quinta-feira, 28 de maio de 2009

10 Passos para Evitar uma Cesárea Desnecessária




O Grupo de mulheres que participam da rede Parto do Princípio (mulheres em rede pela maternidade ativa) criaram um material de orientação baseado em 10 passos para evitar uma cesárea desnecessária. Estou compartilhando este maravilhoso material com vocês. Usem e abusem das informações que contém nele.




quarta-feira, 27 de maio de 2009

Cesariana: A Polêmica das Taxas II

Sobre o mesmo texto (Cesariana: A polêmica das Taxas) um outro médico obstétra atuante em Porto Alegre, Ricardo Jones, faz um breve comentário que quero compartilhar com vocês:
"...Analisem só esta parte interessante da argumentação do colega:"A primeira questão que deve ser combatida refere-se aos supostos malefícios da cesariana. Baseado nisto é que as políticas de saúde combatem o médico. Ele passa a ser o vilão do sistema por ser o único que pode realizar a cesariana. Se houver uma desqualificaçã o da cesariana, torna-se mais fácil desqualificar o médico. Para este objetivo, "armam-se" de dados e de estudos enviesados e, principalmente, de informações falsas."
RJ: O que eu acho curioso é que ele... tem razão.Mas a frase pode ser lida ao inverso: "Se houver uma exaltação da cesariana, do modo cirúrgico de ter filhos, torna-se mais fácil enxergar o médico como único capaz de assegurar a qualidade do atendimento à gestante. Para este objetivo os médicos armaram-se de dados, estudos inviesados e, principalmente, informações falsas." Ao argumentar contra a humanização do nascimento o colega desnuda o principal elemento que construiu no imaginário social a supremacia dos médicos, tornando-os os assistentes principais do parto: o recurso tecnológico, sem o qual seríamos "parteiras destreinadas" . Ineg;avel a importância da cesariana para salvar vidas, mas igualmente indiscutível o fato de que os médicos exageraram a sua importância (e uso) como forma de fazer valer seu recurso exclusivo: a cirurgia.
Outra afirmação que chega a ser engraçada:
"Prova disto é a total falta de importância a duas grandes questões que bastante influenciam as altas taxas de cesariana: processos judiciais, o que leva a uma medicina defensiva, e a violência das grandes cidades que leva a um temor de assistência a partos no turno da noite."
RJ: Na parte dos processos judiciais ele tem razão, e é nessa parte que se estabelece a conexão entre as responsabilidades da sociedade civil - pela forma como nascemos - e a parte do médico - como cuidador do parto. Somente teremos verdadeira humanização quando a sociedade como um todo realmente quiser. Enquanto os médicos humanistas forem vítimas de perseguição por valorarem o parto normal e por ajudarem mulheres a conseguirem seus sonhos de parto, seremos presas do modelo vigente, em que TODOS perdem. Perde a sociedade pelas aumentadas taxas de mortalidade materna e neonatal (sim, é verdade, apesar dos recursos retóricos do nobre tocólogo), e perdem os médicos por não conseguirem propiciar às gestantes o parto que elas sonham. Entretanto, a outra parte da argumentação parece piada... "Médicos fazem mais cesarianas por medo de serem assaltados".Ora... dava para escolher algo mais consistente. Parece que o nobre colega está tentando tapar o sol com a peneira.Mas e os médicos plantonistas, que JÁ estão no hospital? Porque fariam cesarianas em exagero?Olha... excesso de cesarianas deve ser debatido com mais seriedade, menos recursos desesperados e mais coerência.Em resumo:A humanização do nascimento está incomodando."
Ricardo Jones

