei pra Clarissa, as contrações estavam irregulares, começando a ficar doloridas, mas variavam desde 20 minutos entre uma e outra até 4 minutos entre elas!! Ela pediu pra eu anotar todas e me ligou às 10:00. Os intervalos maiores tinham baixado pra 10 minutos, mas ainda estavam irregulares. Eu tinha consulta com o Dr. Fred às 11:30, então combinamos que eu ligaria após a consulta e ela viria aqui pra casa ficar comigo. Tomei um copo de suco antes de sair de casa. Na sala de espera do consultório tive umas 3 ou 4 contrações das boas, ele atrasou um pouco pra me atender e só entrei meio-dia. Entre uma contração e outra fomos conversando. Só de olhar ele já disse: é, são contrações mesmo. Fui fazer o toque. Ele esperou uma contração passar e fez. Surpresa!! Colo do útero centralizado, longo, sem dilatação!! Como assim?? Mas como eu estava tendo contrações, a perspectiva é que eu começasse a dilatar em breve. A essa altura, estavam mais regulares, de 8 em 8 minutos. E o Dr. Fred falou que eu DEVERIA estar com pelo menos uns 3 cm. Combinamos então que ele viria aqui em casa às 16:00 para me reavaliar. Fui pra casa, cochilando entre uma contração e outra no carro. Liguei pra Rafaela e combinei dela ir lá em casa, eu tinha uma consulta com ela pra induzir às 14:00 e resolvemos mudar os planos, ela ia dar uma aliviada na dor com as agulhas. Chegamos e a Clarissa já estava esperando. Foi um alívio vê-la, pois eu estava desnorteada com a falta de dilatação. Assim que entramos, me deu uma ânsia de vômito e lá se foi o suco e o sanduíche da madrugada. Allan almoçou, mas eu não conseguia nem olhar pra comida. Tive também um pouco de diarréia. Fui pro chuveiro, na banqueta de parto. A água morninha aliviou um pouco a dor. Depois me deitei. A Rafaela chegou e começou a me espetar. Não sei dizer se ajudou ou não. Depois fui pra sala, ficar um pouco na bola. A cada contração eu ouvia a Clarissa falando pra eu não lutar contra a contração, pra eu deixar ela vir. Às vezes dava um desespero, eu esquecia de respirar. Fundamental ela estar lá pra me lembrar do que fazer e do que não fazer. Eu tinha que relaxar, saber que a contração tinha um pico de dor, e que a dor diminuía e depois dava tempo até de descansar para a próxima. Teve um momento que ela me garantiu que a dor não seria maior que aquela. Era tipo uma dor de cólica menstrual, realmente era suportável. Perguntei incrédula: “Não vai aumentar a intensidade?” E ela: “Não. Só vai ficar mais freqüente.” Eu repeti tentando internalizar a informação: “Mesma dor. Mais vezes. Acho que agüento.” Mas dá um desespero quando aumenta a freqüência. E eu não sei dizer se foram horas ou minutos daquele jeito. Pedi para deitar de novo. Me avisaram que deitada a dor piora, mas eu não queria saber, estava cansada. Meu corpo todo tremia. Combinamos que eu deitaria por 10 minutos e depois voltaria a caminhar na sala, sentar na bola, fazer os exercícios pra facilitar. Rá!! Não fiz nada disso. Deitei, e 10 minutos depois elas falaram pra irmos para a sala, caminhar. Eu não quis. Pra ir pra bola. Eu não quis. Pra ir pro chuveiro. Opa! Chuveiro. Em algum ponto da minha consciência lembrei que chuveiro era bom. Falei: “Chuveiro. Chuveiro é bom.” E levantei cambaleando para ir pro chuveiro. Que horas eram? Há quanto tempo eu estava ali? Não fazia a menor idéia. Um pensamento fixo: Chuveiro é bom. Sentei no vaso antes, fazer xixi. E saiu o tampão. Sei que ligaram pro Dr. Fred nessa hora. Falaram que ele estava vindo. Sentei na banqueta de parto, debaixo do chuveiro. E, umas poucas contrações depois senti uma coisa estranha... “Clarissa!! Estou com vontade de fazer força!!” Acho que assustei todo mundo na hora. “Vamos sair do chuveiro então.” “Daqui eu não saio! Quero fazer força agora!” “Então faz.” E a consciência voltou por um intervalo curto. E vi Allan agachado na minha frente, me segurando as mãos. E eu disse: “Mas o Dr. Fred ainda não chegou.” Como é que eu ia fazer força se ele não estava lá, pensei. “Estou com medo.” “Não precisa ter medo. Ele já está chegando.” Foi a minha passagem de ida. Fiz uma força comprida. Dilatação? Nem sei o que é isso... Lembram? Quatro horas antes estava com 0 de dilatação e agora com essa vontade louca de fazer força? Escutei um “pop”. Parecia uma bola de sabão estourando lá embaixo. Era a bolsa. Em seguida senti a cabecinha dela “coroando”, Allan colocou a mão e eu disse “Tira!”