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quinta-feira, 28 de junho de 2012

Reportagem da Revista - JORGE KHUN

A revista VEJA publicou sobre o Caso do Jorge Khun - obstetra de São Paulo que esta sendo processado por defender o Parto Domiciliar. É uma reportagem que expõe claramente os dados e posições sobre a cesárea e o parto normal. Além de toda a "mafia" de interesses que envolve a questão dos nascimentos no Brasil. Sem dúvida que vale a pena a leitura, que nos ajuda a esclarecer um pouco mais esta questão.


Obstetra Jorge Kuhn é processado por defender partos domiciliares

Em seu favor, cerca de 1.500 pessoas, a maioria gestantes e mães, organizaram uma passeata na Avenida Paulista

João Batista Jr. | 27/06/2012
O doutor Kuhn: cerca de 100 nascimentos realizados na residência de suas pacientes
O doutor Kuhn: cerca de 100 nascimentos realizados na residência de suas pacientes
Mario Rodrigues
“Minha vida virou de cabeça para baixo. Nunca pude imaginar que eu seria o motivo de uma passeata capaz de parar uma faixa de carros da Avenida Paulista.” Com um sorriso tímido como forma de conter o orgulho e a surpresa, o ginecologista e obstetra paulistano Jorge Kuhn, de 57 anos, tem tentado se acostumar à nova rotina de médico-celebridade. No domingo (17), cerca de 1.500 pessoas — a maioria gestantes e mães acompanhadas dos filhos — seguravam cartazes com a frase “I Love J.K.” e bradavam em alto e bom som slogans como “O Jorge Kuhn é meu amigo: mexeu com ele, mexeu comigo”. Algumas choraram ao cumprimentá-lo e, emocionadas, formaram filas para tirar uma foto ao seu lado.

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Curitiba, Salvador e Recife engrossaram o coro de outras capitais onde passeatas semelhantes tomaram as ruas. Todas as pessoas presentes marcharam com o mesmo propósito: enaltecer a conduta do profissional. Ele é um dos maiores defensores da tese de que as mulheres com uma gravidez tranquila e sem histórico de doenças como diabetes e hipertensão podem dar à luz em casa, sem a necessidade de correr para a maternidade. “A taxa de mortalidade nos partos domiciliares e nos realizados em hospitais é a mesma, em torno de 1,5%”, afirma Kuhn, citando um estudo publicado em 2009 pelo conceituado “British Journal of Obstetrics and Gynecology”. As conclusões foram baseadas na análise de cerca de 530.000 partos realizados na Holanda. Esse tipo de pesquisa, no entanto, é insuficiente para acabar com a polêmica que há em torno do assunto. Para muitos especialistas, aqui e fora do Brasil, a prática representa uma temeridade. “Ter filho em casa, sem estrutura, é coisa dos tempos da caverna”, diz Renato Kalil, um dos obstetras mais conhecidos de São Paulo. “O avanço da medicina não pode ser ignorado.”
Fábio Braga/Folhapress
Protesto: passeata organizada em sua defesa por mulheres na Avenida Paulista
Protesto: passeata organizada em sua defesa por mulheres na Avenida Paulista
O assunto alcançou uma repercussão inédita por aqui após uma entrevista concedida por Kuhn no dia 10 ao programa “Fantástico”, da Rede Globo, na qual defendeu sua causa. Incomodados com a história, representantes do Conselho Regional de Medicina do Estado do Rio de Janeiro (Cremerj) solicitaram à seccional de São Paulo, onde está registrado o diploma do médico, a abertura de uma investigação por desvio de conduta. “Ele foi antiético, pois sabe que essa prática põe em risco a saúde da mãe e do bebê”, acusa o obstetra Luis Fernando Moraes, conselheiro do Cremerj. Já há algum tempo, as principais entidades da classe no país vêm se posicionando claramente contra o procedimento.
Em sua carreira de 34 anos, Kuhn calcula ter realizado cerca de 100 partos domiciliares. “Nunca tive nenhum problema mais grave”, declara. Nessas ocasiões, cobra até 17.500 reais pelo trabalho e, entre outros cuidados, além de uma equipe médica formada por pelo menos três profissionais, seleciona residências localizadas a menos de vinte minutos de um hospital, deixando tudo preparado para uma eventual emergência. No entanto, ele diz que no fim do ano passado interrompeu a prática, para não sofrer represálias: “Realizo partos naturais, mas apenas em maternidades”.
Apesar disso, continua se posicionando com firmeza a favor de as gestantes terem o direito de decidir onde dar à luz. A consequência da postura será enfrentar agora um processo que, em caso de condenação, pode lhe render uma reprimenda pública ou, na hipótese mais drástica e um tanto quanto remota, a suspensão de sua licença.
Mario Rodrigues
Os administradores Mauricio Sartori e Tatiana Zambon, com a filha Nina: parto humanizado no São Luiz do Itaim
Os administradores Mauricio Sartori e Tatiana Zambon, com a filha Nina: parto humanizado no São Luiz do Itaim
Coordenador do departamento de obstetrícia da Universidade Federal de São Paulo (Unifesp) e com especialização em parto natural na Alemanha, Kuhn virou o símbolo na cidade da ala mais radical de especialistas que tentam combater a chamada “indústria da cesariana”. Do total de partos na capital, 53,9% são realizados por cirurgia, quase quatro vezes a média considerada ideal pela Organização Mundial de Saúde. Boa parte deles ocorre a pedido das gestantes, que preferem fugir das dores das contrações. Devido a fatores como a sua própria conveniência e a baixa remuneração dos planos de saúde — que pagam, em média, 500 reais por um parto, seja natural, seja cirúrgico —, muitos médicos não apenas aceitam o jogo como até incentivam o procedimento.
“Sou visceralmente contra isso, mas acho compreensível que muitos colegas evitem passar oito horas ao lado de uma mulher sentindo dores para receber tão pouco”, afirma o obstetra e ginecologista Carlos Eduardo Czeresnia, da clínica Célula Mater. Ele cobra 17.000 reais por parto, incluindo a equipe completa, e diz optar, sempre que possível, pelo procedimento natural. “Não considero absurda a ideia de as mulheres desejarem realizar o parto em casa, mas acho complicado pôr isso em prática numa cidade como São Paulo”, comenta. “Devido ao trânsito, há o risco de não conseguir chegar a tempo a um hospital no caso de uma emergência.”
A advogada Bruna Betoli quase passou por tal sufoco. Ela estava havia oito horas em trabalho de parto em sua casa, na Vila Formosa, Zona Leste, quando as duas obstetrizes disseram que sua filha precisaria do auxílio de um vácuo extrator, parecido com o fórceps, para nascer. Bruna saiu às pressas de carro rumo à unidade do Hospital São Luiz no Itaim Bibi, onde Lila, hoje com 1 ano e 8 meses, nasceria de parto normal com o auxílio de um médico. Grávida novamente, com quatro meses de gestação, quer tentar mais uma vez a experiência de dar à luz na sua residência. “Sonho em ter meu filho num ambiente íntimo”, explica. Algumas maternidades oferecem estrutura para partos humanizados, como salas com iluminação baixa, som ambiente e banheiras onde a paciente pode relaxar durante as contrações. Nina, de 9 meses, filha do casal de administradores Mauricio Sartori e Tatiana Zambon, veio ao mundo dessa forma, também no Hospital São Luiz. “Foi tudo muito tranquilo”, conta a mãe.
Mario Rodrigues
Bruna Betoli, grávida de quatro meses, e a filha Lila: corrida para o hospital após ter tentado o parto em casa
Bruna Betoli, grávida de quatro meses, e a filha Lila: corrida para o hospital após ter tentado o parto em casa
São mulheres como ela que engrossam a fileira que defende hoje o obstetra Jorge Kuhn da censura dos outros médicos. Não é a primeira briga que ele compra devido a suas convicções. Nas maternidades Santa Joana e Pro Matre, virou persona non grata e está descredenciado a trabalhar. “Eles incentivam o uso de anestesia em quase todos os procedimentos”, conta. “E eu discordo completamente disso.” Pai de três filhos (nascidos em partos normais) e casado com uma ginecologista e obstetra, o médico diz estar preocupado com o processo no conselho de ética. “Não posso ser penalizado por defender uma escolha que cabe às mulheres”, argumenta. “Elas, e não os médicos, têm o direito de protagonizar o próprio parto.” 