Cesáreas: Polêmica das Taxas

No último mês de Abril, foi publicado no CREMERJ (páginas 8 e 9) um artigo comentando sobre a polêmica das altas taxas de cesareana com a autoria do Dr. Raphael da Câmara Medeiros Parente. Há muita divergência aos argumentos colocados por este profissional. Então optei por colocar aqui no blog o artigo na ítegra do Dr Raphael e a resposta do Dr Hugo Sabatino que foi publicado no site do Grupo de Parto Alternativo de Campinas (http://partoalternativo.blogspot.com/). Gostaria que vocês lêssem e opinassem sobre estas divergências.
O Artigo é muito longo, contudo vale a reflexão sobre os diferentes aspectos antes de definirmos nosso posicionamento. A letra em preto é do Dr. Raphael e a em azul do Dr. Hugo. Boa leitura!!!
"Atualmente, há uma forte campanha governamental a favor da humanização do parto e do parto vaginal. "
RESPOSTA: Esta informação é no mínimo incompleta e tendenciosa, já que as intervenções do governo Brasileiro para redução da cesárea começaram em 1979 com o pagamento igual de honorários médicos no parto vaginal e de cesárea do INAMPS. Continuando nos anos subseqüentes até nossos dias, pelo tanto esta campanha está cumprindo 30 anos , intensificada na era do atual Governador José Serra, quando ele era ministro da Saúde.
"Este conceito de humanização, há muito distorcido, é usado para retirar substancialmente o médico do atendimento obstétrico. Para isto, são divulgadas informações erradas e levianas de que os médicos são menos “humanizados“ que outros profissionais de saúde, que são os únicos responsáveis por altas taxas de cesariana com o objetivo único de preservar sua rotina e aumentar seus ganhos e que não respeitam a autonomia e o desejo das mulheres pelo parto vaginal. Vem sendo dito, inclusive, que o médico não sabe mais realizar um parto vaginal, dando a entender que esta capacidade somente é dominada pelas parteiras, enfermeiros, obstetrizes etc."
RESPOSTA: De fato o conceito de humanização é frequentemente interpretado em forma distorcida, inclusive pelo responsável deste documento, ao qual estou respondendo. Em várias publicações de nosso grupo na Universidade de Campinas, temos identificado, em casos de baixo risco, os seguintes pilares da Humanização: A) Respeito aos processos fisiológicos da Gestação, parto, puerpério e amamentação materna; B) Participação multiprofissional e interdisciplinares; e C) Respeito as costumes regionais e individuais do casal . Sem a presença destes três pilares não pode ser considerada a atenção ao nascimento de baixo risco, como humana. O problema é complexo porém bem claro para não abrir mão destes pilares. Realizar a finalização de uma gestação de baixo risco, mediante uma cesárea, sem causa médica que a justifique, ainda que esta seja a pedido da gestante (as indicações médicas estão identificadas claramente em todos os livros da especialidade), é uma conduta médica que não respeita os processos fisiológicos do trabalho de parto, parto e nascimento, por este motivo o procedimento cirúrgico realizado de forma desnecessária, deixa de ser um procedimento natural, humano ou fisiológico. Esta situação está bem explicada em todos os livros de texto da especialidade. Aquele profissional que não respeita este principio se coloca por em cima de este processo normal natural (humano), tentando com esta atitude superar este processo fisiológico, delicado, e bastante complexo que envolve qualidade de vida de duas pessoas e de uma família, Seria como pretender modificar fenômenos naturais como a saída do sol ou de um entardecer. O que podemos sim é participar ou assistir a esses fenômenos para sua contemplação com uma boa companhia, porém o que não podemos, ainda que sejamos profissionais competentes e inteligentes de ser capaz e melhorar esse processo. Em relação a querer melhorar o fenômeno do nascimento através de uma cesárea estou colocando a foto e comentário a este respeito, do eminente e respeitado Prof. Dr. Bussâmara Neme, matéria publicada no Jornal Folha de São Paulo do dia 15 de Fevereiro deste ano. Pelo tanto aqueles médicos que realizam este procedimentos seguramente são menos humanos que aqueles que respeitam o processo fisiológico do nascimento em casos normais, e esta não é uma definição leviana e sim fundamentada na fisiologia do processo. O prestigioso pesquisador Holandês Pieter Eric Treffers (1996), na Guia de Maternidade Segura da OMS, nos informa que: “A Obstetrícia deve acompanhar a fisiologia. Intervenções cirúrgicas devem prevenir ou corrigir patologias e não aperfeiçoar a fisiologia”. Por outro lado todos os livros de cirurgia colocam a operação cesáreas como sendo “cirurgia de alto risco”, devido a que o cirurgião deve invadir o peritônio, aumentando com isto os riscos durante e após a cirurgia, sendo que no caso das cesáreas este risco se estende também a próximas gestações como o demonstram os estudos de Clark (1985).Estes dados demonstram claramente que desde o ponto de vista dos riscos as mulheres que são submetidas a cesáreas desnecessárias estarão sendo colocadas (sem causa) em próximas gestações a riscos que aumentam significativamente a padecer de um acretismo placentário, o que pode de fato ser muito difícil de corrigir, colocando a vida da mulher em um grupo de maior chance de morte (lamentavelmente esta informação não e transmitida as mulheres que solicitam cesáreas desnecessárias). Esta atitude de sonegar informação esta em conflito com o juramento Hipocratico que diz “Primeiro não fazer dano” (Primum non noccere).
