sexta-feira, 13 de fevereiro de 2009

Será que atrasar o Corte do Cordão Umbilical é Saudável?

Mais uma controvérsia de procedimentos que envolvem os primeiros momentos de vida dos bebês. Mais uma questão que devemo conversar com os médicos que nos acompanham no momento de parto. Mais um quesito para o nosso plano de parto. A Folha de São Paulo publicou uma reportagem sobre o Corte do Cordão umbilical.
Será que é mais saudável para o bebê que o cordão seja cortado assim que os bebês nascem ou será que é mais saudável que se aguarde por um ou mais minutos? Eduardo Knapp e Flávia Mantovanida comentam o assunto.
"Atrasar corte do cordão previne anemia em bebês Estudo diz que demorar 1 minuto aumenta estoque de ferro e não leva a icterícia.
Médicos contrários à espera dizem que o fato de o bebê receber mais sangue aumenta o risco de excesso de glóbulos vermelhos."
Eduardo Knapp
Folha Imagem
"Bebê no berçário do Hospital e Maternidade Interlagos, que permite que os médicos decidam quando cortar o cordão umblical
Cortar o cordão umbilical assim que o bebê nasce é a conduta mais adotada na maioria das maternidades do país. Mas novos estudos sugerem que esperar um pouco pode aumentar os estoques de ferro e prevenir anemia nos recém-nascidos.
Pesquisa publicada nos "Cadernos de Saúde Pública", da Fiocruz (Fundação Oswaldo Cruz), comprovou o benefício. Foram acompanhados 224 partos: em 109 deles, foi feito o clampeamento (corte) imediato; em 115, esperou-se um minuto. Três meses após o parto, os bebês submetidos ao corte tardio tiveram um nível maior de ferritina (indicador da quantidade de ferro).
Isso ocorre porque, quando o cordão não é cortado imediatamente, o bebê recebe mais sangue da mãe. "Trata-se de uma das estratégias da Organização Mundial da Saúde para prevenir a anemia, um problema grande no primeiro ano de vida", diz a pediatra Jucille Meneses, vice-presidente do departamento científico de neonatologia da SBP (Sociedade Brasileira de Pediatria).Em 2007, uma revisão de estudos publicada no "Jama" (periódico da associação médica americana) concluiu que o corte tardio é melhor para o bebê.
Segundo a autora do estudo brasileiro, a pediatra Sônia Venâncio, do Instituto de Saúde da Secretaria de Estado da Saúde de São Paulo, trata-se do primeiro trabalho nacional a fazer essa comparação. "Havia referências internacionais e quis ver se achávamos os mesmos resultados aqui", diz ela, que agora consolida os dados dos bebês aos seis meses.Venâncio optou pelo tempo de um minuto para conseguir a adesão da equipe da maternidade. "Mesmo com essa intervenção menos radical houve diferença no estoque de ferro."
Polêmica
A questão, porém, não é consensual. Especialistas afirmam que o fato de o bebê receber mais sangue aumenta o risco de ele ter policitemia (excesso de glóbulos vermelhos) e icterícia (coloração amarela gerada por excesso de bilirrubina) .
Para Eduardo Cordioli, obstetra e coordenador médico da maternidade do hospital Albert Einstein, o corte precoce é mais seguro. "Quando o bebê recebe muito sangue, não dá conta. Vários trabalhos mostram que ele precisa fazer mais fototerapia [para icterícia]. Acho perigoso abrir mão da segurança."Ele diz que o tema é controverso. "A gente deixa alguns segundos, limpa, corta com calma. Acho saudável esperar um pouco, mas com bom senso."
No estudo de Venâncio, não houve diferença significativa no índice de problemas como icterícia entre os dois grupos. Para a pediatra Ana Lúcia Goulart, chefe da disciplina de pediatria neonatal da Unifesp (Universidade Federal de São Paulo), a intervenção é pouco efetiva. "O aporte maior de ferro é feito na gestação. A espera para clampear aumenta muito pouco a reserva do mineral."Ela diz que a maior diferença seria para crianças prematuras, que, como precisam de cuidados imediatos, não deveriam receber o corte precoce. Meneses, da SBP, discorda e diz que, segundo estudos, o corte tardio reduz a necessidade de transfusões sanguíneas e o risco de hemorragias intracranianas em prematuros.
Para Meneses, a regra deveria ser o corte tardio, com algumas ressalvas. A SBP ainda não tem orientação sobre o tema."
Flávia Mantovanida
Reportagem Local
http://www1. folha.uol. com.br/fsp/ saude/sd10022009 01.htm

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