terça-feira, 13 de abril de 2010

Circular de Cordão: O Grande MITO!!!

Compartilho com vocês um texto maravilhoso de um médico obstetra também maravilhoso: Dr. Ricardo Jones. Neste texto ele comenta como as famosas Ciculares de Cordão não passam de um grande mito, mas que ainda levam a inúmeras cesáreas desnecessárias em nosso país. Deleitem-se com esta reflexão leve, agradável e muito profunda.


"Circular de Cordão"
(Dr. Ricardo Herbert Jones)

"Minha experiência com circulares de cordão é razoável. Muitas pacientes me procuravam com medo de uma cesariana porque o seu médico falava que o cordão esta enrolado no pescoço, portanto uma cesariana era mandatária, sob pena do nenê entrar em sofrimento.

Circulares de cordão são banalidades na nossa espécie. Um número muitogrande de crianças nasce assim. Eu tinha a informação que a incidência erade 30%, mas talvez seja um número antigo ou inadequado. De qualquer sorte,uma quantia considerável de crianças vem ao mundo desta forma. Já tivepartos com 3 voltas bem firmes no pescoço, e com apgar 9/10.

É engraçado ver a expressão das pacientes quando conto pra elas que o que me preocupa não é o pescoço, mas o cordão. O fato do pescoço estar sendopressionado é pouco importante se comparado com a compressão do cordão. A fantasia da imensa maioria das mulheres (mas também dos homens) é que a criança está se ""enforcando"" no cordão. Elas ficam surpresas quandoexplico que o bebê não está respirando, então porque o medo da asfixia? Acontece que existe espaço suficiente para o sangue transitar pela estruturado cordão, protegida pela geléia de Warthon que o recobre, mesmo com voltasem torno do pescocinho. Além disso, se houver uma diminuição na taxa depassagem de oxigênio pelo cordão isso será percebido pela avaliação intermitente durante o trabalho de parto. E esse evento NUNCA é abrupto. DIPs de cordão, como os chamamos, ficam dando avisos durante horas, e são diminuições fortes apenas durante as contrações, com o retorno para umbatimento normal logo após. Marcar uma cesariana por um cordão enrolado no pescoço é um erro.

Sei como é simples e fácil apavorar uma mãe fragilizada contando histórias macabras a esse respeito, mas a verdade é que não se justifica nenhuma conduta intervencionista em virtude deste achado. Por outro lado, a presença deste diagnóstico tão disseminado nos consultórios e nas conversas entre pacientes nos chama a atenção porque, se não é um problema médico, é uma questão sociológica.

Esse exame parece funcionar como um acordo subliminar entre dois personagensescondidos no inconsciente dos participantes da trama, médico e paciente.

De um lado temos uma paciente amedrontada, desempoderada diante de uma tarefa que parece ser muito maior do que ela. Acredita piamente no que o""representante do patriarcado"" (no dizer de Max) lhe diz. Não retruca, não critica; sequer pergunta. Nada sabe, mas precisa do auxílio daquele que detém um saber fundamental aos seus olhos. Diante das incertezas, da culpa,do medo e da angústia ela se entrega, aliena-se. Fecha os olhos e coloca o"anel", que faz com que ela mesma desapareça, entregando-se docilmente aos desígnios dos que detém o poder sobre seu destino. Oferece seu corpo paraque dele se faça o que for necessário.