"Para solucionar este problema, foi criado pela USP um curso de obstetrícia. Vocês leram bem: um curso de obstetrícia! Após quatro anos, o formando está apto a fazer partos vaginais. Este curso não tem nada a ver com a enfermagem. A primeira turma forma-se neste ano de 2008. O curso está vinculado à Escola de Artes, Ciências e Humanidades da USP. Espera-se com isto resolver a falta de formação médica para o parto vaginal. Não se deixem enganar! Tudo isto somente é difundido, e muito eficazmente, com o intuito de diminuir custos para os gestores e para favorecer determinadas categorias profissionais que vêm cada vez mais tentando tomar espaço dos médicos. Louve-se o trabalho que vem sendo realizado pelo Professor Ricardo Oliveira, Conselheiro do CREMERJ, que mobilizou obstetras da FEBRASGO e que agora tem enfrentado a questão junto ao CFM, ANS e MS. O grande problema é que os médicos, durante muito tempo, deitaram em “berço esplêndido”, achando que nada aconteceria com eles e permitiram que vários argumentos infundados passassem a ter status de verdade absoluta, tornando atualmente a defesa deles como politicamente incorreta. Ou tomamos uma atitude agora ou não demorará o dia em que o médico será proibido de realizar um parto vaginal, restando para ele tão somente a cesariana de emergência e todas as suas implicações legais." RESPOSTA: Estes conceitos eminentemente protecionistas da profissão, não tem nada a ver do que realmente é melhor para a Mãe e seu Filho independentemente de quem atende o parto. Por outro lado podemos concluir que aquele médico que tem medo de ser substituído por uma parteira, mereceria ser substituído, já que para humanizar o atendimento ao parto assinalamos que deve ser multidiciplinario, e trabalhar em equipe para o bem do binômio mãe - filho. A forma de o médico trabalhar em conjunto ou em parceria com as parteiras e realizada na maioria dos países que tem formas de atendimentos a população com grande benefícios tanto para a Mãe, seu filho e a própria sociedade (tenho em meu poder uma extensa bibliografia que certifica esta afirmação e a coloco a disposição, incluindo o último livro eletrônico publicado em 2007 sobre atenção ao nascimento de baixo risco).
"A primeira questão que deve ser combatida refere-se aos supostos malefícios da cesariana. Baseado nisto é que as políticas de saúde combatem o médico. Ele passa a ser o vilão do sistema por ser o único que pode realizar a cesariana. Se houver uma desqualificação da cesariana, torna-se mais fácil desqualificar o médico. Para este objetivo, “armam-se” de dados e de estudos enviesados e, principalmente, de informações falsas. Cometem a maior leviandade que é a de associar a mortalidade materna com altas taxas de cesariana, dando a entender mais uma vez que o médico é o responsável pelas mortes de nossas mulheres."
RESPOSTA: A prática de cesárea com diagnostico médico correto, é uma das formas mais efetivas e humanas de poupar vidas maternas e perinatais, existem um numero grande de trabalhos que o demonstram. Este aspecto do atendimento em casos de risco tanto para a mãe como para o seu filho não entra em esta discussão (existe abundante bibliografia ao respeito). O que este documento mais uma vez trata de confundir, misturando as cesáreas realizadas com indicação médica (com risco) com as cesáreas sem indicação médica (sem risco ou desnecessárias). Existem dados que mostram que uma mulher com cesárea desnecessária tem sete vezes mais risco de morrer quando comparada a partos vaginais. E tem aproximadamente 35 vezes mais chance de ter uma complicação durante, após a cesárea e em partos subseqüentes. (os trabalhos que certificam, estes dados estão em meu poder). Acaba de sair uma publicação aonde se demonstram aumento da incidência de complicações de endometriosse após a realização de cesáreas bem sucedidas. Por outro lado este senhor não coloca trabalhos que certifiquem o contrario, ou seja que mostrem as verdadeira vantagem (que não sejam econômicas) para a mãe e seu filho quando a finalização da gestação e realizada a través de uma cesárea desnecessária.
"Mortalidade materna não tem nada a ver com taxas de cesariana e sim com condições de saúde que faltam no nosso país por recursos insuficientes e pela corrupção endêmica. Entidades governamentais, em sua campanha pela redução de cesarianas ditas desnecessárias, relatam dados que são absolutamente enviesados e manipulados, dando a entender que a cesariana é muito mais perigosa que o parto vaginal. Isto não é verdade."