. Sei lá... Deu medo... Daí, em algum momento depois disso ele trocou de lugar com a Clarissa. Lembrei da Rafaela falando pra “soprar a vela”. Que era assim... Respirar fundo, soltar o ar, e depois soprar uma vela. Ela tinha me falado disso na véspera. E tinha dito que não queria me ver fazendo “força de cocô”... Fiz outra força grande... Soprei a vela, fiz força de cocô, tudo meio junto. E a Clarissa falando: “Faz força devagar, senão vai lacerar.” Lacerar? Eu não tava nem aí. Lacerar é o caramba, que se dane, vou fazer a força que eu quiser! E saiu a cabecinha, parecendo um sabão. Mais uma força e veio o corpinho. Ouvi o choro, olhei, colocaram aquela coisinha suja de sangue, molhada, linda, nos meus braços... Olhei pra Clarissa e falei: “Clarissa, eu consegui...” E todo mundo no banheiro ficou em polvorosa. Aí eu ouvi um “cataplof!” e era a placenta, caindo inteirinha no chão, sem fazer força nem nada. Perguntei as horas. Ninguém tinha se lembrado de olhar... Eram 16:55. Daí calcularam rápido em 16:45, mas o Allan falou: “Mas não tem 10 minutos!!” e combinamos que tinha nascido às 16:50. Hora de ir pro quarto me deitar. Desmaiei. Exaustão, cansaço, perda de sangue, pressão baixa, hipoglicemia, tudo junto. Me reanimaram, Perguntei pela Catarina. Estava nos meus braços. Segura. Tentei de novo, outro desmaio. Me reanimaram de novo. Insisti em continuar. Um terceiro desmaio, já no meu quarto, no pé da cama. Catarina estava na bacia, junto com a placenta nessa hora. Não me deixaram levantar, o Dr. Fred tinha chegado. Clarissa ficou com Catarina nessa hora, aproveitou pra limpá-la, enquanto Allan e Fred me colocavam na cama. Bateu um desespero, pedi minha filha, me entregaram. Eu juro que achei que ia morrer. Os desmaios me assustaram mais que todo o resto. O Dr. Fred examinou a pequena, cortou o cordão. Ninguém lembrou que Allan queria cortar o cordão, nem mesmo ele! Estava tudo bem com ela e comigo. Ele examinou o períneo, uma laceração de segundo grau, 4 pontos. Menos que uma episio! Rá! Peso? Uns 3,200, chutado. Altura? Medimos hoje de manhã com uma fita métrica... 49 cm. APGAR? 10 aos 5 minutos (o Dr. Fred disse hoje de manhã... Ele voltou aqui para nos ver.) Dores? Pra sentar, um pouco... Os pontos beliscam. Dor nas costas, nas pernas, típicas de esforço físico, especialmente pra quem é sedentária. Tomei banho sozinha hoje de manhã. Consigo andar, sentar, levantar, deitar... Tudo meio dolorido, o útero está contraindo e dói também. E isso são as primeiras 24 horas. Minha princesa nasceu bem, com dez dedinhos nas mãos, dez dedinhos nos pés, na casa dela. Não foi pra berçário, UTI, incubadora. Veio para os meus braços. Não pingaram nitrato de prata nos seus olhos. Não deram injeção de vitamina K. Muito menos soro glicosado ou leite artificial. Tem um pulmão fortíssimo, chora bem alto. Tem uma pegada no peito que só lembro do Rafa com três meses pegando parecido. Suga forte. Meu colostro desceu hoje e o leite deve estar a caminho. Estou feliz! Demorei para dormir ontem pela euforia que tomava conta da minha mente, apesar do corpo cansado. Minha mãe (que chegou depois de tudo terminado, ela foi buscar o Rafa na creche para nós) olhou para mim, num momento que ficamos a sós e me disse: “Eu achei que você não ia conseguir.” Com um sorriso no olhar como que dizendo o quanto ela estava feliz por mim. Eu respondi: “Eu também achei que não.” "

