sexta-feira, 2 de outubro de 2009

Exposição de Fotos - Parto com Prazer

O fotógrafo Marcelo Min vem fotografando, nos últimos anos, vários partos "conscientes", partos que podem ser mais ou menos dolorosos, caseiros ou hospitalares, com médicos ou com parteiras, mas que, sobretudo, são conduzidos por mães que sabem o que e porque querem.
Hoje será a abertura de uma exposição na Unicamp, com fotos de vários partos que o Marcelo acompanhou. As fotos são lindas e emocionantes (um dos partos da exposição eu acompanhei e quase apareço em uma foto).
Veja o relato abaixo e o link para as fotos da exposição (que estará aberta ao público de 02 a 30 de outubro). O texto é da jornalista Luciana Benatti.

Se no parto há um desafio, é fazer com ele nos pertença. Que o primeiro instante da vida dos nossos filhos tenha a marca de nossa singularidade. Que eles não sejam arrancados de nós pela lógica do quanto mais rápido e indolor, melhor. Não somos um um colo que dilata, uma bolsa que rompe, um útero em contração. Somos essa vida que gerou outra vida. Cuja única possibilidade de imortalidade é dar à luz um novo ser.

Como a vida, o parto é caos, é dissonância. O que nos faz extraordinárias é justamente o fato de termos um ritmo próprio, que varia imensamente de mulher para mulher. Mas ao construir um parto aprisionado em protocolos médicos, que nega o nosso protagonismo, perdemos aquilo que nos humaniza. Se permitimos que nos roubem nossa consciência de que somos capazes de parir, nos deixamos reduzir a um corpo defeituoso, que se contorce em dores e é incapaz de se abrir para dar passagem aos nossos filhos. Abdicamos da marca humana. E assim, morremos enquanto mulheres.

Andréia, Denise, Erika, Eva, Ilka, Isadora, Josy e Vanessa, que souberam viver de forma prazerosa e singular a experiência de parir, não são diferentes de mim, nem de você. Cada uma a seu modo, em casa, no hospital ou na casa de parto, trilharam aquele que deveria ser um caminho disponível a todas as mulheres. Em sua busca, informaram-se e procurarm apoio em profissionais que acreditavam que elas seriam capazes. Por isso, mantiveram-se inteiras, com a consciência da vida vivida, num corpo que se preparava para a chegada de um filho. Pariram intensamente.

Marcelo Min, o autor destas fotos, descobriu no nascimento de seu filho Arthur, no final de 2007, que nem só de momentos árduos se faz um parto. A dor é um elemento sempre presente, constatou, mas não o único. Nem o mais importante. Confiança e medo, alegria e mau humor, energia e cansaço se alternam, se fundem e transbordam numa experiência emocionante e para sempre lembrada como prazerosa. É livre a mulher que contempla a travessia do parto não atenta a suas dores, mas apaziguada pela certeza de viver um momento único.

Cada um destes retratos é uma janela para o renascimento de alguém como mãe. Para a grandeza de maridos que as apoiaram e estiveram ao seu lado nessa busca. Para a generosidade do profissional que aprendeu a aceitar seus limites, respeitar a natureza do corpo feminino e intervir apenas quando necessário.

Estas imagens ganharão um sentido para cada um. A mim, elas mostraram como é possível unir duas palavras que a sociedade moderna teima em querer separar: parto e prazer.

Para ver todas as fotos que fazem parte da exposição Parto com Prazer, clique aqui.


Nenhum comentário:

Postar um comentário