RESPOSTA: Neste ponto novamente o citado Sr. trata de confundir com comentários tendenciosos ao misturar políticas de saúde com aumento das complicações das cesáreas desnecessárias que se realizam numa classe social privilegiada, aumentando com isto custos de atenção que poderiam ser utilizados para melhorar essa políticas de saúde em classes sociais menos privilegiadas. Temos dados científicos (estão em meu poder), realizados por pesquisadores de renome e por Instituições internacionais (OMS) que demonstram a associação maior de mortes materna em casos de cesáreas desnecessárias, ignorar estes dados e no mínimo irresponsabilidade profissional.
"Como exemplo, temos que foi divulgado que fetos nascidos entre 36 e 38 semanas têm 120 vezes mais chances de desenvolver problemas respiratórios que aqueles que nascem com 40 semanas. Além de não ser dada a fonte deste número absurdo, deixa-se entender que a cesariana é a responsável por isto e não o motivo que levou à cesariana. Repete-se à exaustão que o parto vaginal é mais seguro para a mãe e o bebê, só que não há evidências indubitáveis disto. A questão passou a ser tão complexa que, só em discordar desta afirmação, o médico torna-se politicamente incorreto. Relata-se que hemorragia e infecções no pós-parto são mais comuns na cesariana e alguns estudos mostram exatamente o contrário. Provavelmente, alguns, ao lerem esta informação, vão até se espantar, mas isto é resultado desta desinformação que vários setores vêm realizando de forma sistemática."
RESPOSTA: Este senhor dá informações sem citar as fontes, motivo pelo qual não é possível manter um dialogo científico e sim uma mera transmissão de informações supostamente favorecedoras de uma conduta no mínimo anti-natural. Por outro lado podemos apresentar inúmeros trabalhos que mostram os malefícios de cirurgias mal sucedidas em casos de gestações de baixo risco, porem não temos trabalhos que nos mostrem o contrario, ou seja os benefícios (que não sejam econômicos) de cesáreas desnecessárias. Não é verdade que as cesáreas tem menos infecções e menos hemorragias. Em casos das infecções lembrar que o cirurgião de uma operação cesárea, tem que invadir peritoneo (membrana que protege ao organismo exatamente desta possibilidade), situação que esta preservada em um parto natural.
"O governo reiteradamente afirma que outra causa destas altas taxas de cesariana ocorre por comodidade dos médicos e por estes convencerem as gestantes a realizarem a cesariana. Sem dúvida, podemos afirmar que vários destes fatos ocorrem por causa dos formuladores de políticas de saúde não terem qualquer trato com a realidade obstétrica, mas sim somente com estudos e com metas a serem traçadas. Prova disto é a total falta de importância a duas grandes questões que bastante influenciam as altas taxas de cesariana: processos judiciais, o que leva a uma medicina defensiva, e a violência das grandes cidades que leva a um temor de assistência a partos no turno da noite. Ao mesmo tempo, esquecem ou não sabem que várias das cesarianas são solicitadas (quando não exigidas sob violência) por gestantes e/ou familiares. Somado a todos estes fatores, temos ainda a superlotação dos hospitais com impossibilidade de correto acompanhamento dos partos pela falta de profissionais."
RESPOSTA: Aquele profissional que coloca em risco a seguridade de seu paciente com medo de uma ação judicial o por medo de sair de noite, não deveria exercer a profissão de parteiro e sim de uma profissão que ofereça a segurança que ele pretende. Deixando para profissionais preparado(a)s, que realizem o atendimento do nascimento com segurança, sem necessidade de cirurgias perigosas.
"A meta da OMS de 15% de cesarianas é citada constantemente por todos os gestores e propagadores do parto vaginal, mas não dizem que ela foi traçada há mais de 20 anos baseada em taxas de países com baixa mortalidade materna. Se fosse traçada baseada nos mesmos parâmetros, atualmente, seria maior. Esta meta foi traçada em 1985, na ensolarada Fortaleza, belíssima capital do Ceará, por cerca de 50 pessoas que incluíam enfermeiras, parteiras, obstetras, pediatras, epidemiologistas, sociólogos, psicólogos, economistas, administradores de saúde, mães, donas de casa, etc. Baseados, exclusivamente, no fato de que os países da época que tinham as menores razões de mortalidade materna terem taxas de cesariana próximas a 10%, arbitraram que nenhum país deveria ter taxa maior que 15%. E desde então, esta taxa é propagada aos quatro cantos, esquecendo-se que, atualmente, todos os países tiveram aumento em suas taxas de cesariana, não havendo mais praticamente nenhum dentre aqueles que têm as menores taxas de mortalidade que atinjam estes valores. Sabe-se que populações de alto risco necessitam de taxas maiores, mas isto não é levado em conta. Estudo recente, que dá uma luz nesta questão, avaliou taxas de cesariana de 119 países dividindo-os