Na outra ponta está o médico. Sofre em silêncio a dor da sua incapacidade.Pensa baixinho para que ninguém leia seus pensamentos. Sabe que pouco sabe,mas também tem plena noção do valor cultural que desempenha. Nada entende domilagre do nascimento, mas percebe seus rituais, muitas vezes ridículos,outras vezes absurdos e perigosos, produzem uma espécie de tranquilização nas mulheres. Não se encoraja a parar de encenar, porque teme que não lhe entendam. Continua então repetindo mentiras, esperando que não descubram o quão falsas e frágeis elas são. É muitas vezes tomado pelo ""pânico consciencial"", que é o medo diante de uma tomada de consciência. Muitas vezes age como um sacerdote primitivo que, por uma iluminação divina ou por conhecimento adquirido, percebeu que suas rezas e ritos de nada influenciamas colheitas, e que o que governa estes fenômenos está muito além de suas capacidades. Entretanto, sabe que os nativos precisam dos rituais, que elepercebe agora como inúteis, porque assim se dissemina a confiança e a esperança. Mente, mas de uma forma tão brilhante, sofisticada e tecnológica,que deveras acredita no engodo que produz.

Ambos, mulher e médico, precisam aliviar suas angústias diante de algo poderoso, imprevisível e incontrolável. Olham-se e tramam o golpe. O plano que deixará ambos aliviados diante do enfrentamento. Mentem-se comos olhos. Eu finjo saber; você finge acreditar. Peço os exames. Todos. E mais um pouco. Procuro até encontrar aquilo que nos fornecerá a chave. A minúscula desculpa. Eu, com ela nas mãos, posso realizar os rituais que medesafogam da necessidade de suportar a angústia de olhar e nada fazer. Você,poderá escapar da dor de aguardar e fazer o trabalho por si. Poderá dizerque ""tentou"", mas, foi melhor assim. O nenê poderia correr perigo. Ocordão poderia deixar meu filho com problemas mentais, etc.

Feito. Pedido o exame, lá estava: O cordão, mas poderia ser o líquido, aposição, a placenta, a ossatura, as parafusetas protodiastólicas. Quem se importa? O carneiro, a virgem, o milho, todos são sacrificados. Quem seimporta? Livramo-nos da dor. Anestesiamos nossas fragilidades e angústias. Ritualizamos, encenamos e todos acreditam. Nem todos! Alguns acordam, mesmo que leve muito, muito tempo. "

Dr. Ricardo Herbert Jones
Médico obstetra e homeopata
Porto Alegre - RS.

sexta-feira, 9 de abril de 2010

Parto Humanizado retoma antigos procedimentos e devolve à mãe o controle do ritmo do seu corpo na hora de dar à luz

Compartilho com vocês um artigo publicado no Guia do Bebê da UOL :


Leia o Artigo abaixo ou acesse pelo link:
http://guiadobebe.uol.com.br/parto/parto_humanizado_devolve_a_mae_o_controle_no_parto.htm

"Parto humanizado retoma antigos procedimentos e devolve à mãe o controle doritmo do seu corpo na hora de dar à luz Grande parte das mulheres passam a gestação preocupadas com a hora do parto,afinal a própria palavra se tornou sinônimo de algo sacrificado, difícil e até mesmo doloroso. Mas será que a hora de receber o bebê aguardado por novemeses deve ser realmente traumátca? Para a enfermeira obstetra Andréa Porto da Cruz, não.

Com experiência na área de obstetrícia, a enfermeira é defensora do parto natural humanizado e diz que com este método a mulher pode ter total domíniodo momento do nascimento. “O parto natural ou humanizado representa uma retomada do método antigo de dar à luz quando a mulher dita o ritmo do parto, ela escolhe como terá o bebê e quando ele nascerá”, diz Andréa.

A diferença entre parto natural humanizado e o parto normal é justamente amaneira como o processo é conduzido. No parto humanizado o atendimento é centrado na mulher, que é tratada com respeito e de forma carinhosa, podendo desfrutar da companhia da família, caminhar, tomar banho de chuveiro ou banheira para aliviar as dores. As intervenções de medicamento, aceleração do parto ou mesmo o tradicional corte vaginal acontece somente quando é estritamente necessário.

“Hoje o parto normal é mesmo um sofrimento. A mãe tem que ficar deitada todo o tempo em que está em trabalho de parto, geralmente com soro que acelera o processo, na hora do parto ela é removida para outra sala e recebe de qualquer forma o corte vaginal. Além de tudo isso ela não pode gritar, andar e muitas vezes fica sozinha durante este processo”, explica a enfermeira.