Recomendações OMS


Recomendações da OMS (Organização Mundial da Saúde) no Atendimento ao Parto Normal

A) Condutas que são claramente úteis e que deveriam ser encorajadas:
1. Plano individual determinando onde e por quem o parto será realizado, feito em conjunto com a mulher durante a gestação, e comunicado a seu marido/ companheiro e, se aplicável, a sua família.
2. Avaliar os fatores de risco da gravidez durante o cuidado pré-natal, reavaliado a cada contacto com o sistema de saúde e no momento do primeiro contacto com o prestador de serviços durante o trabalho de parto e parto.
3. Monitorar o bem-estar físico e emocional da mulher ao longo do trabalho de parto e parto, assim como ao término do processo do nascimento.
4. Oferecer líquidos por via oral durante o trabalho de parto e parto.
5. Respeitar a escolha da mãe sobre o local do parto, após ter recebido informações.
6. Fornecimento de assistência obstétrica no nível mais periférico onde o parto for viável e seguro e onde a mulher se sentir segura e confiante.
7. Respeito ao direito da mulher à privacidade no local do parto.
8. Apoio empático pelos prestadores de serviço durante o trabalho de parto e parto.
9. Respeitar a escolha da mulher quanto ao acompanhante durante o trabalho de parto e parto.
10. Oferecer às mulheres todas as informações e explicações que desejarem.
11. Não utilizar métodos invasivos nem métodos farmacológicos para alívio da dor durante o trabalho de parto e parto e sim métodos como massagem e técnicas de relaxamento.
12. Fazer monitorização fetal com auscultação intermitente.
13. Usar materiais descartáveis ou realizar desinfecção apropriada de materiais reutilizáveis ao longo do trabalho de parto e parto.
14. Usar luvas no exame vaginal, durante o nascimento do bebê e na dequitação da placenta.
15. Liberdade de posição e movimento durante o trabalho do parto.
16. Estímulo a posições não supinas (deitadas) durante o trabalho de parto e parto.
17. Monitorar cuidadosamente o progresso do trabalho do parto, por exemplo, pelo uso do partograma da OMS.
18. Utilizar oxitocina profilática na terceira fase do trabalho de parto em mulheres com um risco de hemorragia pós-parto, ou que correm perigo em conseqüência de uma pequena perda de sangue.
19. Esterilizar adequadamente o corte do cordão.
20. Prevenir hipotermia do bebê.
21. Realizar precocemente contacto pele a pele, entre mãe e filho, dando apoio ao início da amamentação na primeira hora do pós-parto, conforme diretrizes da OMS sobre o aleitamento materno.
22. Examinar rotineiramente a placenta e as membranas.

B) Condutas claramente prejudiciais ou ineficazes e que deveriam ser eliminadas:
1. Uso rotineiro de enema.
2. Uso rotineiro de raspagem dos pelos púbicos.
3. Infusão intravenosa rotineira em trabalho de parto.
4. Inserção profilática rotineira de cânula intravenosa.
5. Uso rotineiro da posição supina durante o trabalho de parto.
6. Exame retal.
7. Uso de pelvimetria radiográfica.
8. Administração de ocitócicos a qualquer hora antes do parto de tal modo que o efeito delas não possa ser controlado.
9. Uso rotineiro da posição de litotomia com ou sem estribos durante o trabalho de parto e parto.
10. Esforços de puxo prolongados e dirigidos (manobra de Valsalva) durante o período expulsivo.
11. Massagens ou distensão do períneo durante o parto.
12. Uso de tabletes orais de ergometrina na dequitação para prevenir ou controlar hemorragias.
13. Uso rotineiro de ergometrina parenteral na dequitação.
14. Lavagem rotineira do útero depois do parto.
15. Revisão rotineira (exploração manual) do útero depois do parto.