por baixa, média e alta renda. Demonstrou que entre aqueles de baixa renda, quanto menos cesariana, pior a mortalidade neonatal, e entre aqueles de alta renda, quanto mais cesariana, menor a mortalidade neonatal (Althabe et al., 2006). Os resultados foram estatisticamente significativos." RESPOSTA: Esta associação realizada em forma simplista, mais uma vez trata de confundir, já que a mortalidade tanto materna como perinatal esta associada a um numero grande de variáveis e não somente a incidência de cesáreas, principalmente em classes sociais menos privilegiadas. Mesma situação em classes privilegiadas aonde historicamente as complicações são menores não pela realização de cesáreas e sim pela condição social. Estudos apresentados no Simpósio Internacional sobre Cesáreas realizado em Campinas em 2002 deixam claro esta situação com demonstração em vários trabalhos da associação de aumento de cesáreas e aumento de risco materno e perinatal.
"O mesmo ocorreu em relação à mortalidade materna nos países de baixa renda. Nos de média e alta renda, não foi encontrada nenhuma associação. Este estudo, se bem analisado, sugere que estas taxas atuais que os governos propagam podem não ser as mais adequadas. No mínimo, necessita-se de uma nova discussão sobre este tema."
RESPOSTA: Este senhor ignora que nos anos 1982 e 2002 foram realizadas na Cidade de Campinas (SP) dois Simpósios Internacionais para tratar destes temas aonde foram referendadas as cifras de incidência de cesáreas as taxas de mortes maternas e as complicações das mesmas em casos de cesáreas de baixo risco, estas conclusões estão em meu poder e as coloco a disposição.
"Questão que, para nós brasileiros, não pode ser desprezada é a heterogeneidade de nosso país que engloba áreas compatíveis com as mais desenvolvidas do mundo e outras similares aos países mais pobres do planeta. Casas de parto são tratadas como solução dos problemas para redução de cesarianas e da mortalidade materna. Tentam passar a idéia de que elas são muito seguras, o atendimento é humanizado, já que não é realizado por médicos, e as vontades da gestante são atendidas, como a presença de um acompanhante. O que não dizem é que quase não há partos nelas, há presença de vários profissionais para cada gestante e que, mesmo assim, pelas não são seguras. Não há estudo que ateste a segurança das casas de parto. Mais grave que isto é o movimento crescente a favor do parto domiciliar. Como grande vantagem deste sistema de parto, temos o gasto nulo para o governo. Obviamente, que isto em tese, porque as complicações desta política terão que ser arcadas no futuro. A grande questão é que o evento mortalidade materna é raro e compensa para o gestor assumir o risco."
RESPOSTA: Novamente estamos frente a informação tendenciosa e com conhecimento incompleto sobre o tema. As casas de partos apresentam cifras de atenção ao parto e segurança satisfatórias, a não presencia do médico se deve a proibição de Instituições corporativistas. Este senhor ignora os trabalhos do eminente Obstetra já falecido Prof. Galba Araújo, com cifras de mortalidade materna e perinatal menores as obtidas no Estado de Ceara, com atendimento de partos simplificado e por parteiras tradicionais. Caso se interesse por este magnífico trabalho que percorre o mundo a través da Fundação Kellog, encontra se no livro Medicina Perinatal da editora da Unicamp de Campinas (SP). Por outro lado um 15% dos partos realizados em Brasil são atendidos por parteiras tradicionais em locais de difícil aceso e em regiões aonde não existe atenção médica institucional.
"O objetivo deste texto é mostrar dados que estão sendo divulgados erroneamente pelos defensores da gradativa retirada do médico da assistência obstétrica, usando para isto a necessidade da queda das taxas de cesariana, e mostrar evidências contrárias ao que é divulgado para o início de um debate não maniqueísta em que o médico não seja o vilão. Por outro lado, temos que defender o direito daquela gestante que deseja o parto vaginal, tê-lo com a máxima segurança, caso possível. Para isto, o foco não deve ser a redução de custos (embora em saúde o custo seja um importante fator que não se pode deixar de levar em conta), mas sim o de realizar o acompanhamento do trabalho de parto e o parto vaginal com segurança. Indefensável neste ponto é o fato de vários colegas médicos “inventarem” diagnósticos para realizarem a cesariana. Sabemos que isto ocorre por impossibilidade de se escrever o real motivo que seria o pedido materno. Portanto, esforços devem ser feitos para legalizar a entidade da cesariana por pedido materno."
RESPOSTA: Estas manifestações são tendenciosas, arbitrarias e inverídicas já que existem enumeráveis casos de mulheres grávidas sem risco que procuram cada vez mais locais e médicos ou mesmo parteiras que tem como norma o parto natural, devido a que seus médicos falam abertamente que não realizam esse tipo de atendimento e sim propõem abertamente uma cesárea desnecessária. Para confirmar estes argumento e possível acessar os links na internet que tratam destes temas tanto no Brasil como no mundo todo.