RAIO-X
O currículo do profissional que está no centro da discussão
■ Nome: Jorge Kuhn
■ Idade: 57 anos (nasceu pelo método fórceps no Hospital das Clínicas) 
■ Formação: medicina pela Universidade de Mogi das Cruzes e mestrado em obstetrícia pela Escola Paulista de Medicina 
■ Atuação: faz consultas particulares por 400 reais e gratuitas no Hospital Maternidade Leonor Mendes de Barros, no Belenzinho. É professor de obstetrícia na Unifesp 
■ Honorários: cobra 7.000 reais pelo parto humanizado. Se a paciente quiser toda a sua equipe, esse valor sobre para 17.500 
■ Número de partos realizados em casa e no hospital: 10.000 (10% foram cesarianas) 


Nascimento com hora marcada 
As cesarianas ocorrem numa proporção quatro vezes superior à considerada ideal pela Organização Mundial de Saúde
176.464 partos foram realizados em São Paulo em 2011 
95.235 foram cesarianas (53,9% — a Organização Mundial de Saúde considera apenas 15% o ideal) 
80.195 foram naturais em hospital (45,4%)
643 foram naturais em domicílio (0,36%)
O que são Tags?Tags: Jorge Kuhn, perfil, obstetra, 2275, médico, partos domiciliares
Postado por Gleise Piva às 08:43 Nenhum comentário:

terça-feira, 21 de fevereiro de 2012

Encontro de Assistência Humanizada ao Parto e Nascimento

Pessoal, convido vocês para um evento com pessoas muito especiais no mundo dos partos humanizados. São profissionais de ponta compartilhando suas experiências e ampliando nossas informações. O público alvo são todas as pessoas envolvidas ou interessadas no assunto "uma nova forma de nascer".