Alguns hospitais oferecem uma situação mais acolhedora na hora do parto, com quartos que são usados antes, durante e depois do parto, mas a também enfermeira obstetra Karina Fernandes comenta que para isso toda a equipe deve estar preparada e disposta para enfrentar o trabalho de parto no ritmo da mulher.

Karina acompanha partos em casa. Ela diz que a mulher que opta pelo partonatural deve estar disposta e consciente de que terá papel ativo no parto. A enfermeira, quando solicitada para este tipo de parto caseiro, acompanha a gestante desde o início das contrações até o nascimento e deve estar preparada para levar a gestante para o hospital caso o parto natural não seja realmente possível.

O grande medo de toda mulher é a dor. Sobre isso, Andréa explica que elavaria muito de pessoa para pessoa e que ela pode ser aliviada de formanatural, com massagens nas costas, aromaterapia, banhos de chuveiro ou de banheira. O tempo em que a gestante fica em trabalho de parto também pode ser variado. Em geral a primeira gestação leva em torno de 16 horas, já as demais o tempo chega a 12 horas.

Para que os casos de intervenção sejam minimizados existem alguns procedimentos que podem ser feitos antes de se optar pela cesárea.“Colocamos a gestante para fazer alguns exercícios em bola de parto e outrosaparelhos para recolocar o bebê em posição para o parto. Vamos monitorando o tempo todo, com o partograma, que é um gráfico para avaliar a evolução do parto e no caso de necessidade de intervenção e em ultimo caso encaminhamos para a Cesárea”, diz Andrea.

Além do fator humano e sentimental o parto natural também oferece umarecuperação mais rápida para a mãe e menos risco para o bebê, isso por que ao nascer de parto natural ele corre menos risco de aspirar liquido e também de infecções.

Hoje no Brasil são realizados 80% de Cesáreas em hospitais particulares. Narede pública este número cai para 35%, mas o número de nascimentos por partonormal ainda está muito abaixo do recomendado pela Organização Mundial daSaúde, que estipula uma média de 15% de cesáreas. "
*Érica Rizzi*

Acompanhante de Parto

Quero compartilhar com vocês uma reportagem sobre acomanhante de parto que foi realizada pela TV Globo em São Carlos . Acessem pelo link!
Abraço,

quarta-feira, 17 de fevereiro de 2010

desneCesárea

Foi publicado na revista Pais & Filhos deste mês uma reportagem sobre Cesárea e Parto Normal que esclarece muita coisa. Além de números e estatística, está matéria trata de forma realista os diferentes aspectos sobre o tema. Para você que esta grávida ou que simplesmente gosta do assunto, vale a pena a leitura!

(desne)Cesárea

por Larissa Purvinni, mãe de Carol, Duda e Babi, com reportagem de Cíntia Marcucci, filha de Mariza e Emiliano, Paula Montefusco, filha de Regina e Antonio, e Sofia Benini, filha de Maria Paula e Nery.