"Como comprovação do que escrevemos, gostaríamos de apresentar alguns trechos extraídos do livro da Agência Nacional de Saúde (ANS) lançado em 2008: “O modelo de atenção obstétrica no setor de saúde suplementar no Brasil: cenários e perspectivas”. Este livro aborda vários aspectos da assistência obstétrica com o claro objetivo de alavancar o parto vaginal, usando-se de estudos vários de conceituadas revistas científicas. O grande problema é que a análise dos resultados é, muitas vezes, feita de forma equivocada, levando o leitor a falsas interpretações: • ...assim os médicos se opuseram à intervenção das parteiras, alegando ser a gravidez uma doença que requer o tratamento de um verdadeiro médico. • Estabelece-se então um modelo médico de assistência à gestação e ao parto que trata o corpo da mulher como uma máquina defeituosa, baseado numa série de crenças, idéias e maneiras de pensar próprias de toda uma categoria de profissionais, constituindo o que poderíamos chamar de modelo médico de saúde. • Os serviços de obstetrícia submetem as mulheres a uma série de rotinas que constituem um rito de passagem para a maternidade: separação das pessoas “normais” que continuam suas vidas fora do hospital, ficar a cargo de instâncias que estão fora de seu controle, realização de investigação e exames que envolvem a exploração de suas partes mais íntimas por homens desconhecidos e sujeição a métodos inquietantes e muitas vezes dolorosos os quais ela não deve recusar porque são feitos “para o bem do bebê”. Somente após estes ritos de isolamento e humilhação, a sociedade a reabilita como mãe. • O incremento da cesariana é claramente responsável pelos péssimos resultados obstétricos. • “Se quisermos mudar a humanidade, temos que mudar a forma de nascermos”. Estes trechos são emblemáticos e mostra muito bem como a questão do parto está sendo tratada. Com argumentos sofistas, falsas evidências e manipulação de resultados científicos. Nós, médicos, devemos nos preocupar em assistir ao parto e a oferecer o que há de mais seguro na manutenção da saúde integral da mulher: o direito de ser atendida no momento mais belo de sua vida por pessoas qualificadas para este momento tão sublime, com todo o carinho e atenção, mas também preparadas para resolver qualquer intercorrência que pode tirar dela, inclusive, a vida."
RESPOSTA: Esta última frase do autor coloca em evidência todo o referido anteriormente, já que o médico deve estar preparado para corrigir “intercorrências” e não para realizar condutas que a podem aumentar como é o caso de realizar sem causa médica, cirurgias de alta complexidade e passíveis de provocar inúmeras complicações. Podemos concluir que o parto por via vaginal em gestações de baixo risco e o mais seguro (não existem evidencia científicas do contrario) e que as cesáreas desnecessárias devem ser evitadas por vários motivos algum deles estão colocados resumidamente a continuação:
• MAIOR MORTALIDADE MATERNA
• MAIOR MORBIDADE DURANTE E APÓS O PARTO
• MAIOR RISCO EM GESTAÇÕES POSTERIORES
• MAIOR MOLESTIAS PÓS OPERATÓRIA
• RECUPERAÇÃO MAIS LENTA QUE O PARTO VAGINAL
• AMAMENTAÇÃO RETARDADA
• ANTECEDENTES OBSTETRICOS DESFAVORAVEIS
• MAIOR COSTOS
CONCLUSÃO: 1.- A Obstetrícia assiste a dois pacientes, e um deles não pode manifestar seus desejos 2.- Não temos evidência de que a cesárea seja mais segura que o parto vaginal. 3.- Os riscos das cesáreas estão muito diminuídos e não devemos duvidar em recorrer a ela si fosse necessário 4.- Porem não parece lícito recorrer a ela sem indicação contrariando as leis da fisiologia 5.- Como se justifica se surge um problema no caso de cesárea sem indicação médica? 6.- Somente uma correta informação servirá para esclarecer as duvidas. Para certificar estas conclusões estamos colocando frases celebres colocadas por pesquisadores de ambos sexos que tense destacado sobre este tema:
MARSDEM WAGNER
“A CESAREA DESNECESSÁREA É O SIMBOLO DA DESHUMANIZAÇÃO DO PARTO”
MIRANDA DODWELL
“SE FAZEMOS ACREDITAR AS MULHERES QUE A CESÁREAS E MAIS SEGURA, CERTAMENTA A PEDIRÃO”
SUSAN BEWLEY
“AS MULHERES TEM LOGRADO, NA ULTIMA CENTURIA, IMPRESIONANTES ÉXITOS HACIA SUA INDEPENDENCIA, POREM TEM PERDIDO CONFIANÇA NO SEU CORPO. E SEUS TEMORES CONDUCEM A CESÁREAS ELETIVAS, QUE CERTAMENTE NÃO E A SOLUÇÃO ADEQUADA” ESTHER VILELA “DEVEMOS TRANSFORMAR A RELAÇÃO DO PODER EM RELAÇÃO SOLIDARIA”
Para finalizar concluímos estas respostas com as seguintes afirmações: “DEVEMOS TRANSFORMAR AS AMBIÇÕES DO METODO DE PARTO CONVENCIONAL, O PESADELO DAS CESÁREAS DESNECESÁRIAS. EM UMA REALIDADE DO PARTO HUMANIZADO” Para maiores informações sobre as vantagens do parto natural ver Trabalho ganhador do premio da ABRAMGE em 2007 e do livro: Atención al Nacimiento Humanizado – Basado en Evidencias Científicas Campinas (SP), 2007 (em Espanhol)
Dr. Hugo Sabatino
e-mail:hsabatino@uol.com.br