Postado por Gleise Piva às 16:29 Nenhum comentário:

terça-feira, 24 de janeiro de 2012

Retorno com Coragem

Depois de 1 ano e 9 meses sem escrever neste blog resolvi voltar. Eu precisava de um tempo para me organizar. Fiquei longe, organizando as coisas - mais internas do que externas. Nunca fiquei completamente distante por que minhas entranhas nunca me deixaram, mas precisava preservar-me no me espaço, me organizando. Organizei o coração e a cabeça. Organizei os planos e os projetos. Eu dizia que não dava tempo, mas na verdade, era eu quem precisava de tempo. Tempo e coragem, talvez tempo para ter coragem. E a coragem ensaiava a chegar, mas ainda tímida, se afastava e se recolhia. E com a pouca coragem, diversas vezes ensaiei esta volta, mas ouso dizer que só agora a coragem chegou verdadeiramente. E aqui estou com coragem para continuar nessa busca! 

Falando em coragem. Compartilho um texto sobre coragem, publicado no Jornal Ipanema de 21.01.2012.

Coragem de ter Coragem

"Precisamos aprender a ter "coragem de ter coragem", de lutar verdadeiramente por nossa felicidade e , em especial, por nossa qualidade de vida. Deixamos de viver o hoje, o agora, nos preocupando com os julgamentos e, no entanto, esses mesmos julgamentos aconteceriam e/ou acontecem de uma forma ou de outra. 

É preciso ter "coragem para ter coragem" de sermos quem realmente somos, de sermos "o que acreditamos" ser realmente o melhor para nós, que pode, segundo o que acreditamos, nos trazer qualidade de vida, felicidade. 

Para isso precisamos aprender a ter coragem de romper com formas "cristalizadas" de pensar o que é certo, isso considerando que princípio é princípio, disso nem que queiramos conseguimos facilmente nos desfazer e acredito nem seja o ideal mesmo, pois é o que pode nos dar um norte para fazermos o que precisamos de forma mais "responsável" o possível. É preciso ter coragem de rever conceitos, reavaliá-los, desconstruir alguns, recriar outros e criar alguns de forma muito única, própria e , em especial autêntica, no sentido de legitimidade, veracidade, ou seja, o mais verdadeiro possível consigo mesmo. Para isso penso que é importante rever nossas vivências e confrontá-las com nossos conceitos aprendidos em nossa cultura, que mais  que de país de origem, nossa cultura "regional" e familiar. 

É preciso que aprendamos a ter coragem de arcar com as consequências que nossa "coragem" trará, por que, infelizmente, a humanidade como um todo tem dificuldade de lidar com tudo que se apresente fora do "padrão" preconizado, estabelecido como o melhor!

Assim a probabilidade de "acertarmos" com o que as pessoas "julgarão" que é mais certo, melhor é, na maioria das vezes, pequena. Então voltamos a colocar: é preciso ter coragem de ter coragem" de acreditar que temos discernimento, capacidade suficiente de entender o que é melhor para nós, precisamos é "potencializar" essa capacidade.

As diferentes formas de agir são importantes até para que cresçamos e tenhamos parâmetros para nos referenciar do que realmente sentimos, pensamos, desejamos e podemos realizar. Ter coragem de ver "cara feia", ouvir "burburinhos", faz parte de nosso amadurecimento emocional de lutar pelo que realmente pode nos fazer bem, trazer qualidade de vida. 

Compreensível que na teoria seja mais fácil, porém "quem disse" que viver era fácil? Não que seja difícil, mas com certeza dá trabalho e isso, por vezes faz com que fiquemos numa "área de conforto" e só nos incomodando quando a mesma vida nos prega uma peça, uma doença, uma perda que nos machuca muito. Enfim, que possamos aprender a aprender ter coragem de olhar para o que precisamos antes que sejamos obrigados a olhar por estarmos de certa forma impedidos de fazê-los ou então impedidos de mudar o rumo de nossas vidas." - Osimeire Tobias Mendes (Psicóloga Clínica e Terapeuta Sexual

Hoje, com muito mais coragem, volto para lutar pelo direito de todas as crianças a escolha da sua hora de nascer, e poder nascer de maneira mais amorosa, podendo ser recebida dignamente por este mundo, sem hostilidades longo no primeiro momento de vida fora do útero. Direito ao aconchego  do colo materno e paterno no primeiro minuto de nascimento. Direito de ter uma mãe realizada por que teve suas escolhas preservadas e agora pode estar mais presente para cuidar do recém chegado bebê.

Agora que voltei, meu objetivo é escrever uma vez por semana neste blog e poder assim compartilhar tantas outras histórias sobre nascimentos meus e de outros, partos, pré-partos, pós-partos... entre outras coisas. 

Obrigada por terem esperado meu tempo e minha coragem!
Postado por Gleise Piva às 07:40 Nenhum comentário:
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Parto de gente


Parto de Gente

Parto de Gente é um programa de atendimento e orientação a mulheres (e homens) gestantes ou durante o período de parto e/ou pós-parto, seja pelo atendimento psicológico, aulas de yoga para gestante, massagens em bebes e, principalmente, por meio do atendimento de uma Doula.

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