C) Condutas utilizadas com insuficientes evidências que apóiem a sua clara recomendação e que devem ser utilizadas com precaução até a conclusão de novos estudos:
1. Método não farmacológico de alívio da dor durante o trabalho de parto, como ervas, imersão em água e estimulação nervosa.
2. Uso rotineiro de amniotomia precoce (romper a bolsa d’água) durante o início do trabalho de parto.
3. Pressão no fundo uterino durante o trabalho de parto e parto.
4. Manobras relacionadas à proteção ao períneo e ao manejo do pólo cefálico no momento do parto.
5. Manipulação ativa do feto no momento de nascimento.
6. Utilização de ocitocina rotineira, tração controlada do cordão ou combinação de ambas durante a dequitação.
7. Clampeamento precoce do cordão umbilical.
8. Estimulação do mamilo para aumentar contrações uterinas durante a dequitação.

D) Condutas freqüentemente utilizadas de forma inapropriada:
1. Restrição de comida e líquidos durante o trabalho de parto.
2. Controle da dor por agentes sistêmicos.
3. Controle da dor através de analgesia epidural.
4. Monitoramento eletrônico fetal.
5. Utilização de máscaras e aventais estéreis durante o atendimento ao parto.
6. Exames vaginais freqüentes e repetidos especialmente por mais de um prestador de serviços.
7. Correção da dinâmica com a utilização de ocitocina.
8. Transferência rotineira da parturiente para outra sala no início do segundo estágio do trabalho de parto.
9. Cateterização da bexiga.
10. Estímulo para o puxo quando se diagnostica dilatação cervical completa ou quase completa, antes que a própria mulher sinta o puxo involuntário.
11. Adesão rígida a uma duração estipulada do segundo estágio do trabalho de parto, como por exemplo, uma hora, se as condições maternas e do feto forem boas e se houver progresso do trabalho de parto.
12. Parto operatório (cesariana).
13. Uso liberal ou rotineiro de episiotomia.
14. Exploração manual do útero depois do parto.

quarta-feira, 11 de março de 2009

terça-feira, 10 de março de 2009

Amamentação por mais Tempo Reduz o Risco de Enfarte nas Mulheres

Hoje o Jornal Estado de São Paulo publicou uma reportagem sobre um estudo "Mulher que amamenta por mais tempo tem menos risco de enfarte". Esta pesquisa foi realizada com 89.326 mulheres que tiveram pelo menos um filho. Este é só mais um motivo para incentivarmos a amamentação dos nossos bebês por quanto tempo for possível!

A reportagem apresenta várias curiosidades, informações e explicações. Vale a pena ler na íntegra. Acesse pelo link: http://www.estadao.com.br/estadaodehoje/20090310/not_imp336152,0.php

De qualquer forma deixo aqui apenas o primeiro parágrafo para que você possa sentir o sabor de toda a pesquisa. Veja abaixo:

"Estudo publicado no American Journal of Obstetrics & Gynecology indicaque amamentar por 1 ano ou mais pode reduzir em 13% o risco deenfarte. O índice de proteção pode chegar a 37% quando o tempo dealeitamento, consideradas todas as gestações, ultrapassa dois anos. Obenefício foi observado em mulheres cujo último filho havia nascidoaté 30 anos antes. É a primeira evidência de que o tempo acumulado deamamentação pode influenciar a saúde cardiovascular no longo prazo."

Parto é vida!

Veja a reportagem escrita por Carla Arruda, doula aqui de Sorocaba e Itu. Suscinta, mas bastante interessante! Você pode encontrar essa reportagem também no link: www.itu.com.br
"O nascimento tem hora para terminar ou maneira certa de ocorrer"
Atualmente o assunto parto normal ou parto natural tem tido espaço em diferentes programas de rádio e televisão, além de propagandas de incentivo do governo. Mas o que isso significa? Por que precisamos dizer que o nascimento é algo natural? Refletindo a respeito pensei em perguntar se alguém já tinha visto alguma campanha ou propaganda como "Alimente-se" ou "Exercite-se" e meu desencanto foi descobrir que sim, temos propagandas e campanhas para tudo isso. O que acontece conosco? Precisamos ser lembrados do que é viver?

Tenho visto muito essa necessidade na minha atuação com gestantes na região, contexto que também se repete em muitas cidades de nosso país: mulheres pouco informadas e temerosas, sociedade descrente na capacidade natural da mulher de parir, falta de auxílio e compreensão por parte dos profissionais.