quinta-feira, 21 de maio de 2009

Hospitais Violam Direito a Acompanhante

Ontem, foi publicada no Jornal Folha de São Paulo uma reportangem sobre hospitais que não cumprem o direito de mulheres de terem Acompanhante no pré-parto, parto e pós parto. Vale estar atento a este direito e inclusive levar a lei impressa no ato da internação. Estas ações ajudam para garantir que nosso direito se faça cumprir.
Vale a leitura!
Hospitais violam direito a acompanhante
"Instituições descumprem lei federal que garante à mulher o direito de ter companhia de sua escolha durante o parto. Pesquisas sugerem que, se está acompanhada, a mulher sente menos dor e caem os índices de cesáreas e de depressão pós-parto. A administradora Sydharta Cavalcanti, 33, que teve sua filha, Luana, sem a presença do marido, Anderson Sousa, 30, em SP.

Quatro anos após entrar em vigor a lei que garante à mulher o direito de ter um acompanhante no parto, vários hospitais brasileiros ainda negam essa possibilidade às gestantes.
A lei, válida para todo o país, afirma que os serviços ligados ao SUS são obrigados a permitir a presença de um acompanhante -indicado pela parturiente- em todo o período de trabalho de parto, parto e pós-parto imediato.
Segundo a ANS (Agência Nacional de Saúde Suplementar) e o Ministério da Saúde, a regra inclui partos via convênio médico e do setor privado. Há um ano, uma resolução da Anvisa reforçou esse direito.Na prática, não é o que acontece. A pedagoga Thaís Stella, 32, é uma das que tiveram o filho sozinha contra a vontade. Seu marido, Antonio Araújo, 32, foi com ela ao Hospital Sorocabana, em São Paulo, mas teve que ficar na recepção. "Parecia que eu ia ser presa. Tive que entregar tudo, até meus óculos. Tenho oito graus de miopia, nem consegui ver meu filho quando ele nasceu."Antonio só ficou sabendo do que estava acontecendo depois que João nasceu, assim como os outros pais presentes, conta Thaís. Só pôde ver a mulher e o filho na tarde seguinte, no horário de visitas.
Quando terminou o horário de visitas, Thaís "implorou" ao marido que não saísse. "Estava me recuperando de uma cesárea, com dor, lutando para amamentar. Não conseguia cuidar bem do meu filho."Ele chegou com a lei do acompanhante impressa e disse que não sairia de lá. Após muita resistência, segundo Thaís, acabou ficando -e a outra paciente que dividia o quarto com ela pediu ao marido que voltasse e ficasse também."Deu para ver que era uma prática comum lá. Eles não têm nem cadeiras para os acompanhantes", diz a pedagoga, que ainda não obteve resposta para a reclamação que fez na ouvidoria do hospital.
Benefícios à saúde pesquisas sugerem que diversos indicadores melhoram com a presença do acompanhante no parto: a mulher sente menos dor, o bebê nasce em menos tempo e mais saudável, diminuem os índices de cesáreas e de depressão pós-parto e há três vezes menos chance de morte materna.
"O cidadão brasileiro já nasce com seu direito desrespeitado. É um vexame", diz Simone Diniz, professora da Faculdade de Saúde Pública da USP (Universidade de São Paulo).Em uma pesquisa com 1.673 mulheres que tiveram filho pela rede pública, ela constatou que quase todas querem ter um acompanhante e que muitas sabem da lei. "Elas não exigem porque têm medo de retaliação, de serem mais maltratadas."Diniz diz que, mesmo quando o parto é de risco, o acompanhante não atrapalha o médico. "E, para o bem-estar da mulher, é melhor que ela tenha alguém em quem confia do seu lado."Hospitais afirmam que, como há várias mulheres por quarto, a presença de um acompanhante do sexo masculino pode atrapalhar a privacidade das pacientes.
Mas, segundo Lena Peres, coordenadora da área de saúde da mulher do Ministério da Saúde, um levantamento em um grande hospital mostrou que, em 10 mil partos, só houve três problemas com o acompanhante. "A lei é contundente: o hospital tem que oferecer essa possibilidade à mulher.
"Ela diz que foi dado um prazo de seis meses para que os serviços se adaptassem e que o Ministério tem recursos para ações como colocação de biombos, cortinas e poltronas.
Marta Oliveira, gerente-geral técnico-assistencial de produtos da ANS, diz que, se a enfermaria não comportar o acompanhante, o hospital deverá se organizar para fazer isso.
No caso dos planos de saúde, é obrigatório deixar o acompanhante com a mulher no mínimo por 24 horas após o parto. Para o SUS, não há período definido -mas, segundo Peres, dura todo o tempo de recuperação da mãe. "Pai não é visita."Não foi o que aconteceu com a administradora Sydharta Cavalcanti, 33, que teve sua filha, Luana, hoje com um ano e dez meses, no hospital Beneficência Portuguesa, em São Paulo. Além de não permitirem que seu marido ficasse com ela no pré-parto e no nascimento, ele só pôde vê-las horas depois, no período de visitas.
"Era um sonho dele estar lá. Ele pediu, mas achou que no SUS não havia esse direito. O parto não foi mais mágico porque ele não estava", diz ela."
FLÁVIA MANTOVANIDA

quarta-feira, 20 de maio de 2009

Nosso Encontro hoje!

Mães, Futura Mãe, Pretensa Mãe e Pais
Não se esqueçam do nosso encontro hoje (20.05) no
Núcleo de Yoga (Rua Domingos Fernandes, 66 Trujillo - Sorocaba).
às 18hs 30mi para conversarmos sobre
Doula, Yoga para Gestantes e Massagem para nossos Bebês
e o que surgir no caminho.
Aguardo vocês lá!!!

quarta-feira, 13 de maio de 2009

Em Posição de Escolher

Encontrei este vídeo no youtube sobre o direito da mulher de escolher a posição que quer parir. É um vídeo engraçado e que nos faz refletir sobre o assunto. Acesse o link abaixo:
http://www.youtube.com/watch?v=XfXASwSq72M&feature=related

Aproveitem!

domingo, 10 de maio de 2009

Semana Mundial pelo Respeito ao Nascimento


"Semana Mundial pelo Respeito ao Nascimento, uma Iniciativa da Alliance Francophone pour l’Accouchement Respecté (AFAR) desde 2004 .
Este ano o tema abordado será “O aumento das taxas de cesáreas no mundo”, e o slogan original da Parto do Princípio não poderia ser mais adequado: “Pelo fim das cesáreas desnecessárias, por uma nova forma de gestar, parir e nascer”.
A exposição visa incentivar a escolha segura e consciente da via de parto, preservando o vínculo afetivo mãe e filho, a amamentação na primeira hora de vida e o parto humanizado. Além de cerca de 30 fotos e seus cartões explicitando os mitos que rondam o parto em questão e que seriam motivo para uma cesárea possivelmente mal indicada , usaremos banners para divulgar a Rede, expôr os riscos da cesárea para mãe e o bebê e atentar para altas taxas de cesárea nos hospitais brasileiros.
A exposição acontecerá simultaneamente em várias cidades. Para saber mais, visite o site da Parto do Princípio."

terça-feira, 5 de maio de 2009

Momento Mães!!!