MAIS DE 70% DAS BRASILEIRAS QUEREM FAZER PARTO NORMAL, MAS SÓ 10% CONSEGUEM. FOMOS INVESTIGAR OS PRINCIPAIS MOTIVOS QUE LEVAM A ESSE DESCOMPASSO.
Amaioria das brasileiras (70%) gostaria de tentar o parto normal, mas muito poucas (10%) conseguem. O dado vem de pesquisa da Escola Nacional de Saúde Pública com colaboração do Instituto Fernandes Figueira, da Fiocruz, e da Secretaria Municipal de Saúde do Rio de Janeiro. Nosso país é campeão em partos cirúrgicos, com índices que atingem 43% do total de nascimentos e chegam a 80% nos hospitais particulares. Em certas maternidades, a taxa ultrapassa 98%, quando a Organização Mundial da Saúde recomenda que não passe de 15% dos partos. As razões esbarram em questões culturais e na realidade do nosso sistema de saúde. As mulheres também levam parte da culpa, segundo os médicos. “A mulher latina suporta mal a dor, a encara como sofrimento, não como algo que depois a leva a uma grande realização pessoal”, aponta o ginecologista e obstetra Carlos Czeresnia, pai de Débora, Liora, Diana, Jonathan e Ricardo. O obstetra Jorge Kuhn, pai de Renata, Clara e Otávio, concorda: “Muitas mulheres esperam um parto utópico: rápido e sem dor".
Parto no convênio
O outro lado da questão envolve o sistema de saúde brasileiro, em especial os convênios médicos. “Um parto normal pode demorar de 8 a 12 horas e ocorrer a qualquer momento. O médico faz as contas e conclui que é mais econômico programar a cesárea”, avalia Czeresnia. Por outro lado, o obstetra Jorge Hodick-Lenson, pai de Íris e Rebeca e avô de Sofia, que vieram ao mundo pelas suas mãos, afirma que, mesmo para médicos particulares, pagos diretamente pela paciente, sem depender da tabela dos planos de saúde, a incidência de cesáreas é alta – cerca de 80%. “A cliente está pagando pelo tempo necessário para o médico ficar com ela durante o trabalho de parto e, ainda assim, ele faz a cirurgia sem indicação efetiva, já que não existem 80% de indicações médicas para cesariana. Isso poderia ser considerado uma verdadeira epidemia de patologias obstétricas”. Ou seja: seria como dizer que as brasileiras têm algum defeito de fábrica: não entram em trabalho de parto, não têm dilatação e por aí vai...
O obstetra vai além: “Há alguns anos eu fiz uma pesquisa com 2.000 mulheres, fiz duas perguntas durante a execução de exames de ultrassonografia de rotina ginecológica. A primeira foi: ‘Seu parto ou partos foram normais ou cesarianas?’. Quase que 80% responderam que foram cesarianas. A segunda pergunta foi: ‘Por que foi cesariana?’. Quase 80% responderam quase com as mesmas palavras: ‘Não tive dilatação’. Ou seja, dá a impressão de que a mulher brasileira tem um ‘defeito’ no colo do útero – que dilata em todas as mulheres do mundo, menos nela. Isso denota uma falsa informação e indicação quanto aos motivos da cesariana”. Traduzindo: os médicos indicam o parto cirúrgico sem real necessidade e minimizam os riscos.
Cesárea segura?
Muitos profissionais insistem que, no caso do Brasil, a cesárea é tão segura quanto o parto normal, quando estudos mostram risco de morte quase 11 vezes maior em comparação às que fizeram parto vaginal. Há casos em que o doutor chega a dizer que não há diferença entre os dois tipos de parto, ambos têm vantagens e desvantagens, quando a evidência científica é a de que o parto normal é o melhor para mãe e bebê. Bebês nascidos por meio de cesárea têm risco quase 5 vezes maior de precisar ficar na UTI ou na semi-intensiva. Para os nascidos a termo, o risco de desenvolver desconforto respiratório é 7 vezes maior nos nascidos de cesáreas programadas do que nos nascidos de parto normal, porque o trabalho de parto serve para terminar o amadurecimento do bebê, principalmente dos sistemas respiratório, imunológico e nervoso. Muito disso ocorre por outro fator cultural, que é a confiança quase cega nos médicos, que faz muitas mulheres só se basearem no que seu obstetra lhes diz. Quando perguntamos sobre como convencer a mulher de que o parto normal deve ser a primeira opção, o dr. Kuhn, pai de Renata, Clara e Otávio, aponta que esse não é o caminho para reverter o alto número de cesáreas. “A palavra não é convencimento. A mulher precisa se informar adequadamente. Mas aí vem a comodidade tanto dela quanto do médico. Para o Ministério da Saúde é interessante investir no parto normal, pois, além de ser o melhor para o bebê e para a mulher, é mais barato e não apresenta os riscos de uma cirurgia. Os médicos não explicam sobre possíveis hemorragias e infecções, pois não é conveniente”. Ou seja: muitos médicos, no mínimo, omitem informações importantes.
O papel do acompanhante
Uma das investidas do Ministério é implementar a Lei do Acompanhante, que prevê a entrada de um acompanhante da escolha da mulher na sala de parto – sem custo adicional. “A mulher tem de confiar em si mesma e em quem está com ela. E se sentir acolhida no ambiente para ter a tranquilidade de esperar o curso natural do parto”, comenta Daphne Rattner, filha de Henrique e Miriam, especializada na área técnica da Saúde da Mulher do Ministério da Saúde. Desde o ano passado, quem tem convênio médico tem direito a uma enfermeira obstetra e a uma acompanhante de parto. A meta do governo é reduzir de 80% para 60%, até 2011, o percentual de cesarianas em partos cobertos por planos e seguros de saúde. Na rede pública, em que o percentual já é menor, a meta é reduzir de 30% para 25%. No entanto, neste ano, dados divulgados pelo Ministério da Saúde mostraram um novo aumento da taxa de cesarianas: em 2008, 84,5% dos partos cobertos por planos de saúde foram cesarianas; em 2004, a taxa era de 79%. Claro que a culpa não é só do médico. Muitas vezes, a própria paciente demonstra em suas atitudes, mesmo que diga que quer o parto normal, que não está realmente disposta a passar por tudo que ele implica. O que vale a pena, sempre, é ir atrás de informações e buscar, o mais cedo possível, um médico que esteja de acordo com a sua ideia de como deve ser o parto do seu filho. Conversamos com mulheres que queriam muito ter feito parto normal, mas acabaram fazendo o que, desconfiam, foi uma “desnecesárea” – e identificamos alguns dos principais motivos que levam a esse desencontro."
Se você quiser ter acesso a matéria diretamente na fonte, acesse o link:

terça-feira, 16 de fevereiro de 2010

Paternidade

Além de parto, gestação, cesárea, tem um outro assunto de TOTAL importância que tenho mencionado pouco aqui no blog, a Paternidade. Então, para compensar com grande classe, compartilho (com muito orgulho) com vocês um texto escrito pelo mais novo papai da família Piva.

Vocês também podem ter acesso a este texto no blog :http://glauberpiva.blogspot.com/



Paternidade é a chegada de um hipopótamo

Que ninguém duvide: paternidade é construção diária, descoberta que ultrapassa os limites da gestação e as obviedades várias. A maternidade, pelo o que percebo, nasce mais cedo. É percepção que se inicia física: a menstrução interrompida, os enjôos insuportáveis, o peito endurecido, a barriga que cresce, a pele bonita... são mudanças no corpo e nas relações em sociedade. Tudo muda quando chega uma grávida. Todos mudam quando a vida se anuncia por uma mulher.

A paternidade é diferente. O ultrassom se apresenta e o homem vê, chora, ri, mas ainda não sabe o que sente, não entende o que se passa. De exame em exame, comporta no seu dia-a-dia mudanças radicais. A mulher que embarriga, os humores que se alteram, os cuidados que redobram, os assuntos que mudam e, principalmente, o mundo que se enche de descobertas e de informações que vão inundando o imaturo macho de responsabilidade projetada. Mas isso pode ser embelezado por lágrimas e palavras e fotos e carinhos, mas ainda não é paternidade.

Ela é construção lenta. A gravidez é o período das fundações. É determinante para a solidez do edifício, mas ainda não preenche entendimentos. Vem o primeiro choro, a primeira fralda, as noites de pouco sono, as belezas da convivência. E um pai vai nascendo aí.

A mãe já está ali, plena. Já sentira no corpo a vida se renovando e, agora, contempla sua cria continuando seu corpo a partir de seu peito. Por um tempo, serão um, ou quase-um. Já o pai ainda tenta entender o que acontece. Nos primeiros meses oferece carinho e se põe de assessor. Ajeita a poltrona de amamentação, arruma o berço, compra coisinhas e oferece o colo nos intervalos, com intensidade e paixão. Mas, enquanto faz tudo isso, ainda luta por seu espaço, luta por entender sua nova vida.

O corpo onde se deleitava agora tem outro imperador. Que o homem lhe contemple pelas frestas do tempo, pelo cantos do desejo. Devagar e generosamente.

O filho, que sabe ser seu, ainda não o descobriu totalmente e nem ele, que faz um monte de coisas, conseguiu transferir para seu corpo o que sua cabeça já sabe. Paternidade é conhecimento que vira sabedoria aos poucos.

Essa relação pai e filho vai se construindo devagarzinho. No início são dois seres igualmente indefesos. Precisam se entender e se dispor a compartilhar. O entendimento e a cumplicidade vêm aos poucos, mas a tarefa da partilha é coisa pra gente grande. É preciso mudar de ponto pra que a vista se acomode e o novo seja leve.

Para superar fragilidades, só tem um jeito: muita dedicação. E aos poucos tudo vai se encaixando. Um dia, vendo um filme, o homem chora pensando no futuro da família. No outro, meses depois do parto, divide com a mulher um segredo. "Acho que só agora estou entendendo esse lance de 'ser pai'. Nosso filho é tão lindo..."

Eu tenho várias lembranças desse processo e sei que ele ainda vai longe. A gravidez foi uma longa viagem. Eu aprendi muito. Aprendi milhares de coisas que não sabia e que me ajudaram muito a me reorganizar. Mas um dia inesquecível foi quando o Théo tinha sete meses e, pela primeira vez, estando no colo da mãe, pediu para vir para o meu. Acho que neste dia eu virei pai de verdade.

Parir não é mão de via única. Quem pare, se pare também. Quem acompanha vai sendo parido aos poucos. Grávidas nunca estão grávidas só de um. Sempre são pelo menos dois: grávidas de outro, grávidas de si. Afinal, parir é partir, é romper, é chegar.

Com o pai a gravidez é diferente, é gravidez de bicho grande. Quase nunca um pai é partido no parto, como um ovo quebrado que não se cola jamais. Um pai nasce devagar, como hipopótamo, cujo tempo é rarefeito: vem lentamente, ocupa os espaços e toma conta de tudo. Um pai também é partido, mas demora bem mais pra chegar."

Aí vai uma dica de blog que trata desse mistério tão pouco explorado: a paternidade. serpaterno.blogspot.com

A super modelo e o parto natural

Adorei a reportagem que o Fantástico fez com super modelo Gisele Bündchen. De um jeito super simples e muito simpática ela contou do fabuloso parto natural domiciliar que ela vivenciou em dezembro último. Ter pessoas falando dos benefícios deste tipo de parto já agrega muito, agora ter uma figura como ela, que tem a facilidade para ter um parto com todas as regalias que o dinheiro pode propocionar e ela optar por um parto simples, saudável para mamãe e bebê e além de tudo, o mais natural possível (assim como a natureza nos permite), é genial! Isso mostra muita consciência e entrega desta super modelo para vivênciar este momento de forma intensa.

Para que não pôde assistir a reportagem, segue o link ou um pouquinho da entrevista feita em Nova York por Giuliana Morrone:
http://fantastico.globo.com/Jornalismo/FANT/0,,MUL1470857-15605,00.html

"Fantástico traz entrevista exclusiva com a supermodelo brasileira, uma das mulheres mais belas do mundo. Ela revela que teve o filho de parto natural, dentro da banheira de casa e sem anestesia."

"A fera está de volta! Gisele Bündchen se reencontrou com as araras de roupas, o estúdio de fotografia, o trabalho de modelo.“Quatro meses. É o máximo desde que eu comecei a trabalhar. Desde que eu tenho 14 anos, eu acho que nunca fiquei, com certeza. Não fiquei quatro meses sem trabalhar”.

O primeiro trabalho, depois da gravidez, foi para uma marca brasileira. Gisele revelou que o recomeço foi difícil.“Eu fique preocupada. Pensei: 'será que eu vou conseguir fazer isso?’. Deu um momento assim na minha cabeça: será que eu vou conseguir incorporar? Só que aí eu fiz a primeira foto e estava meio perdida ainda com a luz, estava meio me encontrando, meio que ficando confortável com o meu corpo de novo. Depois da segunda foto eu consegui. Graças a Deus!”, conta Gisele.

O corpo está impecavelmente em forma, seis semanas depois do parto. E olha que a Gisele é boa de garfo e de sobremesa! O corpo esguio e o rosto marcante conquistaram o mundo da moda. Segundo a revista Forbes, Gisele é a modelo mais bem paga do planeta. Ela saiu de Horizontina, no Rio Grande do Sul, quando era ainda uma garota. Foi para São Paulo, aos 13 anos, e fez um curso de modelo. Lá foi descoberta: nasceu a top model Gisele Bündchen. Gisele dominou passarelas internacionais, já foi capa das principais revistas de moda e é contratada a peso de ouro por grifes de roupas.

A top model todo mundo já conhece, mas hoje a gente vai conhecer a mamãe Gisele Bündchen.
- Como é que está essa aventura de maternidade? Viver esse novo momento?
Gisele - Olha, está maravilhoso. Eu nunca na minha vida pensei que eu pudesse amar assim. Eu acho que você sempre escuta as pessoas falarem, mas acho que você não sabe realmente o que é isso, a não ser quando você realmente vive isso, dessa maneira. Então, eu não poderia estar mais feliz.

Fantástico - Como é que está a sua relação com o bebezinho? Como é que vocês estão se dando? Essa nova família?
Gisele - Nossa, está maravilhoso. Tipo assim, 24 horas é ao redor dele assim. Eu acho que eu fico o dia inteiro olhando para ele. Tudo é em função dele. Acho que é um sentimento muito de se doar. Você não pensa mais em você. Acho que a primeira vez que eu me vi no espelho foi quando eu cheguei no estúdio. Porque acho que fazia um mês e meio que eu não me olhava, porque você está naquela história de cada duas em duas horas amamentar. E você não dorme muito bem. Mas você esquece tudo isso, porque, quando você vê a carinha do anjinho você fala: ‘Esquece’. Está tudo ali. Isso é que é o mais importante.

Gisele ficou grávida meses depois do casamento, em fevereiro do ano passado, com o jogador de futebol americano, Tom Brady. Brady é idolatrado nos Estados Unidos. Considerado um dos melhores da história americana, tricampeão nacional jogando como "quarterback" - jogador responsável pelos passes. Os jovens lindos, famosos e milionários sempre mantiveram a vida pessoal com discrição. Brady já era pai de John, de 2 anos, filho do primeiro casamento.

Durante a gravidez, Gisele se cuidou e trabalhou até o oitavo mês. “Eu queria estar muito saudável para o meu filho. Tudo o que eu comia eu tinha noção de que estava indo para ele. Então, eu comia super saudável. Eu estava fazendo kung fu até os nove meses de gravidez”, conta a modelo.

No dia 8 de dezembro do ano passado, jornais do mundo inteiro divulgaram o nascimento do bebê. Disseram que ele nasceu em um hospital em Boston, mas Gisele revelou para o Fantástico que teve o parto em casa.

“O meu foi na banheira. Foi um parto na água. É que eu me preparei muito. Eu queria muito ter um parto em casa, sempre achei muito importante. Eu queria ter muita consciência na hora do parto. Eu queria estar consciente e presente do que estava acontecendo. Eu não queria estar dopada, anestesiada. Eu queria sentir, eu queria estar presente. Então, eu fiz bastante preparo. Eu fazia yoga bastante antes do parto. Eu fazia bastante meditação. Então, eu consegui ter um parto super tranquilo em casa. Ele nasceu super tranquilo. Ele é um anjinho por causa disso. Ele nasceu, não chorou, ele ficou o tempo inteiro no meu colo. Então, ele nunca saiu de perto de mim. A minha mãe estava lá. Meu marido, minha mãe e a parteira." "Eu vou te falar uma coisa, não foi dolorido nem um pouco, porque, durante todo o tempo, a minha cabeça estava tão focada. A cada contração era assim: 'o meu bebê está mais perto, ele está mais perto'. Então, não foi aquela coisa assim: ai que dor! Com cada contração, ele está chegando mais perto de mim. Eu transformei aquela sensação intensa que acontece para todo mundo, em uma esperança de ver ele chegar mais perto. O trabalho de parto durou oito horas".
E o melhor foi a recuperação, depois do parto. “No segundo dia, eu estava caminhando, eu estava lavando a louça, eu estava fazendo panqueca. Vamos embora, bola para frente, eu não tenho tempo para ficar sentada na cama”. A Gisele entrou no camarim pedindo pressa, porque ela quer ir embora logo para amamentar o Benjamim.
“Ele está mamando só no peito. E minha mãe está aqui, graças a Deus. A minha santa mãe. Todo mundo tem que ter uma super mãe. Eu espero ser uma mãe tão maravilhosa quanto a minha mãe foi para mim”. “Eu quero que ele esteja perto. Se pudesse ser só eu, seria maravilhoso, mas eu não iria dormir nunca. Quando eu vou dormir, eu falo ‘mãe você cuida dele um pouquinho’? Daí eu fico tranquila, porque é minha mãe", revela Gisele.
A modelo também fala sobre como está o dia a dia. "Eu não tenho babá. Mas quem precisa de babá quando você tem uma super mãe", afirma. O mais difícil, ela contou, foi a escolha do nome. Brady e Gisele queriam um nome que soasse bem em inglês e em português. "Eu sou brasileira e ele é americano, então cada um tem um sotaque. Eu adoro David, mas aí ele não gostava. Eu gostava de Joaquim, ele achava que era Joaquim e não iria ficar bom. Procuramos um nome que que ele gostasse e que parecesse bom nos EUA e também no Brasil. Eu falei: 'não vou ter um nome americano, o meu filho é brasileiro. Que história é essa?'", brinca Gisele.
“A gente está chamando ele de Benjamim. Eu chamo ele de meu amorzinho. O que eu posso fazer? Para mim ele não tem nome, ele é meu benzinho, meu amorzinho”. Gisele disse que só vai conversar com o filho em português. “Com certeza, ele vai bastante para o Brasil. Com certeza, ele vai estar muito envolvido, com minha família inteira. Obviamente, eu moro aqui nos EUA e ele vai falar inglês. E vai também fazer parte dessa cultura. O pai dele é americano. Mas com certeza ele não deixa de ser brasileiro. Ele também é metade brasileiro. Ele também é ünchen. Ele não é só Brady!”, diz.Gisele se deu conta da riqueza que a maternidade traz para a mulher.
“Eu acho que você não tem como passar por uma experiência dessas e não mudar. A prioridade da minha vida mudou, porque agora a prioridade é ele. Nada mais é importante do que meu filho. E tudo é para ele. Eu quero ser a melhor mãe possível. Eu quero ficar mais saudável, eu quero tudo para ser a melhor mãe que eu possa ser para ele”.
A repórter Giuliana Morrone pergunta se Gisele tem uma foto dele e pede para a modelo mostrar. “Eu tenho foto, mas eu não posso mostrar não. Mas com o tempo vocês vão conhecê-lo. O máximo que eu puder fazer para manter a privacidade, eu vou fazer. Eu trabalho com a mídia. Mas ele, não. Ela só é meu filho. Ele não precisa disso”, diz a modelo. "