O parto tornou-se um evento com hora marcada, assim como uma reunião, ditado pelo milagre da medicina – a cesárea, seja pela suposta praticidade, ausência de dor ou ainda, a não possibilidade de um corpo sadio em parir – falta dilatação, bacia estreita, bebê preguiçoso e por ai vai. A Organização Mundial da Saúde (OMS) estima que até 15% dos nascimentos necessitam ocorrer por cesárea, o que demonstra que esse procedimento sim é necessário, mas na minoria dos casos. No entanto, nosso país é campeão mundial de cesáreas, contrariando países de primeiro mundo.

Quando não visto como um evento com hora marcada, o nascimento tem hora para terminar ou maneira certa de ocorrer – como se o natural tivesse protocolo -, trazendo consigo uma cascata de intervenções muitas vezes invasivas. A OMS também cita que muitos procedimentos hospitalares usados de forma rotineira devem ser resguardados a casos necessários – como o corte perineal (episiotomia) e a posição de titotomia (deitada).

Precisamos olhar para nós e para aquelas que carregam nosso futuro no ventre e entender que gerar uma vida é algo natural e fisiológico e não um procedimento ou protocolo, algo a ser medido e remediado. Já adianto que não proclamo o fim de pré-natal ou acompanhamento médico, mas falo em prevenção e promoção de saúde. As tecnologias devem estar a disposição a partir do momento em que uma mulher sadia passa a apresentar algum quadro patológico que necessita de apoio.

A mulher nasce, aprende a andar e comer, convive socialmente, amadurece e gera; parir também é um processo ativo comandado por seu corpo, instintivo. Uma mulher em trabalho de parto não necessita ser internada num hospital como quando estamos doentes e necessitamos que alguém nos ajude na cura. Ela precisa ser acompanhada, acolhida e se necessário, auxiliada, seja em sua casa, em uma casa de parto ou em uma maternidade.

Precisamos afirmar que o parto e o nascimento são processos naturais, pois a vida moderna nos pregou uma peça, tirando o direito aos nossos instintos e trazendo conseqüências ainda silenciosas, como a depressão pós-parto, recém-nascidos com problemas respiratórios e outros. Para isso, informar, questionar, oferecer redes de suporte como grupos, enxergar o outro como ser individual, exigir que direitos sejam respeitados e desmistificar esse marco na vida feminina e familiar me parece um caminho certo a trilhar, mesmo que longo. Assim como o parto, renovar conceitos é uma jornada que deve ocorrer no seu tempo e de forma natural. "

Carla Arruda é terapeuta ocupacional pela Universidade Federal de São Carlos, especialista em medicina chinesa e Acupuntura pelo CETN-Sorocaba e atua como doula pela humanização do parto e nascimento na região de Sorocaba e Itu. Coordena voluntariamente o Grupo de Gestantes na UBS Vila Hortênsia de Sorocaba e também é uma das organizadoras do Espaço Ishtar da mesma cidade.

domingo, 8 de março de 2009

Água com Açúcar e Cólo de Mãe Amenizam a Dor

Parece que a sabedoria popular mais uma vez tinha razão. Água com açucar e muuuuuito carinho amenizam a dor. Segundo matperia da Agência do Estado em São Paulo, um estudo comprovou esta saberodia milenar de nossos pais. Mas vale lembrar que o leite materno também amenizam a dor dos nossos pequeninos. Assim, pais que não querem dar água com açucar aos rescém nascidos, podem usar dessa outras estratégia.

Estudiosos descobrem que água com açúcar e colo têm poder analgésico
Agência Estado Em São Paulo

Pesquisadores da Universidade Federal de São Paulo (Unifesp) acabam de descobrir a fórmula de um poderoso analgésico, capaz de reduzir em até 50% as dores em recém-nascidos: o colo da mãe misturado à água com açúcar. A sabedoria popular foi comprovada cientificamente pelo Departamento de Pediatria da entidade, que analisou 640 bebês, pouco antes de tomarem a dolorosa vacina contra hepatite B - forma mais eficaz de proteger contra a doença. Todos os participantes eram saudáveis e foram divididos em quatro grupos. Uma turma recebeu só água com açúcar antes da injeção. Outra o colo da mãe. Na terceira foi aplicado o combinado entre as duas (colo e água) e a quarta não recebeu nenhuma das fórmulas. "Já existiam alguns trabalhos sugerindo que o contato pele a pele (entre mãe e filho) tinha efeito analgésico, mas nenhum com uma amostra tão significativa", afirma Ruth Guinsburg, orientadora do estudo, que foi conduzido em parceria com a pediatra Aurimery Gomes Chermont, professora na Universidade Federal do Pará.

Apenas o contato com a pele da mãe já diminui a dor do bebê em 30%
UOL GRAVIDEZ E BEBÊS
"Outra proposta nossa foi comprovar a eficácia da solução glicosada (água com açúcar). Concluímos que isoladas, as duas práticas diminuem em 30% a ocorrência da dor. Aplicadas juntas, os episódios dolorosos são reduzidos pela metade." Encontrar um analgésico eficaz e de baixo custo é uma necessidade, especialmente para as maternidades, locais onde poucas pessoas lembram que os pequenos pacientes precisam enfrentar passagens doloridas. Estimam os pediatras especializados em neonatologia que apenas nos primeiros momentos após o nascimento, as crianças enfrentam 100 episódios dolorosos, mas necessários para a saúde, como o teste do pezinho, a aplicação de injeção de vitamina K e coleta de material para exame. Em bebês prematuros internados em UTI são estimados 500 procedimentos que estimulam a dor. As informações são do Jornal da Tarde.

http://cienciaesaude.uol.com.br/ultnot/estado/2009/02/27/ult4513u2094.jhtm

Tipo de Parto: Desejo X Resultados

Sabe-se que temos pouco espaço para realizarmos trabalhos de conscientização sobre os benefícios do parto normal com médicos obstetras, mas não podemos deixar nossa bandeira de lado. Vamos então trabalhar para o emponderamento de nossas mulheres, para que elas tenham informação suficiente para lutar e buscar aquilo que realmente desejam e que tras mais benefícios à ela e ao bebê.

Vejam mais um estudo realizado no SUS no Rio de Janeiro. Que oportunidade de trabalho temos junto à prefeituras!

"Trajetória das mulheres na definição pelo parto cesáreo: estudo de caso em duas unidades do Sistema de Saúde Suplementar do Estado do Rio de Janeiro

Resumo: No Brasil, as taxas de cesariana são bastante elevadas, principalmente nos serviços privados, estando provavelmente associadas a fatores socioeconômicos e culturais. O objetivo deste estudo foi descrever as características socioeconômicas, demográficas, culturais e reprodutivas de puérperas e os determinantes da decisão por parto cesáreo em duas unidades do sistema de saúde suplementar do Estado do Rio de Janeiro. A população foi composta por 437 puérperas que tiverem partos vaginais ou cesarianos nas duas unidades selecionadas. Os dados foram coletados por meio de entrevistas com as mães e consulta aos prontuários. Através de regressão logística não condicional, avaliaram-se os fatores associados à decisão por cesariana como via de parto, seguindo os modelos hierárquicos estabelecidos em três momentos definidos: no início, ao longo da gestação e no momento do parto.
Observou-se que embora 70% das entrevistadas não relatassem preferência inicial pela cesariana, 90% delas apresentaram esse tipo de parto. Verificou-se que, independente do desejo inicial da gestante, a interação com o serviço de saúde resultou na cesariana como via final de parto. Trabalhos educativos direcionados às gestantes e à população geral e mudanças no modelo de assistência ao parto podem ser estratégias promissoras para a reversão desse quadro. Palavras chaves: cesariana, saúde suplementar, pré-natal"

ARTIGO COMPLETO: http://www.abrasco.org.br/cienciaesaudecoletiva/artigos/artigo_int.php?id_artigo=819

Investimento na Mulherada!!!!

Hoje no dia internacional da mulher, quero compartilhar com vocês uma reportagem sobre um estudo que indica que "Investir em Mulheres dá Maior Retorno Social". É um estudo bastante importante para os nossos gestores públicos refletirem sobre seus investimentos. Já que o mesmo estudo aponta que 90% da renda recebida por nossas mulheres, elas revertem para sua família.
É por essas e outras que o Parto de Gente existe. Apoiar e emponderar nossas mulheres investindo em um momento de parto muuuuuuuito mais humanizado e reconfortante.

"Investir e educar as mulheres e meninas de um País traz um retorno mais alto para o desenvolvimento local do que qualquer outra forma de investimento. Essa conclusão, resumo de uma série de estudos que tratam da capacidade das mulheres de agirem como agentes de transformação social nas comunidades onde vivem, não veio de grupos feministas ou organizações não-governamentais: é o resultado de um painel realizado no último Fórum Econômico Mundial conduzido por uma diretora do Banco Mundial, Ngozi Okonjo-Iweala.
A conclusão no evento deu maior visibilidade para um tema que tem atraído a atenção de sociólogos, economistas, gestores públicos e organizações sociais - o chamado Efeito Feminino (The Girl Effect, como é conhecido em inglês). Em outras palavras, é o resultado do investimento nas meninas, desde a infância até a idade adulta, que a sociedade percebe.
Até alguns anos restrito à observação de quem acompanhava a área, esse efeito aparece com maior frequência em números e pesquisas. Dados da Fundação Nike, por exemplo, mostram que a economia de um país cresce 3% a cada 10% de meninas que ele coloca no ensino básico. E, assim que passa a ter rendimentos próprios, a mulher gasta 90% de seu dinheiro com a família - ao contrário dos homens, que usam para isso 35%. Com sete anos a mais de educação, uma garota casará quatro anos mais tarde e terá dois filhos a menos.
"A importância do investimento social na mulher é clara e comprovada para promover o desenvolvimento. Mesmo assim, ainda é muito pequena e há poucas ações em curso no Brasil", afirma Amália Fischer, coordenadora executiva do Elas, um fundo de investimento social que direciona recursos para projetos voltados para meninas e mulheres. "São as mulheres que assumem suas famílias, que educam seus filhos, que geram renda para suas casas e ainda há poucos programas que investem nelas."
Esta reportagem foi extraída do portal yahoo.com

quarta-feira, 4 de março de 2009

"O Parto é Delas!!!"

Quero compartilhar a reportagem "O Parto é Delas" publicado na Revista do Brasil (Out/2008) sobre a humanização do Parto. Além de lidas as fotos da matéria, ela é também, bastante informativa. Vale a Leitura. Segue o link de acesso: www.agenciafotogarrafa.com.br

Até mais!

domingo, 1 de março de 2009

Por que o Número de Cesáreas Não Diminuem???

Em uma das listas de discussão da qual participo, uma das doulas mais reconhecidas do Brasil fez um comentário que eu acho que vale muito colocar aqui. É mais uma reflexão sobre alguns dos motivos do número de cesáreas não diminuir no nosso país. Ela também esclarece alguns mitos que pela falta de informação nem sempre sabes a verdade.
Eu espero que possamos ter cada vez mais informação sobre os benefícios e malefícios da cesárea e do parto normal, assim poderemos escolher com maior clareza e fundamento. Além disso, espero que tenhamos peito para levar nossa escolha até o fim, apesar das pressões.
Segue o comentário da Ana Cris, doula e obstretiz em São Paulo.
"Porque as taxas de cesárea não baixam? Não posso nem tenho condições de julgar a necessidade ou não dacesárea da Gisele, da Eliane, da Darliane, etc.. Só quem estava lá é que sabe. Só quem agora tem um corte para cicatrizar sabe o tamanhoda dor, etc... Mas eu queria comentar esse trecho de um e-mail que recebi de uma dessas mães, porque ele me ajuda a ilustrar o problema que estamos enfrentando:
"estava com 41 semanas e 1 dia (capurro 40,4)... Liquido =37 eIsabella alta, colo fino, apagado 80% mas fechado. O risco era paraa Isabella, o ultrassom mostrava uns 4.300kg, 4500 kg, mas ela nasceu com4.070 mesmo assim um bb grande, com 51 cm."
Eu só posso falar da minha experiência aqui em São Paulo, com aequipe com quem trabalho mais, ok? Também posso falar das evidênciascientíficas.
1) Cálculo de peso pelo ultrasom, não serve para nada. Pode falarque tem 5 kg, pode falar que tem 300 g. Não serve para nada. Nomáximo serve para avaliar de perto um caso de Restrição deCrescimento Intra Uterino, o que nitidamente não é o caso. Foraisso, só serve para deixar as pessoas nervosas e acreditando que "obebê não vai passar. Por aqui não se pede ultrasom de final degravidez, a não ser para avaliação de bem estar fetal após 41semanas (doppler e quantidade de líquido).
2) Peso. O peso por si só não é um problema. Anteontem nasceu um de4300g que a Cris acompanhou. Mês retrasado um de 4750g, primigesta. Outro dia um VBA3C de 4kg. Peso não é um problema, e enquanto nãocomeçarmos a pensar COLETIVAMENTE em como baixar a ansiedade daspessoas em relação ao tamanho do bebê, elas vão continuar indo para induções e cesáreas por medo do bebê grande que não vai passar (não estou falando que é o caso da Eliane, mas sim algo que acontece coletivamente).
3) Indução: está aí um ponto nevrálgico. Qual é a indicação para se induzir um parto? 41 semanas e 1 dia? 41 semanas? Porque é que as mulheres estão se submetendo a induções que obviamente não vão funcionar? (aliás essa semana participei de uma indução fajuta com uma equipe que eu não conhecia, estou com a coisa entalada na garganta). Mais uma vez: indução é coisa séria. Tem risco da ocitocina (edema, sofrimento fetal, descolamento de placenta, etc), dificilmente funciona, especialmente em colo impérvio. Ela só serve para não ir para a cesariana com o útero pouco trabalhado. Mas me pergunto se realmente é necessário passar por esse banho químico antes da cesárea, que já está meio anunciada mesmo.
4) Data provável, data da última menstrução, data do ultra-som, data da cartomante, etc.. Pra que? Mulherada, se liguem! Data provável é DATA IMPROVÁVEL. Vamos começar a entender que essa data não serve para NADA! Serve apenas para balizar de longe. A maior ansiedade não é dos parentes, não! é a de vocês mesmas! E depois o bebê nasce com um capurro de 40 semanas, cheio de vérnix, etc... Bebês não passam mal dentro do útero, pessoal! Existem processos que demoram dias e dias para se instalar, não é assim, ele está ótimo com 41 semanas e de repente, no dia seguinte, CAPUT, passou mal, ficou cansado e se enforcou no cordão. O útero é um lugar seguro para o bebê. Eu tenho visto de forma recorrente as mães ficarem super duronas e poderosas até 38 semanas. Daí começa a piração. Com 40 semanas ela já acha que devia ter nascido. E com 41 semanas está disposta a transar com o Seu Zé da portaria, se alguém disser que ela entra em trabalho de parto. Está na hora da gente começar a se conscientizar que a gestação humana vai até 42 semanas. Aqui em SP tenho acompanhado partos de 41, 42 e até 43 semanas com bastante frequência. E se esperar, as mulheres entram em trabalho de parto, por incrível que pareça. E quando o bebê nasce, qual é o Avaliação pelo Capurro? 40, 41 no máximo!! Para baixar o número de cesáreas não basta "querer parto normal". Tem que assumir umas coisas bem difíceis mesmo. Tem que bancar na hora do pega, porque parto normal com 37 semanas, com 4 horas de trabalho de parto e 15 minutos de expulsivo, bebê de 2800g, até o Dr. Z. topa. E as mulheres também esperam na boa 37 semanas. Para baixar o número de cesáreas, precisa mergulhar de cabeça mesmo. Só para esclarecer, só usei esse trecho da mensagem da Eliane porque está à mão e é o exemplo mais recente das armadilhas nas quais caímos. Enquanto acreditarmos na nossa incompetência, continuaremos com essa batelada de cesarianas aqui na lista. Todas necessárias. Todas com excelentes explicações. Porém, por alguma razão, numa quantidade absurda, que nos remete aos princípios da lista. A mim, não chega a causar grandes problemas, já fiz minha cesárea estupidamente indicada, já tive meu parto normal hospitalar cheio de intervenções e não vou mais ter filhos.
Agora é com vocês, se quiserem pular isso tudo. Com diz Michael Odent, uma cesárea é uma cesárea, não tem significado. A cesárea da Gisele, isoladamente não é nada, da Eliane, da Darliane,etc.. Uma cesárea é uma cesárea. O problema é quando metade da população mundial nasce de cesarianas. Pelo menos na nossa lista,acho que já chegamos nesse índice. O que está acontecendo com as nossas mulheres e os nossos bebês, enquanto espécie? O que vai acontecer com a gente?”
Ana Cris