Parto de Gente e Núcleo de Yoga convidam você: mãe, futura mãe, possível mãe e todos os interessados para um encontro. Será um bate-papo tranquilo, agradável e esclarecedor sobre:
DOULA, YOGA PARA GESTANTES E
MASSAGEM PARA BEBÊS
Dia 20.04
Horário 18:30
Núcleo de Yoga
Rua Domingos Fernandes, 66 Trujillo - Sorocaba
Inscrições e informações: (15) 3232-2565
Espero você lá!

segunda-feira, 4 de maio de 2009

Exercícios Durante o Trabalho de Parto

A matéria registrada na Folha de São Paulo no último dia 23 sobre os exercícios praticados durante o trabalho de parto reduz as chances de dor e de cesárea, além de reduzir o tempo foi muito bem escrita. Contudo, vale ressaltar que este acompanhamento à gestante, que segundo a matéria pode ser realizado por fisioterapeutas, também pode ser feito por uma doula que é uma profissional especializada no atendimento à mulheres no pré-parto, parto e pós parto. De qualquer forma vale a indicação e leitura da reportagem.

Exercitar-se na hora do parto reduz chance de cesárea e dor
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"Praticar exercícios fisioterápicos durante o parto aumenta a tolerância à dor, reduz o uso de fármacos e diminui o tempo até o nascimento do bebê, conclui um estudo feito no Hospital Universitário da USP. Entre as grávidas que fizeram as atividades, o índice de cesarianas ficou em 11%. A média, na instituição, é de 20%.

No SUS, a taxa de cesáreas é de 28% e na rede privada e suplementar chega a 90%. A OMS (Organização Mundial da Saúde) recomenda que o índice seja de, no máximo, 15%.
Na pesquisa, foram avaliadas 132 gestantes do primeiro filho, com gravidez a termo: 70 foram acompanhadas por fisioterapeuta e fizeram os exercícios preconizados no trabalho de parto e outras 62 tiveram acompanhamento obstétrico normal, sem os exercícios. As gestantes do estudo foram orientadas a ficar em várias posições, fazer movimentos articulares e pélvicos, relaxamento do períneo e coordenação do diafragma.
A fisioterapeuta Eliane Bio, autora do estudo, diz que, além da redução do número de cesáreas, os exercícios diminuíram a dor e a duração do trabalho de parto -de 11 para 5 horas. "Nenhuma parturiente do nosso grupo precisou de analgésico." No grupo controle, 62% usaram drogas de analgesia.
No Brasil, exercícios no trabalho de parto estão restritos aos poucos centros médicos que incentivam o parto normal, mas, em países como a Inglaterra e a Alemanha, vigoram há mais de 40 anos. Na França, toda grávida é orientada a fazer ao menos 12 consultas com o fisioterapeuta no pré-natal.
Segundo Bio, os exercícios remetem à livre movimentação que, no passado, a mulher tinha em casa durante o parto. "Temos que estimular as habilidades do corpo da mulher para o parto, prevenindo traumas no períneo, levando a uma vivência menos dolorosa, resgatando a poesia do nascimento."
Segundo ela, os procedimentos fisioterápicos preconizam a participação da mulher em todo o processo de parto, com a livre escolha de posições durante as contrações.
O obstetra Artur Dzik, diretor da Sociedade Brasileira de Reprodução Humana, diz que o estudo é benfeito (prospectivo, randomizado e com um número significativo de voluntárias). "Tudo o que estimula responsavelmente o parto normal é bem-vindo num país com altíssima incidência de cesárea."

Para ele, o ponto principal do trabalho foi ter mostrado que o acompanhamento fisioterápico retarda a necessidade de analgesia, diminuindo o tempo do trabalho de parto.
Na opinião de Renato Kalil, ginecologista e obstetra da Maternidade São Luiz, o mérito do trabalho de Bio é ter "colocado no papel" a eficácia dos exercícios. "Minhas pacientes fazem isso há 22 anos, mas ainda são exceções. Na maioria dos hospitais, a grávida fica deitada esperando a hora da cesárea."
Ele pondera que o trabalho não consegue demonstrar de que forma ocorre o relaxamento provocado pelos exercícios. "Um médico adepto da cesárea diria que seria preciso medir os impulsos elétricos do músculo para comprovar o relaxamento. Mas, na prática, sabemos que a movimentação funciona."

Você também pode acessar esta reportagem pelo link: